Portugal – mais ‘choque de gestão’ para 2011

Vem mais aperto por aí em Portugal.

Deu no Diário de Notícias (pt) de hoje: “Governo admite que são incontornáveis mais medidas do lado da receita em 2011. Corte nas deduções como inevitável. Carga fiscal vai subir.” (DN Economia)

Conforme a notícia, vem aí um provável aumento de impostos e um enxugamento das despesas, cujo objetivo principal é o de reduzir o déficit dos atuais 7,3% do PIB para 4,6% para o próximo ano, representando assim uma economia de 4,5 bilhões de euros no orçamento português.

Vai sobrar – ou melhor, falta, como de costume – para a saúde e para a educação. Além disso, atendendo reivindicações dos partidos à direita, haverá cortes nos “organismos do Estado”.

Aliado a esse pacote de austeridade, está a política de privatizações do governo português – bem ao estilo “choque de gestão” do PSDB paulista – que pretende liquidar as empresas estatais, incluindo aí aquelas que prestam serviços de indiscutível valor estratégico e social, como a de abastecimento de água, e mesmo às lucrativas, como a CTT (correios).

Apertando-se aqui e ali, pretende-se reduzir o já citado déficit, além de sinalizar para o mau-humorado mercado que o governo manterá, intocável, a sanha por lucros dos apostadores internacionais.

Não à toa, a seção de economia do também português Jornal de Notícias publicou hoje que os juros pagos pelo governo aos investidores internacionais que compram papéis da dívida portuguesa bateram o recorde histórico, chegando à 6,5%.

Esse mau humor do mercado, aliás, já foi manifestado outras vezes contra Portugal, como no rebaixamento do rating da dívida portuguesa de Aa2 para A1 feita pela Moody’s, em resposta a “fraca força financeira do Governo português”(Esquerda.Net), não obstante o pacote de ajuda governamental de 20 bilhões de euros para o socorro aos bancos no auge da crise em 2008.

Enquanto o governo mantém intacta a “bolsa-aposta” para os sagazes investidores do mercado, as grandes empresas portuguesas também comemoram: os quatro maiores bancos do país obtiveram o melhor resultado financeiro desde o início da crise, ao passo que passaram a pagar aos cofres portugueses, em impostos, 40% menos (leia aqui e aqui). Além disso, empresas de energia já haviam noticiado seus lucros recordes (leia aqui).

A opção do governo português para enfrentar a crise é clara: poupa os bancos e os apostadores do mercado, enquanto o esforço de austeridade penaliza a sociedade e os mais pobres. Conforme palavras do líder parlamentar do Bloco de Esquerda português, José Manuel Pureza: “A verdadeira asfixia democrática do país é a exclusão dos pobres tornada em inevitabilidade orçamental. Não há palavras que disfarcem as escolhas fundas a este propósito.”

 


Redação

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