De O Globo.com
Piora de cena externa puxa juros futuros para baixo na BM&F
O ajuste de alta ficou restrito ao pregão de sexta-feira. Hoje, os contratos de juros futuros devolveram boa parte dos prêmios acumulados e tal movimentação teve respaldo na piora de cenário externo.
Sem pregão em Nova York por conta do feriado, as atenções ficaram voltadas à Europa, onde o dia foi negativo com quedas acentuadas nas bolsas e nas ações do setor financeiro. O que subiu foram os seguros contra calote e as taxas pagas pelos governos para se financiar.
Tal ambiente está alinhado com a avaliação de piora adicional de cena externa, apontada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) como uma das justificativas para o corte da Selic em meio ponto percentual na semana passada.
Saindo do dia a dia, o sócio da Platina Investimentos, Marco Franklin, acredita que o mercado ainda não está dando o crédito merecido ao governo, principalmente quando se trata da execução da política fiscal.
Segundo o especialista, o histórico recente mostra coerência entre o que o governo disse que iria fazer e o que, de fato, foi entregue. O primeiro exemplo é o salário mínimo deste ano. Duvidava-se de ajuste real zero, algo que se confirmou. Depois, veio o pacote fiscal de R$ 50 bilhões. De acordo com Franklin, também se duvidou disso, mas o governo está entregando essa redução de gastos, além de acenar o cumprimento da meta cheia de superávit fiscal.
Mais um exemplo positivo vem das medidas macroprudenciais, vistas com ceticismo no começo, mas que começam a mostrar efeito sobre a evolução do crédito.
“Dada essa postura fiscal recente, me parece que o governo não está recebendo o crédito merecido por parte do mercado”, diz Franklin.
De fato, diz o especialista, sempre que se discutiu política econômica no Brasil a crítica corriqueira era de que a política monetária era sobrecarregada justamente pela política fiscal ser muito frouxa.
“Agora que o governo acena que vai mudar esse mix, apertando mais o parafuso fiscal para afrouxar a política monetária, o mercado também reclama”, diz Franklin.
A condução da política econômica ganhou maior destaque após a decisão do Copom na semana passada. E mais uma capítulo dessa polêmica decisão tomará lugar na quinta-feira, com a divulgação da ata da reunião.
Franklin também refuta a tese de que faltou melhor sinalização por parte do BC antes de mudar o rumo da política monetária. O especialista lembra que em entrevista duas semanas antes da decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, foi claro ao avaliar a complexidade do quadro externo e indicar que isso seria levado em consideração pelo Copom.
Veja a variação dos principais contratos antes do ajuste final de posições na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF):
Até as 16h10, foram negociados 800.804 contratos, equivalentes a R$ 71,55 bilhões (US$ 43,78 bilhões), cerca de metade do registrado no pregão anterior e menor giro em duas semanas. O vencimento janeiro de 2012 foi o mais negociado, com 218.030 contratos, equivalentes a R$ 21,05 bilhões (US$ 12,88 bilhões).
Dentro do Focus, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o fim do ano subiu de 6,31% para 6,38%. Piora também na mediana para 2012, que saiu de 5,20% para 5,32%.
Em 12 meses, a inflação projetada subiu de 5,47% para 5,53%. Dentro do Top Five, grupo que mais acerta, o comportamento foi outro. O IPCA para o ano cedeu de 6,34% para 6,30%. E o prognóstico para 2012 teve queda marginal de 0,01 ponto, para 5,09%.
Com o corte de juro da semana passada, não causa espanto as revisões para a taxa Selic. O esperado para 2011 saiu de 12,50% para 12,38%, e o juro para 2012 caiu de 12,38% para 11,88%.
O crescimento do PIB foi colocado para baixo, de 3,79% para 3,67% agora em 2011. Para 2012, a mediana cedeu de 3,90% para 3,84%.
(Eduardo Campos | Valor)
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