Sobre os modelos de desenvolvimento

(Comentário ao post Exportações de manufaturados : um enigma a desvendar) 

Gunter,

Acredito que a discussão principal é entre dois modelos de desenvolvimento, o asiático, baseado em manufaturas com uso de mão de obra intensiva e o americano / europeu, baseado em inovações , em criar e desenvolver aquilo que será fabricado na China.

Não acho que o certo seja escolher entre um e outro, tantos os americanos como os europeus tiveram uma fase industrialista que evoluiu para uma fase de serviços e conhecimento, terceirizando a manufatura. E esta fase serviu para desenvolver grandes corporações internacionais que hoje desenvolvem seus produtos em seus países sede e os fabricam nos países asiáticos.

Hoje o Brasil esta em um processo de consolidação e criação dessas “grandes corporações”, com auxilio do BNDES, e para que esse processo seja completado são necessários fatores que impeçam os produtos chineses de acabar com o processo antes de ele terminar, substituindo manufaturas de empresas brasileiras por manufaturas chinesas ou de corporações internacionais com fábrica na China porém controladas a partir do ocidente.

JahaJa há um movimento de empresas brasileiras no sentido de transferir suas fábricas para a China, porém nem todas tem poder de fogo para fazer isso e manter o controle sobre a empresa no país, garantindo que os melhores empregos fiquem aqui.

Portanto, como entramos meio atrasados nesse jogo, acredito que a solução para nós seria um meio termo, que não descuidasse da indústria , e permitisse seu desenvolvimento e ganho de musculatura para competir internacionalmente, e ao mesmo tempo um incentivo muito grande para que essas empresas invistam em inovação , criando empregos melhores no país.

Nesse sentido, o câmbio pode não ser o fator preponderante, porém é importantíssimo quando levamos em conta a estratégia chinesa baseada em câmbio desvalorizado artificialmente e mão de obra barata. Assim, não podemos deixar que o câmbio se valoriza mais no Brasil, e na minha opinião devemos buscar uma posição do câmbio mais desvalorizada , perto de R$ 2,00.

Completando o raciocínio, é fato que empresas como a Vale ( exportadoras maciças de produtos básicos ) não geram muita inovação, e assim não criam tantos empregos bons, pois o foco é na maior quantidade possivel de minério explorado pelo menor custo, contratando assim serviços terceirizados no mercado internacional que ja entram com toda a tecnologia, ficando os empregos da “era do conhecimento” em seus países de origem.

A Petrobras nesse contexto de exploração de produtos básicos é uma exceção no país, pois investe pesado em tecnologia de extração, não tanto por escolha própria, mas porque foi forçada a fazê-lo, visto que o petróleo brasileiro esta em águas profundas, e quando começaram a ser encontradas essas jazidas, não existia no mundo a tecnologia, e a empresa foi forçada a desenvolvê-la, o que aliás foi muito bom para o país, e traz frutos até hoje, pois a empresa criou uma cultura de inovação rara em empresas brasileiras.

Luis Nassif

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