Do Estadão
Prioridade do BC é o combate à inflação, diz Tombini
Em entrevista ao “The Wall Street Journal”, Tombini descarta uso do câmbio para ajudara conter a alta dos preços
A prioridade do Banco Central (BC) é combater a inflação, e não estimular o crescimento da economia. A afirmação é do presidente da instituição, Alexandre Tombini, em entrevista ao The Wall Street Journal.
Tombini estános Estados Unidos para participar de reuniões com investidores. A agenda do presidente do BC previa uma visita à redação do jornal americano no sábado.
Hoje, além de encontrar investidores, ele vai se reunir com o presidente e o vice-presidente executivo do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de Nova York, William Dudley e Terrence Checki, respectivamente.
Para muitos analistas, as políticas destinadas a estimular a economia e a conter a inflação criaram uma confusão no mercado, levando o real a oscilar fortemente nos últimos meses – da faixa de R$ 2 para R$ 2,12 em novembro passado, e, mais recentemente, para R$ 1,95.
“A nossa meta é a inflação, então temos de ajustar e calibrar as nossas políticas para cumprir as metas”, disse Tombini. “O crescimento não é uma meta para o Banco Central.”
O presidente da instituição também falou sobre a inflação, que nos 12 meses encerrados em janeiro chegou a 6,15%. O teto da meta estabelecida para o governo é de 6,50%.
“A inflação nos últimos meses mostrou mais resiliência do que gostaríamos que mostrasse”, afirmou. “Nós estamos de olho nesses desdobramentos.” Tombini afirmou que a inflação continuou teimosamente elevada por causa da elevação dos preços dos alimentos no ano passado e da acentuada desvalorização do real, que perdeu 10% ante o dólar em 2012. Ele acrescentou que não espera que a moeda repita tal desempenho neste ano. “Eu não vejo o mercado conduzindo o real nessa direção.”
Nas últimas semanas, parte dos investidores passou a apostar em elevações da taxa básica de juros (Selic) em 2013 justamente para deter a alta dos preços. Na terça e quarta-feira da semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne pela segunda vez no ano. Em janeiro, manteve a Selic inalterada em 7,25% ao ano, menor nível da história. Alguns poucos avaliamque uma alta poderá ocorrer já na semana que vem.
Em relação à chamada “guerra cambial”, Tombini declarou que o Brasil tem problemas mais urgentes do que conter os fluxos de capital resultantes do afrouxamento das políticas monetárias em outros lugares. “Eu não acho que essa seja uma guerra para o Brasil lutar no momento”, disse.
O BC fez intervenções de mercadopara manter o dólar entre R$ 2 e R$ 2,10 durante boa parte da segunda metade de 2012. A queda recente da moeda americana levou alguns investidores a especular se o BC estaria usando o câmbio como ferramenta para ajudar a economia ase recuperar e para combater ainflação, o que foi descartado por Tombini.
“O câmbio não é instrumento nem para combater a inflação nempara sustentar o crescimento econômico.”
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