721 detentos morreram no Estado de SP em um ano e meio

Da Ponte

Em um ano e meio, 721 detentos morreram no Estado de São Paulo
 
Luís Adorno

Entre janeiro de 2014 e junho de 2015, 721 pessoas morreram dentro das 163 penitenciárias de São Paulo, de acordo com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária). Ao todo, o Estado tem 224.965 presos atualmente. Os dados foram obtidos pela reportagem daPonte Jornalismo através da LAI (Lei de Acesso à Informação).

Ao longo de 2014, 450 presos tiveram morte natural; 12 foram vítimas de homicídio; e 20 se suicidaram. Assim, ao todo, 482 pessoas morreram nas unidades prisionais do Estado no ano retrasado. Já no primeiro semestre do ano passado, 211 tiveram morte natural; 19 se mataram; e 9 foram vítimas de homicídio. Totalizando, assim, 239 óbitos. A SAP informou à reportagem que não compilou os dados do segundo semestre de 2015.

A Secretaria da Administração Penitenciária soube precisar onde morreram 91 presos dentro das unidades prisionais do Estado: 59 dentro das celas, 31 nas enfermarias e 1 no pátio, durante banho de sol.

1 ano, 6 meses e 17 dias para responder

Este pedido, via LAI (Lei de Acesso à Informação), foi feito à SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) de São Paulo, que tem a frente — e desde março de 2009 –, Lourival Gomes, em 6 de agosto de 2014. 1 ano, seis meses e 17 dias foi o tempo que a SAP demorou para enviar à reportagem uma resposta para o seguinte pedido: “Solicito o número de pessoas mortas dentro das penitenciárias do Estado de São Paulo este ano e no ano passado”.

Em São Paulo, é assim: os dados da Segurança Pública são encarceirados; clique e leia sobre

Antes disso, três recursos foram indeferidos. Em todas as respostas negadas à reportagem, a secretaria argumentava que estava levantando os dados solicitados. Em 29 de julho de 2015, o Ouvidor Geral do Estado de São Paulo, Gustavo Ungaro, determinou que a SAP deveria enviar a resposta ao pedido imediatamente: “A Pasta deve cumprir de maneira imediata o que fora determinado na r.decisão, comunicando a esta Ouvidoria Geral do Estado o efetivo cumprimento”.

A resposta só chegou em 23 de fevereiro de 2016. E com uma desculpa. “O protocolo não aparece no meu aplicativo, assim, tinha o mesmo como respondido. Desculpe. Esta Secretaria tem recebido inúmeros pedidos formulados pelos cidadãos, com base na lei de acesso à informação, atendendo a todos eles, sem excepção”, diz a SAP.

Decisão do Ouvidor Geral do Estado, Gustavo Ungaro, em 29 de julho de 2015

Decisão do Ouvidor Geral do Estado, Gustavo Ungaro, em 29 de julho de 2015

“Entretanto, em seu pedido, visando a obtenção de dados acerca da quantidade de óbitos ocorridos no sistema penitenciário paulista, nos exercícios de 2013 e 2014, não logramos atender, tendo em vista que esta Secretaria de Estado passou a compilar dados dessa natureza a partir de janeiro de 2014, com a finalidade especifica de compor banco de dados estatísticos”, justifica.

“Assim, apresento resultados obtidos com base nas informações aferidas junto aos 163 (cento e sessenta e três) estabelecimentos penais que integram esta Pasta, os quais reportam aos períodos de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2014 e de 1º de janeiro a 30 de junho de 2015. O período de 01 de julho a 31/12/2015 será divulgado assim que encerrar a compilação dos dados, junto às 163 (cento e sessenta e três) Unidades Prisionais”, complementa, em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária.

 

Redação

5 Comentários

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  1. O problema principa

    O problema principal é que se formou no Brasil uma classe média burra que acho isso normal ou diz que deveria ter morrido mais, como se alguém estivesse operando uma faxina. Ledo engano, já que a situação da segurança pública persiste há décadas e, pelo jeito, vai continuar como está.

  2. 721 detentos morreram no Estado de SP em um ano e meio

    As instituições brasileiras (e o funcionalismo público em geral) ainda não perceberam, ou não admitem a possibilidade de serem tratados como tal, que são EMPREGADOS da nação. Por isso lhe devem respeito e acesso a tudo o que é feito por eles e nessas instituições. Essa atitude de posar de “delegado” de “doutor” e de “sabe com quem está falando?” não vai ajudar essas insittuições a desenvolver um trabalho que contribua com a melhoria da cidadania, são atitudes herdadas de ditadores de plantão e de um tempo em que não havia INTERNET. 

    Os números dão uma dimensão do que é o sistema penitenciário (algo que está em extinção no primeiro mundo) mas que no Brasil é visto como “solução” pra violência. Violència que nunca foi a CAUSA mas CONSEQUÊNCIA  de uma sociedade que há muito tempo se esforça em destruir o futuro de seus filhos, criando essas aberrações indizíveis que lotam as penitenciárias de todo o país.

     

  3. QUANDO DISSE QUE BESTA CHEGARIA AO CIDADÃO COMUM, INÍCIO…

    De hoje em diante comecem a ligar uma coisa à outra… Pessoas serão presas, outras sumirão e outras tantas assassinadas com ou sem motivo. A repressão mostra sua cara, já estão nas penitenciárias, se somar os suicídios e outras mortes que não sejam naturais já somam mais de dez por cento. Porém a estatística não aponta mortes e desaparecidos oriundos da perseguição ideológica. A justiça já governa o BRASIL e seus tentáculo MP e Polícia já executam ordens ou não extremamente persecutórias, não podemos mais esconder isso da população, se a justiça se aliou a grande mídia e apoderou desse canal, o povo precisa saber por outras formas de comunicação. O BRASIL JÁ VIVE O CLIMA DE TERROR DAS DITADURAS. E essa é muito mais perigosa, como disse outro grande brasileiro.

  4. O tempo das prisões de

    O tempo das prisões de “Segurança máxima” no Brasil, NEM CHEGOU e já passou..

    A gravidade da situação exige uma nova concepção: PRISÃO DE RECUPERAÇÃO MÁXIMA!

    O passivo de violência é tanto, e a incompetência é tamanha, que o estado entendeu que o assassinato inercial é a melhor opção!

    1. Mas você combinou com os presos?

      Então, a prisão será de RECUPERAÇÃO MÁXIMA. Muito bem! Mas… você combinou antes com os presos deles desejarem ser recuperados?

      O preso é dono de sua consciência individual, e como tal, só pode ser recuperado se o desejar. Se ele não quer, o Estado não pode ser responsabilizado.

      A tipificação do preso como um doente a ser recuperado, como se prisão fosse sanatório, parte de uma visão rosseaunica, que acredita que o ser humano nasce bom e só se torna bandido se tangido por condições incontornáveis. Sinto saudades dos tempos do Lúcio Flávio, o último marginal romântico, que dizia com todas as letras que era bandido porque gostava de sê-lo. A verdade é que a grande maioria da população carcerária brasileira não é constituída por sociopatas, indivíduos que requerem um acompanhamento psicológico, mas por criminosos profissionais, indivíduos que entraram para o crime porque concluíram que é compensador, uma vez que provê ganhos maiores que um empreguinho qualquer e razoáveis chances de impunidade. Esse pessoal não tem nenhuma intenção de abandonar a vida de crime.

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