A campanha contra a prostituição na Europa

Sugerido por Marcos Chiapas

Nassif, seguindo na linha contrária aqueles que tentam vender a idéia que a legalização e a aceitação da atividade de prostituição é um fato consumado em outros países, segue um texto e um vídeo veículado na Europa da campanha Por uma Europa Livre da Prostituição

Da Plataforma Portuguesa pelos Direitos das Mulheres

Juntos por uma Europa livre de prostituição

“Se eu tivesse que ter relações sexuais dez vezes por dia com desconhecidos para poder ganhar a vida, a partir de que vez me sentiria agoniada? Por certo, logo a partir da primeira vez!”, conclui a voz no fim do vídeo provocador lançado pelo Lobby Europeu de Mulheres (LEM). Este vídeo é parte integrante da campanha do LEM para acabar com a prostituição na Europa; é nosso entender que a prostituição é uma forma de violência contra as mulheres. Veja em portugês no site da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres: http://plataformamulheres.org.pt/?p=1062

O vídeo, de um minuto, é obra da realizadora francesa, Frédérique Pollet Rouyet e do realizador belga, Patric Jean, autores do documentário “La domination masculine” muito apreciado pel@scritic@s. No vídeo, um fluxo constante de mulheres visita um jovem prostituto, deixando dinheiro em cima da mesa em troca da sua submissão aos desejos sexuais das mulheres. “Estamos a apelar para um momento de reflexão e de empatia” diz Patric Jean. “Estamos a pedir @s espectadores que se imaginem a si própri@s no lugar duma pessoa que se prostituí, ficando com o sentimento de estar a arrendar o seu próprio corpo e a sua própria sexualidade em troca de dinheiro. Se face a esta realidade evidente da prostituição, se sentirem desconfortáveis ou ainda pior, devem tomar uma posição em seu desfavor, manifestando-se contra.”

A campanha do LEM, intitulada “Junt@s por uma Europa livre da prostituição”, apela às pessoas, aos governos nacionais e à União Europeia que tomem medidas concretas visando o termo da tolerância social generalizada da exploração sexual e económica das pessoas que se prostituiem e que são, na sua maioria, mulheres. “Na óptica dos membros do Lobby Europeu de Mulheres, o sistema da prostituição representa o acentuar das desigualdades, onde a violência e a opressão são mal disfarçadas pela imagem de igualdade que possa ocorrer numa troca comercial” diz Rada Boric, membro de Executivo do LEM, uma organização que representa mais de 2500 associações de mulheres em 30 países.

Associações que trabalham com mulheres que se prostituem e sobreviventes do sistema da prostituição partilham a opinião e referem que a desigualdade estrutural entre mulheres e homens é a razão basilar da prostituição. “A sociedade tem a obrigação de encontrar alternativas para todas as mulheres, possibilitando-lhes uma vivência digna e evitando a sua queda na prostituição,” insiste Pascale Rouges, uma sobrevivente da Bélgica.

Uma série de relatórios oficiais e de estudos académicos sustentam esta áspera avaliação. Segundo os Serviços Internos da Grã-bretanha, cerca de 95% das mulheres que se prostituem na rua são consumidoras de droga. Nove em cada dez mulheres que se prostituem querem sair da prostituição mas sentem-se incapazes de o fazer[1]. Na Holanda, onde o lado da procura foi descriminalizado em 2000, em 2008, cerca de 90% das mulheres que trabalham em bordeis eram vítimas de tráfico de seres humanos[2]. Um estudo internacional revelou que 62% das mulheres na prostituição relataram terem sido violadas e 68% destas apresentam sintomas de stress pós-traumático na mesma ordem que vítimas de tortura[3].

“Estou muito satisfeito que o LEM tenha tido a coragem e a previdência para dar início a uma campanha desta natureza”, disse Sr. Proinsias de Rossa, Deputado do Parlamento Europeu. “Está na hora de abrirmos os olhos para a realidade da prostituição nas nossas sociedades e para a sua incompatibilidade absoluta com os valores da igualdade de género e da dignidade humana, valores esses que a União Europeia defende e aos quais se encontra legalmente vinculada”.

O vídeo está disponível em todas as línguas europeias e é um dos instrumentos  integrantes da campanha de sensibilização lançada hoje pelo LEM. 
Encontra-se, também, disponível no site do LEM –www.womenlobby.org – um formulário de compromisso pessoal de tomada de posição contra a prostituição e de apelo aos governos e instituições europeias para que tomem medidas concretas de acção.

Redação

6 Comentários

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  1. ““Está na hora de abrirmos os

    ““Está na hora de abrirmos os olhos para a realidade da prostituição nas nossas sociedades e para a sua incompatibilidade absoluta com os valores da igualdade de género e da dignidade humana, valores esses que a União Europeia defende e aos quais se encontra legalmente vinculada”.

    Naturalmente!

    http://www.jornalagora.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?e=4&n=39783

    http://www.jornalagora.com.br/uploads/galeria_fotos/25025_zoom.jpg

    http://metroviral.com/espana-asolada-por-la-pobreza-encabezando-lista-europea

    http://i0.wp.com/metroviral.com/wp-content/uploads/2013/04/espa%C3%B1a-pobreza.jpeg

    Como todos sabem, a prostituição se elimina por decreto. Ela não tem raízes sociais. E a melhor forma de eliminar a prostituição é fazer de conta que ela não existe e negando às mulheres que se prostituem os direitos trabalhistas mais básicos e a proteção mínima do Estado para, enquanto estão nesta atividade, possam exercê-la com um mínimo de higiene e controle de saúde. 

     

    1. Muito boa a ironia, Morales.

      Muito boa a ironia, Morales. É claro que prostituição não se elimina por decreto. Por que não eliminar por decreto todas as atividades de prestação de serviço?  Vamos criminalizar quem contrata babás, quem contrata empregados domésticos. 

      Quem define que relação de serviços entre pessoas adultas é digna ou não? Apenas valores morais de terceiros? Defendidos para colher elogios em púlpitos em eleições?

      Vamos criminalizar quem não deseja manter um relacionamento afetivo e mesmo assim pretende ter estímulos sexuais. Criminalizemos todos os tímidos e celibatários!

      Essas tentativas na França e Suécia de criminalizar clientes apenas empurram as pessoas para encontros arriscados pela internet, dependência da corrupção, etc. Já há matérias sobre o fracasso do combate à prostituição na Suécia, sobre o aumento de estupros nesse país e isso os ‘críticos’ da prostituição não divulgam.

      Trata-se de vários problemas interligados. Pessoas que são levadas à profissão por falta de alternativas profissionais (e caberia, isso sim, à União Europeia, vigiar as condições em que se dá o tráfico humano e a prostituição por ‘dívidas’), pessoas que são levadas a serem clientes pela cultura que valoriza a gratificação sexual, pessoas que desejam mesmo trabalhar com isso e precisam ter os direitos previdenciários e sanitários assegurados!

      Esse movimento de feministas da CUT, socialistas francesas, etc é minoritário e marginal. Pode-se dar o mesmo crédito que se dá aos que são contra o uso do couro bovino para confecção de sapatos.

      Nesse assunto e em todos os outros o que vale é a tendência: há cada vez mais pessoas favoráveis a direitos trabalhistas para profissionais do sexo.

      Querer criminalizar a prostituição é concessão ao antissecularismo, posto que as únicas bases para essa atitude são a sacralização do sexo (de origem teocrática) e o mito do amor romântico (que vem do renascimento e revoluções burguesas.)

      Ô tédio!

       

       

      1. Hipocrisia pouca é bobagem

        Deixa de ser mentiroso. Todo mundo sabe e isto já está mais que explicado. 

        O número de estupros é o maior do mundo na Suécia porque a mulher é encorajada a denunciar todo e qualquer abuso sexual. E até o Assange é acusado de estupro simplesmente porque a camisinha dele, segundo a companheira dele, estourou durante o ato.

        Trepar sem camisinha é estupro na Suécia.

        Sem dizer que, se uma mulher procurar a polícia e afirmar que o seu marido a obrigou a transar uma vez por semana durante um ano, isso será relatado nas estatísticas como 54 estupros seguidos.

        Então para de falar asneiras sobre a sociedade que mais busca a igualdade entre generos.

        Fica até feio para você, defensor dos direitos dos homossexuais. A Suécia foi o primeiro país do mundo a colocar legalizer e proteger os homossexuais, sendo que apenas o fato de criticar o homossexualismo já é crime.

        Larga mão de ser hipócrita e querer taxar toda a sociedade suéca de conservadora e moralista. Isso beira o ridículo.

        Vocês simplesmente apélam para o argfumento do moralismo porque nâo tem nenhum outro para usar. Não há no mundo um só lugar onde se diga que a regulamentação da profissão melhorou as condições de vida das mulheres.

        NENHUM.

        Desafio alguém a trazer essa informações baseadas em dados.

        1. Ridículo é você me chamar de

          Ridículo é você me chamar de hipócrita, Chiapas.

          Nem deveria responder a uma grosseria dessas.

          Fora os reducionismos que você coloca.

          Eu NÃO FALEI nada de que a sociedade sueca é moralista. Falei que a legislação de lá não acabou com a prostituição, o que é um FATO.

          http://www.cartacapital.com.br/revista/778/prostituicao-e-crime-1513.html

          Do texto (de 08/12/13): “A Suécia criminalizou a prostituição. Embora a prática não tenha sido completamente extinta, estatísticas oficiais afirmam que ela caiu 50%.”

          Oras, que proteção têm as 50% que precisaram permanecer na profissão? Elas não serão presas, é verdade, mas a que subterfúgios recorrerão para poder trabalhar? A insegurança da internet, provavelmente.

          E falei que há uma onda de estupros:

          http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/estupros-coletivos-entre-jovens-preocupam-policia-na-suecia,d599f2f8269b2410VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

          Do texto, (de 03/12/13): “A Polícia sueca manifestou nesta terça-feira sua preocupação com o alarmante aumento no número de casos de estupros coletivos entre os adolescentes”

          Em nenhum momento deixo de considerar que é uma sociedade com medidas interessantes tanto para combater a homofobia como para buscar igualdade de gênero. 

          E em várias coisas a Suécia não é mais o paradigma de 20 ou 30 anos atrás, certo? Eles podem errar em coisas e acertar em outras. Eu só acho que a Suécia acerta em quase tudo e erra nisso…

          (Por falar em erros, o outro apologista no blog da legislação sueca antiprostituição é o JC. Já que você e ele elogiam tanto a Suécia, o que acham da lei que permite cassinos? Eu SOU A FAVOR. Viu como não é assim “tudo o que é bom para os suecos é bom para todo mundo?” Deixa de reducionismos!)

          Se é para citar ‘países modelares’, porque não o Uruguai? Quais as críticas a fazer a regulamentação da profissão de prostituta no Uruguai?

          E você está usando o video de uma campanha marginal para fazer sua propaganda antirregulamentação da prostituição no Brasil. O video está há mais de dois anos no Youtube e só teve 40 mil visualizações! Isso é uma campanha de baixa popularidade, como os videos “O Gigante Acordou” no Brasil!

          Você está divulgando como relevante uma organização de 2 mil e poucas mulheres quando só na Alemanha (onde a prostituição é legalizada) há estimadas 400 mil prostitutas?

          Saudações coerência!

          A troco de quê você faz isso?

          Por acaso tem ideia melhor de como garantir direitos a todas as brasileiras na ocupação?

          Por acaso você conhece a opinião das organizações brasileiras de profissionais de sexo? Que foram base para o projeto de Wyllys?

          Se você está preso a seus moralismos, pode sê-lo.

          Mas não invente palavras na boca dos outros.

          “Vocês simplesmente apélam para o argumento do moralismo porque nâo tem nenhum outro para usar. Não há no mundo um só lugar onde se diga que a regulamentação da profissão melhorou as condições de vida das mulheres.”

          Esse simplesmente não é o ponto. Estamos falando de profissionais de sexo. Que tal perguntar a elas o que elas querem? 

          NÃO HÁ NO MUNDO um só lugar onde elas pediram para cancelar a regulamentação. E porque você fala apenas em mulheres? Há profissionais masculinos também.

          É moralismo sim achar que sabe melhor que os outros a vida que devem levar.

          Que horror! 

          Tá a cara da bancada fundamentalista no nosso Congresso! 

          E, já que nos adicionamos recentemente como amigos aqui no blog, faça o favor de ser mais educado e não ficar chamando os outros de hipócritas sem sustentação alguma. Ou ficar colocando raciocínios e inferências não citados.

          Olha o que você fez…

          Eu escrevi:

          “Essas tentativas na França e Suécia de criminalizar clientes apenas empurram as pessoas para encontros arriscados pela internet, dependência da corrupção, etc. Já há matérias sobre o fracasso do combate à prostituição na Suécia, sobre o aumento de estupros nesse país e isso os ‘críticos’ da prostituição não divulgam.” (As matérias cito acima, e você não as divulga mesmo!)

          E veja o que você diz que eu escrevi:

          “Larga mão de ser hipócrita e querer taxar toda a sociedade suéca de conservadora e moralista. Isso beira o ridículo.”

          Isso é tática diversionista. Você ‘inventou’ um discurso para mim, que nunca fiz (onde na vida eu chamei os europeus ocidentais, ainda mais os nórdicos ou franceses de conservadores moralistas?), tão somente porque eu contrario uma vontade sua de ficar a favor dos poucos países que querem criminalizar a prostituição? (no caso, via clientes, para deixar a legislação moralista com cara de moderninha…)

          Fiquei bastante decepcionado, pois em outros comentários seus no blog você parecia uma pessoa voltada à discussão feita de modo ético e sem recurso a sofismas. Sem essa de pôr pensamentos e falas na cabeça e boca dos outros.

          Definitivamente, recorrer a tergiversação se esperaria de conservadores de plantão do blog, que são um montão, não de você.

          Bom, paciência.

          Se quer saber o que eu defendo, está aqui:

          https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/resistire-por-duo-dinamico

          ou aqui:

          https://jornalggn.com.br/blog/gunter-zibell-sp/de-poeta-e-louco-todos-tem-um-pouco

          Não está explicito nesses posts que eu defendo a regulamentação da prostituição no Brasil. Mas se você acessar os vários posts sobre esse assunto no final do ano passado verá como foi grande a minha participação.

          Um comentário foi alçado a post:

          https://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/sobre-o-dogma-de-que-sexo-e-dinheiro-nao-se-misturam

          Espero uma interação menos agressiva, mais respeitosa e menos preconceituosa da próxima vez.

           

           

           

  2. P/ algo serviu essa discussao: ao menos uma pessoa mudou de opin

    Eu. Estava a favor da regulamentaçao, embora entendendo os argumentos da posiçao contrária. Mudei de opiniao. Sei que nao vai se conseguir terminar totalmente com a prostituiçao, nem esse é o ponto principal, a meu ver, mas pode-se enfraquecer o tráfico e a exploraçao e garantir sim direitos às mulheres, mas de outro modo.

    Uma proposta preliminar seria facilitar os termos de registro no INPS como autônoma. Talvez até garantir locais de exercício para as prostitutas, mas sem que elas sejam “empregadas” de ninguém. Que paguem uma pequena quantia pelo uso do quarto, e só. Nao uma percentagem sobre os “ganhos”. 

    Regulamentar a exploraçao da prostituiçao como um negócio qualquer aumentaria a busca pela “mercadoria” e ofereceria lavagem de dinheiro dos traficantes, e daria álibis aos arregimentadores. 

  3. Quanta besteira…
    Porque

    Quanta besteira…

    Porque admirar o obscuramtismo? 

    Deixe as pessoas decidirem sua vida. 

    Não é por quer acontece na Europa que é bom. 

    Ademais, na Europa, há outras posições. A matéria não as menciona por que é tendenciosa. Tem parti-pris de antemão. Intelectualmente desonesta.

    Defesa das mulheres: defenda sua liberdade; não as considere fracas, necessitadas de tutela moral; MELHOR: não as defenda, elas não precisam. 

    Tudo que tange o sexo incomoda à maioria das pessoas. Isso é bom: incomodados tendem a se mexer, a mudar. Isso é ruim: constata-se a miséria espiritual da grande maioria;

    Prostituição é atinente a sexo, que pode ser bom. Cenas de violência são ligadas à morte, que nunca pode ser boa. por que então nos revoltamos mais com sexo do que com  violência?Por que criticar a prostituta e aceitar o soldado?

     

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