A ditadura das cesarianas

Por Alexandre Moreira
 
A violência obstétrica e a violação dos direitos humanos
 
A violência obstétrica é a imposição de intervenções danosas à integridade física e psicológica das mulheres nas instituições e por profissionais em que são atendidas, bem como o desrespeito a sua autonomia. Tais intervenções, praticadas de forma rotineira no momento do parto são consideradas, de acordo com as diretrizes da OMS (1996), como um fator de risco tanto para a mulher como para o bebê. Crenças e preconceitos a respeito da sexualidade e saúde das mulheres presentes na sociedade patriarcal contribuem com a forma como são vistas e (des)tratadas por estes profissionais.
 
A violência obstétrica implica em violações de direitos humanos, como o direito a integridade corporal, à autonomia, a não discriminação, à saúde e a garantia do direito aos benefícios do progresso científico e tecnológico. A necessidade de informação e formação das mulheres é a forma existente para prevenir e erradicar a violência obstétrica.
 
Objetivando mudar o grave cenário que é a assistência ao nascimento no Brasil, no ano de 2013 foi fundada no Brasil a associação não governamental cujo objeto social é “prevenir e erradicar a violência obstétrica”. A Associação Artemis, uma aceleradora social em prol da autonomia feminina, nasceu com a missão de trabalhar políticas públicas e chamar a atenção da sociedade para a violência obstétrica, sensibilizar os setores envolvidos para a necessidade urgente de adoção de práticas que respeitem a mulher e o bebê, bem como, esclarecer às mulheres quais são os seus direitos e os mecanismos de defesa existentes para estar à salvo da violência obstétrica.
 
A Associação Artemis participou do IV Ciclo de Conferência da Defensoria Pública do Estado de São Paulo (dez/2013) propondo ações de esclarecimento e atuação do referido órgão na temática da Violência Obstétrica, apresentando proposta que foi aprovada com segunda maior votação pela sociedade civil e que já está gerando ações efetivas nesse ano de 2014
 
As campanhas de denúncia e esclarecimento realizadas pela Artemis chegaram até as mulheres no Brasil. Mulheres e gestantes, bem como seus companheiros, identificaram-se como vítimas de violência obstétrica e utilizaram a internet e a rede social como instrumento da sociedade para discussão de assunto tão relevante.
 
Com essa missão, a Artemis se articula como uma organização voltada para o Advocacy das causas em prol da autonomia feminina. Neste âmbito todas as nossas ações são voltados ao atendimento a mulher em processo de parto ou abortamento, incluindo
 
– Acompanhamento dos projetos de lei em andamento relacionados a atendimento obstétrico, municipal e estadual;
– Relacionamento com representantes políticos e partidos políticos;
– Acompanhamento das ações judiciais, alinhamento de laudos, pedidos de audiência pública, parceria com Defensoria Pública do Estado, e trabalho em prol de parceria junto ao Ministério Público Federal e Magistratura;
– Trabalho em busca de Convênios com Secretarias de Saúde, Secretaria de Mulheres e Direitos Humanos;
– Representantes internacionais promovendo convênios com ONGs e Redes estrangeiras, editais e linhas de fomento internacionais, buscando tecnologias sociais de sucesso em outros países para desenvolvermos projetos binacionais;
– Acompanhamento do cumprimento de tratados internacionais;
– Apoio a trabalhos para denúncias em órgãos internacionais de Direitos Humanos;
– Acompanhamento do cumprimento das leis;
– Especial atenção à causa das encarceradas.
 
Para mais um esclarecimento sobre o que é Violência Obstétrica, assista ao debate promovido pelo Jornal da Cultura da TV Cultura em 06/03/2014, onde a Defensora Pública Coordenadora do NUDEM Ana Paula Meirelles Lewin e a Obstetriz e Coordenadora do GAMA – Grupo de Apoio à Maternidade Ativa Ana Cristina Duarte, respectivamente parceira e conselheira consultiva da Artemis, explicam em detalhes o que é Violência Obstétrica e o que fazer para denunciar.
Redação

9 Comentários

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  1. Papo furado
    Cesaria é feito

    Papo furado

    Cesaria é feito no Brasil porque a maioria das mulheres assim quer

    O que falta no Brasil e investimento em saude ( per capita perde até do Paraguai) e prenatal decente da mulheres de baixa renda

    Vá a uma maternidade que atende  mulheres de alta renda e veja como os bebes nascem

      1. Vai ler estatisticas
        Veja a

        Vai ler estatisticas

        Veja a porcentagem de Cesarias nas maternidadas privadas

        Calado para não dizer a verdade?

        Não senhora, respeite opinião diferente do seu mundo ficcional

          1. Realmente
            A maioria de suas

            Realmente

            A maioria de suas amigas fizeram parto cesario porque os medicos quiseram. Elas imploraram desesperadamente, mas os malvados medicos, em maternidades privadas, não ouviram

            Tenha dó.  As mulheres brasileiras optam por cesria, principalmente das classes altas

            Nas classes menos favorecidas, só um prenatal eficiente resolve o problema

          2. Minha esposa é Doula e me

            Minha esposa é Doula e me disse que a Ana Hickman – pobre de dar dó – queria ter tido um parto normal, e, adivinhe, fez uma cesárea.

            Outra mulher também optou por um parto normal, voltou para casa, e, adivinhe, baixou a policia, e para que, obriga-la a fazer a cesárea.

            Realmente, coitado dos médicos, nem são cesaristas.

    1. E o senhor sabe porque as

      E o senhor sabe porque as mulheres “preferem” a cesarea? O senhor sabe porque nos EUA  e Europa ela não passa de 20%? O senhor acha que o excesso de cesáres no Brasil é só pq as mulheres querem? Comentar sem conhecer é terrivel…

      1. É um direito da mulher

        Nas classes A e B é sim, as mulheres querem. E tem mais, é um direito delas optarem pelo tipo de parto

         

  2. Alexandre Garcia contra o parto humanizado

    Alexandre Garcia, aquele da Globo, é furiosamente contra parto que não seja “moderno”, isto é, cesariano:

    http://www.acessenoticias.com.br/noticia/hipocrisia-do-correto-artigo-de-autoria-do-jornalista-alexandre-garcia-31-10-2012#.U0GF2ahdWE4

    A primeira vez que ele disse isto, vozes contrárias fizeram muita  gritaria  ( a meu ver, merecida), como mostra esta carta de repúdio: 

    http://www.partodoprincipio.com.br/cartarepudio.html

    Carta Aberta a Alexandre Garcia – Considerações sobre a “bobagem” do Parto Humanizado

    Quem está brincando com a saúde?

    Caro Sr. Alexandre Garcia,

    Somos mulheres ativistas da Rede Parto do Princípio, uma rede nacional, com mais de 100 mulheres por todo o Brasil, que luta para que toda mulher possa ter uma maternidade consciente e ativa através de informação adequada e embasada cientificamente sobre gestação, parto e nascimento.

    É com profundo pesar que recebemos em pleno dia das mães uma fala cheia de preconceitos sobre a maternidade em um veículo de comunicação pública.

    Diante de sua fala, nota-se o profundo desconhecimento das políticas de controle de infecção hospitalar, como também da legislação que garante a toda mulher o direito à presença de um acompanhante de sua livre escolha no pré-parto, parto e pós-parto imediato. Não é só uma “bobagem” do Ministério da Saúde. É lei (Lei Federal n° 11.108 de 2005). Uma lei que vem sendo sumariamente descumprida por todo o país.

    Transcrição realizada a partir do áudio disponível em:

    http://cbn.globoradio.globo.com/colunas/mais-brasilia/2010/05/07/ESTADO-NAO-ESTA-CUMPRINDO-SEUS-DEVERES-COM-A-SAUDE.htm

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