A intolerância nossa de cada dia, por Paulo Zapella

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Por Paulo Zapella, 

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tava eu pedalando de boa no cantinho da r. groenlândia, no pedaço da última faixa da direita, onde estavam os carros estacionados (ou seja, sem interferir em nada o fluxo das outras faixas [não que eu não possa, ok?]), quando um indivíduo emparelha um fiesta do meu lado e solta “e aí, comunista?”. achei que era piada e ri, até o dito cujo começar a dar pequenas jogadinhas com o carro em cima de mim. não abri a boca, continuei pedalando enquanto o cara começou a se alterar cada vez mais e gritar ‘comunista do caralho, filho da puta, vai andar na ciclovia do haddad, seu merda,’ e etc. achei tão bizarro que não esbocei nenhuma reação. o sr., totalmente alterado, saiu acelerando, e no próximo cruzamento, com a rua mena barreto, atravessou o sinal vermelho (na tampa traseira tinha um peixinho de ‘jesus’), mas ficou travado no trânsito pra cruzar a brigadeiro. sem nenhum esforço eu percebi que iria alcançá-lo, e neste curto período de tempo me perguntei o que eu deveria fazer. bater boca? chamar o cara pra porrada? chutar o carro? resolvi que não, não ia fazer nada. ia passar no canto e seguir meu caminho. no momento em que fui passar por ele, o cara acelera e joga o carro em cima de mim, quase colidindo com o outro que tava na faixa do lado (e provavelmente não entendendo nada). parou o carro atravessado no meio da rua e começou a gritar loucamente de novo “E AÍ, COMUNISTA? E AGORA?”. bom, e agora que eu desviei pro outro lado e segui pelo meio do trânsito onde ele nunca conseguiria me alcançar.

mas e aí? o que vai acontecer com o próximo “””comunista””” que simplesmente passar pelo caminho desse cara? quando a rua estiver livre, quando não tiver mais ninguém? eu posso afirmar que nos 30 e poucos anos que eu tô por aqui, este é o momento histórico mais escroto que eu já vivi. e tem muita gente plantando essas sementinhas de escrotismo diariamente. no facebook, nas conversas de bar, nos almoços de família. parabéns pra vocês, os frutos já estão sendo colhidos. vocês são responsáveis por pessoas como eu estarem sendo gratuitamente ameaçadas e agredidas na rua por “pessoas de bem”.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

29 Comentários

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  1. Interessante, com a

    Interessante, com a proliferação de igrejas em São Paulo o ódio ficou exacerbado. Ou seria a união das lojas que ocasionam tanta incivilidade?

  2. Passo na Groelândia

    Quando vou ao Ibirapurera à noite, nunca tive problemas, mas já presenciei esse comportamento quando estava pedalando na ciclovia da Bernadino de Campos, começou com uma senhora xingando uma ciclista aí depois outro motorista foi solidário na baixaria, a ciclista tentando conversar, mas de nada adiantou. Eu falei para ela deixar para lá, e os dois idiotas tiveram que seguir o seu curso e sumiram.

  3. O que foi relatado acima não

    O que foi relatado acima não tem nada a ver com religião e, principalmente, com os princípios do cristianismo. Isto tudo tem a ver com a intolerância, má educação, total falta de respeito a cidadania. São sintomas dos belicosos tempos que vivemos em uma sociedade dominada por uma mídia inescruplosa, irresponsável, que planta diariamente o discurso de ódio, o fascimo e a aversão a democracia. As sementes já estão dando frutos.  Se aplica o pensamento de Josph Pultizer:

    “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”.

  4. Fazer o que não? Quando um

    Fazer o que não? Quando um aprresentador esportivo fala que vai fazer justamente isso, jogar o carro para cima de ciclistas e a emissora, pigniana até o ultimo fio de cabelo, não lhe chama a tenção só se pode esperar por isso mesmo: ódio, ódio, ódio.

  5. Brasil sob ataque psy

    A quantidade de pessoas fora do prumo nas ruas está altíssima, isto só é possível com interferência de técnicas psiquicas de controle.

    Nada é por acaso, penso com meus botões, que se o jogo é para valer, na guerra e no amor valem tudo.

    O caos será tentado de todas as formas possíveis e imagináveis e também nas inimagináveis e nas tidas por impossíveis.

    É guerra!

    Olho vivo, que cavalo não desce escada.

  6. O PT usou a mesma tática de

    O PT usou a mesma tática de se comportar com civilidade e republicanismo diante dos bárbaros.

    Deu certo que é uma beleza…

    Luciana Mota

     

     

  7. fascistas

    O idiota do fiesta, posso deduzir que é classe media-baixa metida a besta, pois se fosse “daselite” estaria de Mercedes, acha que vai participar do almoço da grande burguesia.

    Mal sabe que vai servir de garçon (ou lavador de pratos) sem direto a grojeta.PS  nada contra os verdadeiros  garçons nem lavadores de pratos.

  8. Todo comunista deve ter o

    Todo comunista deve ter o mesmo destino que o comunista deseja para a “burguesia”.

    Reciprocidade é uma reação natural do ser humano e ate um direito pode se dizer.

     

    1. Os tucanos cairam de boca no fascismo

      O troll tucano vem defender deseperadamente a violência e agressão gratuitas dando a desculpa de uma “reciprocidade” que até estala de tão cínica que é.

      Depois quando eu afirmo que o PSDB caiu na extrema direita e está se tornando facista alguns ainda custam a crewr.

      Esse arroubo fascista do mais tucano dos trolls do site dá uma amostra do processo de fascistização que a tucanagem está passando.

  9. CAMISETA OFENDE COXINHA

    Algo semelhante aconteceu comigo, uns quatro meses atrás, aqui em Floripa.

    Era domingo de clássico Avaí x Figueirense e, como resido na parte continental da cidade, considerada reduto alvinegro, não pus a camisa do meu Avaí para não “comprar briga” com o outro lado quando resolvi caminhar naquela manhã. Talvez encarassem como uma provocação, sei lá. Pensei, quem sabe, sair com uma camiseta do PT branca com estrela vermelha que tenho. Refleti melhor e vi que podia dar “m…” – vejam a que ponto chegamos: não poder vestir uma simples camiseta e sair, despreocupado, sem que se tenha de elaborar mil elucubrações sobre possibilidades diversas de reações por parte de outrem.

    Pelo sim, pelo não, conclui que o melhor seria evitar possíveis confrontos e declinei da camiseta petista. Vesti então outra, com uma estampa colorida em que uma geringonça com grandes garras – tipo uma retroescavadeira futurista – segura o logo da Globo para colocá-lo num contêiner e lacrá-lo, com os dizeres “Cuidado, Lixo Tóxico”. Acho que todos conhecem.

    Pois bem. Caminhava eu tranquilamente sob a ponte Hercílio Luz, aquele sol maravilhoso de outono/inverno, o céu de um azul “infernal”, um mar maravilhoso de dar inveja, quando em minha direção vêm dois sujeitos trotando, lado-a-lado, dois “bombados de academia”. Ao cruzarem comigo um deles, de olhos postos na minha camisa, falou em alto e bom som: “petralha filho-da-puta!”

    Aqui cabe o esclarecimento de que eu nunca tinha visto aquela figura antes em toda a minha vida, não lhe dirigi a palavra, sequer olhei para ele ou seu amigo. Parei, indignado com o que acabara de ouvir, e fiquei fitando os dois que se afastavam, incrédulo.

    Ato contínuo, aquele que proferira o xingamento olhou para trás para ver a minha reação e estacou de pronto ao me ver parado, e esgoelou-se em impropérios endereçados a minha pessoa: “vocês são todos uns filhos-da-puta, uns ladrões, tem que morrer todos com a boca cheia de formiga” e por aí afora.

    Perguntei-lhe, educadamente, se ele me conhecia, se eu o tinha ofendido de alguma maneira, se era por conta da minha camiseta  criticando a Globo, enfim, por que agia daquela forma tão destemperada. O cara só não partiu em minha direção porque foi contido pelo amigo, que se mostrou o tempo todo educado e sereno, pedindo ao raivoso calma e que deixasse a “coisa” pra lá.

    Segui meu caminho, afrontado com o que acabara de acontecer, e imaginando como seria o desfecho daquela cena se eu tivesse o mesmo tamanho e porte físico daquele agressor, se por acaso eu também frequentasse academia, praticasse alguma modalidade de luta marcial e estivesse disposto a enfrentá-lo.

    O dia – tão bonito, bonito até demais – acabou ali para mim, que nem a vitória do Leão da Ilha à tarde pode consertar.

    E assim é em todo canto: raiva, ira, revolta. Onde quer que se vá, lugares públicos ou não, é a mesma intransigência, o mesmo rancor. Tem gente que espuma de tanto ódio quando ouve falar Lula, Dilma ou PT.

    Com toda honestidade: não sei aonde vamos parar. O Brasil está, irremediavelmente, dividido. E o ódio grassa em toda parte, como uma doença contagiosa.

    1. Esse cara quer reza…

      Esse cara tá querendo um macho e tem medo de sair do armário… esse é o problema dele. Por isso essa revolta. Cara, vai procurar uma rola.

  10. A intolerancia nossa de cada dia

    Há mais de 15 anos que eu acrescentei a minha relação de atenção na direção defensiva, veiculos que ostentam frases ou simbolos que identificam os intolerantes, é facil nota-los nas pistas de rolamento de nssas cidades ou estradas, a cada alteração ou infração presenciada, é gritante a exibição de frases biblicas, ou construidas a partir do nome de Deus ou Jesus,e, tome formiguinha ou peixinho, ou dizeres: Sua inveja é a razão do meu sucesso, geralmente escritas assim “sua invega é a razão do meu suceço” , parece me que banco de escola e gramatica não combinam com religiões “pegue e pague”.

    Se o “abençoado” estiver ao volante de um vw ai então minha atenção vai a mil, geralmente acham que estão ao volante de uma super-maquina mesmo sendo em alguns casos apenas 1.0 mas julgam ser superior por ser “alemon”.

    O aumento do numer de igrejas é diretamente proporcional ao aumento da intolerancia, mas isto é como corrupção do PSDB ninguem dá valor, e, assim vamos rumo ao abismo civilizatorio.

  11. Uma simples dica ao Paulo e a

    Uma simples dica ao Paulo e a outros ciclistas que lerem este comentário: dá próxima vez que for pedalar por aí em lugares onde não há ciclofaixa, não ocupe o cantinho da faixa de rolamento, mas sim o MEIO da faixa. Ou melhor, ocupe o primeiro terço da faixa, contando da esquerda para direita. Por que fazer isto? Simples, você é um veículo como qualquer outro e tem o direito a ocupá-la. Desta forma os carros serão obrigados a trocar de faixa para te ultrapassar. Se você ficar no cantinho, os motoristas mais impacientes vão tentar te ultrapassar na mesma faixa, tirando um “fino” de você que poderá custar a vida. Da outra forma, mesmo que você leve um “fino”, terá espaço à direita para manobrar e se proteger. 

    1. Concordo

      totalmente com você, quando pedalo na rua, eu sempre o faço como se fosse um carro, e inclusive respeitando os semáforos e faixa de pedestre.

  12. A intolerância nossa de cada dia, por Paulo Zapella

    Assim TÊM SIDO os ELEITORES DERROTADOS de:

     

    AÉCIO NEVES;

    ALOYZIO NUNES;

    ALVARO DIAS;

    CASIO CUNHA LIMA;

    EDUARDO CUNHA;

    FERNANDO HENRIQUE CARDOSO;

    GERALDO ALCKIMIN;

    HERÁCLITO FORTES;

    JOSÉ AGRIPINO;

    JOSÉ SERRA;

    MAGNO MALTA;

    MENDONÇA FILHO;

    PEDRO TAQUES;

    RICARDO FERRAÇO;

    RONALDO CAIADO e outros POLÍTICOS INIMIGOS do BRASIL e de seu POVO, afinal de contas o CAVACO não cai LONGE do PAU.

  13. A intolerância e politica do

    A intolerância e politica do ódio, cada vez mais frequentes. Parabéns Jabours, Azevedos, Olavos, Globo, Veja, e outras porcarias do gênero, vcs fazem um “belo” serviço pela sociedade.

  14. Esse motorista seria bem

    Esse motorista seria bem recebido nos EUA. Quem sabe se Rodrigo Constantino tiver arrumado emprego melhor que limpador de privada em Miami (ou um aumentinho do Instituto Millenium) poderia até abrigá-lo até que ele ganhasse algum por si mesmo, né?

  15. Paulo você teve a melhor

    Paulo você teve a melhor atitude que seria possível ter, segundo sua descrição do fato.

    Não respondeu, não se alterou, não enfrentou o cara.

    Seguiu seu caminho.

    É isso aí.

  16. Bem que Martin Luther King

    Bem que Martin Luther King preveniu. Estimulados por esa onde, que se alastrou graças à omissão displicente dos bons, os maus perderam completamente o controle.

  17. E quando começar a reação?

    Eu já acho que está na hora de começarmos a reagir.

    Aceitar quieto e tentar ser civilizado não deu certo na Alemanha nazista nem na Itália fascista.

    Esse tipo de atitude é movida pela sensação de impunidade. O sujeito acha que vai recorrer à violência e o outro lado não vai reagir.

    Se o ciclista tivesse encarado esse motorista filho da puta ele não chegaria ao ponto que chegou.

    Essa escumalha é covarde e só agride porque acha que não haverá reação. Quando perceberem que terão que arcar com as consequências de seus atos eles vão mudar de atitude.

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