A miséria que nos governa e julga, por Núcleo de Pesquisas em Psicologia Política PUC-SP

Fazendo coro e declarando presença junto à organizações, políticos, jornais etc., manifestamos aqui nosso respeito e apoio ao jornalista Luis Nassif e seu importante papel de levar informação à sociedade

A miséria que nos governa e julga

por Núcleo de Pesquisas em Psicologia Política PUC-SP

Historicamente os interesses das classes dominantes do país, aí incluídas as suas elites financeiras e econômicas, prevaleceu sobre interesses do conjunto da sociedade brasileira gerando uma das mais vergonhosas e repugnantes desigualdades do planeta. A luta pela sujeição destas classes aos valores pertinentes à justiça social, igualdade e à liberdade que vem sendo travada pela sociedade ao longo da história, em especial após a promulgação da Constituição da República de 1988 onde foram consubstanciados os pilares estruturantes da sociedade em sua busca pela superação destas desigualdades em favor da justiça social, deve ser um trabalho cotidiano e incansável.

Recentemente, em decisão judicial, o jornalista Luis Nassif foi acusado de exceder o direito de liberdade de expressão por denunciar uma estranha transação realizada pelo Banco do Brasil, sociedade de economia mista cujo capital é controlado pelo estado, ou seja, um patrimônio da sociedade brasileira, que vendeu uma carteira de créditos de valor aproximado de 3,0 bilhões de reais ao banco privado BTG Pactual por 371 milhões de reais, pouco mais de 10% do seu valor, sendo obrigado a retirar do site do GGN – o jornal de todos os Brasis, sob pena de multa, onze reportagens e artigos que abordam  tal transação.

O poder judiciário, que tradicionalmente se vinculou à imagem de um poder aristocrático e elitista, ainda tem dificuldades de se basear nos preceitos constitucionais modernos reproduzindo sistematicamente em suas sentenças preconceitos sociais estigmatizantes como as imagens construídas do negro criminoso, do pobre vagabundo, do jornalista mentiroso, da mãe negligente, da criança perigosa, etc., ao passo em que não se vê as vidas ricas que controlam e concentram renda sendo, nesse mesmo sentido, narradas, como se nem estivessem entre nós.

Como a liberdade de expressão e de imprensa são princípios basilares em qualquer democracia e são fundamentais para o questionamento de privilégios, a denúncia pública e a promoção de justiça social e esta decisão judicial não considerou a relevância pública dos conteúdos veiculados pela GGN, passando a boiada por cima dos elementos dispostos, argumentando exclusivamente a favor do “prejuízo” financeiro aos acionistas do banco, em nossa compreensão esta decisão soa arbitrária e sem respaldo constitucional para tratar de “liberdade” e atribuir censura.

Fazendo coro e declarando presença junto à organizações, políticos, jornais etc., manifestamos aqui nosso respeito e apoio ao jornalista Luis Nassif e seu importante papel de levar informação à sociedade e exortamos as instâncias superiores do poder judiciário para que corrijam este aparente equívoco de modo a não deixar dúvidas de que o Poder Judiciário se baseia nos princípios constitucionais e atua incansavelmente para se desvincular da imagem histórica de que parte de nosso sistema de justiça age em favor das elites que governam o país e do apagamento dos elementos que evidenciam sua conduta exploratória.

 

Redação

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