A volta para o Brasil e a percepção de que estamos bem, obrigado

No período pré Copa do Mundo de Futebol deste ano houve onda de manifestações de preconceito e falta de sentimento nacional que resultou no ridículo de muitas pessoas terem de ser forçadas a reconhecer que o nosso país foi capaz de organizar um evento de tal magnitude. Nem mesmo a dor da derrota acachapante para os alemães tirou o sucesso que foi o evento. Naquele momento o termo coxinha passou a ser creditado aqueles que faziam questão de achincalhar o Brasil devido a qualquer questão, mesmo as mais pueris. Foi a época do “só no Brasil”.

Pois bem, só no Brasil. Vivendo no Reino Unido por quase onze meses, longe da esposa e da cria, da família e de amigos, jamais tive o receio de chegar perto de ser taxado de coxinha. E isso não se deve ao meu nacionalismo, que alguns podem considerar ultrapassado. Trata-se de percepção adquirida a partir de relatos das amizades e das parcerias de trabalho feitas no exterior: nosso país está bem, obrigado.

Pude olhar de perto os efeitos da crise internacional no rico Reino Unido. A crise financeira que se instalou no Instituto de pesquisa que me acolheu aqui na Escócia fez ceifar nada mais nada menos que setenta vagas de emprego em menos de um mês. Pessoas as quais eu começava a me familiarizar de um dia para o outro mudaram suas feições, o medo espalhado sobre qual seria a próxima cabeça a rolar.

Não era essa a imagem que esperava do Reino Unido. Sabemos da riqueza desse conjunto de países e do alto IDH. Conversando com os demitidos, e outros que foram “forçados” a se demitirem, sobre os motivos da necessidade dessas demissões, o ponto comum apontado foi a falta de dinheiro que vem se arrastando desde o estopim da crise financeira internacional. O mais desesperançoso era quando perguntava para eles: o que vocês vão fazer daqui para frente? A maioria não sabia. Mulheres e homens chefes de família abatidos. Alguns chegaram a me perguntar sobre as oportunidades de se trabalhar no Brasil uma vez que estavam sabendo da baixa taxa de desemprego. Ironia para deixar qualquer coxinha com a cabeça revirada.

No mesmo Instituto, a face da crise internacional também se mostrava na quantidade de jovens espanhóis que chegavam a todo o momento em busca de oportunidade de trabalho. Jovens qualificados fugindo da Espanha e indo para a Escócia para trabalhar como assistentes de montagem de experimentos de campo e assistentes laboratoriais. Salário, cerca de 400 libras por mês. Isso não é nada quando se trata de Reino Unido onde tudo, desde a verdura até o aluguel, parece ter cotado a ouro. Como resultado os espanhóis tinham que abdicar de qualquer tipo de conforto e dividirem casa com  muitos outros. Há aqueles que se propõe a jornada dupla ao irem ao Instituto pela manhã e a noite se tornarem entregadores de pizza ou garçons. Tudo isso para um complemento máximo de rendo de 200 a 300 libras. Ainda assim é pouco, para se viver no Reino Unido.

Ver esse cenário se configurar desde o começo do ano foi dando a certeza de que nós, brasileiros, estamos bem. O dinheiro do contribuinte me bancou uma vida relativamente confortável no Reino Unido, sem ter que passar pelas adversidades que os colegas espanhóis. Tive a tranquilidade financeira suficiente para um dos períodos de maior produtividade intelectual da minha carreira científica. Não há como não se sentir orgulho do Brasil nesse ponto.  Não há como ser contaminado pelo coxinhez.

A surpresa em roda de amigos italianos e espanhóis foi geral quando disse que o Brasil paga bolsas de estudo não só para o doutoramento (PhD), mas também para o mestrado. Como? Vocês recebem para fazer mestrado? Tal pergunta me soou muito estranha. Sim por quê? Perguntei. A surpresa deriva do fato de que na maioria dos países europeus, incluindo Itália e Espanha, as pessoas é que devem pagar para fazer seus mestrados. Segundo eles o preço é anual e varia de mil euros a mais de dez mil euros. Isso realmente deixou-me espantado e mais uma vez reforçou a ideia de que sim estamos bem, obrigado.

Há quem possa argumentar que o Brasil está dando bolsas de estudos para quem não merece para pessoas que não tem o “verdadeiro tino” para a ciência. Mas essa visão é muito distorcida e lembra aquelas em relação à Bolsa-Família. A generalização é uma M*. Em um universo complexo como a ciência a disponibilidade de bolsas é a chave para manter o processo em movimento. Não se pode acertar em todas as escolhas de estudantes, e a visão de que a ciência é um dom deve ser desmistificada. Todos podem aprender os princípios básicos da experimentação e a partir de então aplicar metodologia a uma determinada questão de interesse, o que é basicamente o ato de fazer ciência.

O corte de bolsas de estudo na Europa é visível e sofrível. Não é de se espanar a negação veemente de italianos em dizer que não voltariam para a Itália porque não há perspectivas, com doutores recebendo 400 euros por mês. Caso esse cenário persista isso vai começar a afetar a produtividade científica europeia que vem sendo reduzida em comparação ao Brasil, por exemplo. Aliás, Brasil e Austrália são hoje os países que mais investem em bolsas de estudo no mundo. Não há ciência sem os estudantes de iniciação científica e de pós-graduação. Orientadores, muitos deles no berço esplêndido do “eu já cheguei lá”, sabem disso. O mundo está aí para ser entendido. Há muita coisa sem explicação, muita coisa sem o uso prático ter sido descoberto. Desse modo, ponto para o nosso país, mais um, por manter a oferta de mão-de-obra científica.  

O Programa Ciências Sem Fronteiras tem pontos a serem corrigidos, mas qual grande Programa não tem? É preciso que quem saia do Brasil por meio do dinheiro do contribuinte lembre que está indo para adquirir novos conhecimentos e reforçar parcerias. O deslumbramento com a vida europeia é perfeitamente entendível, baixo índice de criminalidade, o principal deles. Mas a vida é mais do que isso, podem acreditar. É preciso somar e não diminuir, quem vem está sendo financiado não para ser um “quinta-coluna”.

Não adianta chegar aqui e ficar explanando os problemas do Brasil porque todos eles já sabem, mas também já deram conta, mais do que muitos brasileiros que a percepção do Brasil mudou, em especial em relação às oportunidades de emprego. De um país associado às férias de fim de ano na praia, para um novo porto de oportunidades de trabalho oferecidos pelo Capitalismo. Assim, não adianta dar uma de Diogo Mainardi ao chegar por estas bandas, dizendo “amores” sobre o Brasil, pois, na próxima Segunda-Feira, a única certeza que levarei comigo de volta é que quem malha o Brasil para europeus estará apenas “pagando mico”. Estamos bem, obrigado. 

Redação

23 Comentários

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  1. Parabéns!

    Francy Parabéns, Feliz regresso. Agora é seu momento de dar a contrapartida e vejo pelo seu texto que essa contribuição será imensa! Seja Re- bem vindo!

  2. Francy concordo com você. O

    Francy concordo com você. O grande desafio é fazer parte da nossa população (os coxinhas) a entender tudo isto que você relatou, e mais mostrar que o Brasil é um local maravilhoso. Sim temos problemas, diferentes dos deles, mas eles passam a ter cada vez mais problemas, sendo parte vividos por nós anos atrás.

     

    Luis Medina

     

  3. Esse é o tipo de relato que

    Esse é o tipo de relato que jamais será publicado em nossa “grande midia”, ainda bem que temos internet e blogs de grande audiência como esse do Nassif.

  4. Chegando ao final do ano de

    Chegando ao final do ano de 2014, tem algo que me incomoda e muito. O que, afinal, vivemos ao longo do ano, cá no Brasil. Que porcaria de opiniões, achismo, manipulação de informações criou esse mal estar na vida dos brasileiros. E, definitivamente, isso não é real. A nossa vida diária, real, está indo muito bem. O  outros é que estão mal. E, estando bem,  levaram grande parte do povo brasileiro a achar que está de mal a pior. Um absurdo. Fiquei mais leve hoje ao ler seu texto, prezado Francy..

  5. é impressionante

    é impressionante a desinformação  muitas vezes intencional ( nao li e nao gostei…) dos coxinhas brasileiros. Um povo que despresa seu proprio pais, num tipico coplexo de cachorro vira-latas, que Nelson Rodrigues definiu tao bem. 

    A dose cavalar de preconceitos arraigada na classe media alta, violentamente manipulada por uma midia engajada em privilegios que estao aos poucos sendo erodidos, e que se espalha hoje por todos os “leitores de Veja e telespectadores da maciça desinformacao das redes de TV monitoradas pela Globo.

    Quem viaja bastante ao exterior esta ciente dessa realidade dissecada pelo ilustre missivista. Parabens.

  6. Estou feliz por ter uma

    Estou feliz por ter uma pequena participação nesta bolsa de estudos tão bem empregada. Parabéns Francy Lisboa por manter pensamentos claros sobre nossa situação em relação a outros países. Claro que precisamos melhorar muito, mas não somos esse caos pintados pelos coxinhas. Sucesso para você.

  7. Só mesmo os hipócritas podem

    Só mesmo os hipócritas podem seguir dizendo que tudo de ruim está no Brasil e tudo de bom está fora daqui. A contribuição da mídia é fundmaental para esse sentimento. A manutenção de um preconceito e falsas verdades que não têm respaldo na realidade afetam a velocidade e o início de mudanças necessárias no país. Muitas pessoas vivem com conceitos distorcidos sobre a realidade do mundo. 

  8. Bem vindo, Francy

    Muito bom e elucidativo teu texto. Te acompanho também pelo Face e sempre curto teus comentários. Taí um dinheiro de impostos bem empregado, precisamos de muitos mais pesquisadores assim. Parabéns.

  9. Crise intelectual

    Parabéns Francy. Viajei ano passado pela Europa e quando relatei em Sampa o que vi com pessoas preparadas mas desempregadas há 3 ou 4 anos em desespero total muitos a quem relatei me olharam como se eu tivesse desembarcado vindo da lua. O problema é que a mídia não relata o que está acontecendo no exterior com “pessoas” atingidas pela crise e aqui a classe média, especialmente a de São Paulo e sul do Brasil, ninho dos coxinhas, fiel seguidora da mídia calhorda que temos, continua achando que nosso país está na pior. E ficam baixando a lenha no governo e nas suas medidas que favorecem a todos: comerciantes, industriais, construtores, pequenos empreendedores, trabalhadores em geral, estudantes, e os muito pobres. Cheguei à triste conclusão que universidade no Brasil não está estimulando e abrindo as mentes. Está emburrecendo as pessoas pois onde circulo todos passaram por universidades consideradas de primeira linha.

  10. Contra a coxinhice

    Mais um texto para demonstrar a desinformação da classe média burra.

    Tive o prazer de, em minhas últimas férias, visitar pela primeira vez a Europa. Estive na França e na Itália. Em Veneza, em meio a uma conversa descontraída, minha esposa brincava com o vendedor de lembrancinhas, pechinchando “Brasileiro não tem dinheiro”.

    Sem mais nem menos, o italiano nos disse “que nada. O Brasil está melhor do aqui”.

  11. Seja bem (re) voltado Francis..

    aqui no grotão que me escondo os recém chegados do CSF, a maioria filhos de agricultores do interior do interior ou seja, de onde Judas perdeu as botas, dizem a mesma coisa sobre a pjndaíba que graça por lá e que estamos melhores..agora mete a mão no bolo, cata as moedinhas de Libras e pennys que sobraram e vai no sarau nos contar essa experiência pessoalmente..hehehe..

  12. Obrigado pelo relato e feliz 

    Obrigado pelo relato e feliz  regresso, Francy.

    Lembrei de uma cena do periodo eleitoral.

    Estava bebendo umas cervejas com amigos no bairro de Maria da Graça, zona norte ou subúrbio do Rio, quando chegou um carro de som da campanha da oposição. Distribuiram santinhos até que os mais “animados” pegaram o microfone e desataram discurso. Falaram, falaram, até que uma menina, corajosamente, pediu o microfone e falou com vozinha de adolescente: “eu sou aluna do Pronatec!”

    De imediato foi um silêncio. Logo em seguida o pessoal que estava só ouvindo, presumo eleitores da situação (eu, inclusive), aplaudiram a menina (com comedimento, afinal o pessoal que estava tão animado tomou um banho de água fria).

    Enfim, muitos ali talvez não acreditassem que pudessem ver tão perto e em bom som que os programas sociais são reais.

    … O pessoal que faz uma meia dúzia de viiagens pro atlântico norte pra se deslumbrar e comprar bugingangas, que paguem o mico que quiserem.

  13. Parabéns Francy pelo relato

    Parabéns Francy pelo relato que nos orgulha mais ainda de ser Brasileiro.  é isso aí!!  Espero e torço para que vc consiga, em breve, trazer incríveis conquistas para o nosso país….sinto que já estão a caminho!!  

  14. Legal. Gostei.
    Lembrei-me de

    Legal. Gostei.

    Lembrei-me de um casal de amigos que estão morando no Canadá. Ultra-coxinhas. The coxinhest ones!

    Nada contra alguém ir ao exterior em busca de melhor qualidade de vida, emprego, segurança pública. Mas a coxinheza de ambos irrita e, como todos de tal estirpe, consideram o bolsa-família algo totalmente abjeto. Afinal, não aceitam o uso de seus impostos para pagar vagabundos!

    Pois bem… eu também poderia lembrá-los de que o fato deles terem recebido educação numa das melhores faculdades de engenharia PÚBLICAS do país para então trabalharem no exterior, vai contra essa revolta deles.

    Pela lógica deles, eu tenho que me revoltar também.

    Um pouco de coerência, por favor! Mas isso é pedir muito…

     

    1. Isto nao é nada Alex Sandro!

      Moro no Canadá em Toronto e aqui estes mesmos brasileiros que recebem ajuda do Governo daqui (detalhe é que o problema de saúde já passou, mas enquanto o médico nao disser que pode voltar pro trabalho, continua recebendo ajuda do Governo!) reclamam do Bolsa Família do Brasil. Também conheço um casal que recebe ajuda familiar, o Welfare, equivalente ao Bolsa Família do Brasil, que chega a 900 dólares por mes a depender da família. Desde que nao estejam trabalhando, o detalhe é que sei que estao trabalhando e ganhando em cash… Ou seja por baixo do pano! Estes dizem que o Bolsa Família nao presta!

      Coerencia passou longe, mas eu tenho um outro nome para isso Alex. 

  15. COMO ENXERGAM O BRASIL NO EXTERIOR

    Aqui nos Estados Unidos a visao de Brasil torna-se bastante complexa. 

    Sempre se soube que os estadunidenses comuns sao mal informados. Diga-se de passagem, nao eh conto lembrar-se o ex-presidente que ao aportar no Brasil saudou a Bolivia. Frequentemente continua-se nao se sabendo que a capital do Brasil nao eh Buenos Aires e nem tampouco o Rio de Janeiro.

    Mas aqui tambem eh o contraste da realidade. Mesmo sem ser a maior renda per capita do mundo tem-se a maior economia dele. Gracas `a combinacao do trabalho da populacao que atualmente conta por volta de 310 milhoes de almas e um extenso territorio rico em recursos naturais. Algo semelhantemente compartilhado com o Brasil.

    A caracteristica da riqueza no pais abandonou os historicos fatos: um menor numero de ricos, porem empreendedores; um fortissimo componente de classe media; uma populacao pobre reduzida, porem, em ascencao e abrindo caminho para uma forte corrente imigratoria. A educacao a partir da II Guerra Mundial havia sido o propulsor do desenvolvimento e espetacular aquisicao economica, o que permitiu a hegemonia cientifica, tecnologia e economica ate recentemente.

    Atualmente os Estados Unidos estao na contramao da propria Historia. Tornaram as classes ricas cada vez mais isentas de impostos (em 1950 a cota de imposto de renda dos ricos era de 50%) ao mesmo tempo em que a classe assalariada teve seus ganhos reduzidos. Isso levou a indices de desigualdades semelhantes aos encontrados no final do seculo XIX.

    Os Estados Unidos hoje sao o reflexo do que o Brasil sempre foi. Com a tendencia de tornar-se cada vez pior. Isso porque nenhuma outra nacao desenvolvida no mundo apresenta os contrastes entre fortuna e pobreza, desenvolvimento e atraso, vanguarda e retaguarda. A xenofobia, por exemplo, esta em cada esquina. Deixou-se de reconhecer o valor que a imigracao sempre representou para a construcao deste pais, para tratar-se os imigrantes apenas como caso de policia e nao caso planejamento.

    A concepcao que o estadunidense comum tem de se mesmo eh semelhante `a dos novos ricos: “eu sou eu e o resto eh b…” Reflete-se ai o contraste de pregar para o mundo algo que nao se deseja ser aplicado para si mesmo. Aquela conversa fiada do neoliberalismo a respeito da globalizacao nao passou engodo. A globalizacao limitou-se `a transferencia das responsabilidades para as nacoes pobres e a concentracao de beneficios nas nacoes ricas. O mesmo se deu em relacao `a economia. Muitos se iludem pelo fato de muita riqueza ter sido criada na mundo mas nao enxergam que a pegadinha eh a concentracao dessa riqueza sob o controle do 1% do topo da piramide. Alguem ja ouviu falar: “Fazer o bolo crescer para depois partilhar”? Conta outra!…

    Aqui nos Estados Unidos, quando o Brasil aparece nos noticiarios eh sempre quando o conteudo eh contrario. Fala-se na corrupcao, na violencia, na derrubada das florestas etc. O quadro eh tal que levanta suspeita se isso nao eh comprado na grande imprensa, em defesa de interesses maiores, ou seja, os do tio Sam. Afinal, o Brasil vez por outra compete diretamente com a locomotiva do norte por investimentos. Alem, claro, das birras que existem entre os governantes esquerdistas sulamericanos e a direita estadunidense. Diga-se de passagem, existem duas direitas aqui: a republicana (extrema) e a democrata (meio). Outra caracteristica contraditoria porque o pais assenta-se em um unico pilar mesmo que o peso da piramide nao esteja distribuido em torno dele.

    O que eh tambem interessante eh a propria formacao de opiniao da populacao de origem brasileira aqui instalada. Conta-se com canais de televisao gerados no proprio Brasil, como a Globo e a Record internacionais. Mas tambem existe inumeros jornais comunitarios etnicos de lingua “brasileira”. 

    Fascinante, senao arrepiante, eh que essa midia tupiniquim alinha-se aos ditames da imprensa dominante no Brasil e subalterna ao que o chefe (Estados Unidos) mandar. Nao se trata de censurar as reportagens a respeito dos erros, desvios e desgracas provocadas e naturais. Tratar-se-ia de nao apenas noticiar as coisas do ponto de vista do advogado do diabo mas de oferecer espaco para a defesa. Nao existe isso por aqui. Parece que o objetivo numero unico da imprensa etnica brasileira aqui eh o de derrubar. Alias, estamos em plena estacao de III turno. O que digo que a Constituicao Brasileira garante inteligentemente II turno mas nao preve III. Entao, estamos na fase de 12o. turno por somarmos os III turnos que tornaram-se praxe ao longo das ultimas 4 certames eleitorais presidenciais no Brasil.

    Nao eh sem motivos que a presidenta Dilma Rouseff foi mal votada tanto no primeiro quanto no segundo turnos aqui nestas plagas. Houve uma orquestracao para derruba-la a todo o custo, mesmo sem o argumento obvio de que se teria algo melhor a oferecer. Como nao se tinha mesmo, nao se mostrou as virtudes do oponente, tentou exacerbar-se a “malignidade” da candidata `a reeleicao. E continua atualmente no 12o. turno!

    Ja a respeito da opiniao que o publico estadunidense tem do Brasil torna-se impossivel descrever. Nao se forma opiniao a respeito daquilo que se ignora. A supresa fica por conta dos que conhecem os brasileiros. Elogiam o carater trabalhador do brasileiro. Alias, usa-se compara-lo aos hispanicos e considera-lo de melhor qualidade. Mas a melhor qualidade do ponto de vista patronal. Aquela que deseja o boi submisso, forte e obediente. O que nao eh necessariamente muito diferente dos hispanicos. O que nos leva a concluir que o hispanico eh enxergado por um prisma mais preconceituoso e o brasileiro com um pouco mais condescendencia por ter uma aparencia fisica mais proxima da europeia ou, no maximo, afroeuropeia e nao indigena.

    O fato definitivo eh este: os Estados Unidos estao caminhando na direcao que o Brasil passou por ela em seus 500 primeiros anos de Historia. Raramente os estadunidenses tem noticias do Brasil de forma positiva. Portanto, a imagem do passado do futebol e praias maravilhosas esta desaparecendo e sendo substituida pela imagem fabricada pelos proprios brasileiros no Brasil e aqui.

    Falta ao Brasil, governo e entidades privadas, divulgar o Brasil das oportunidades que oferece. Isso aqui nao se faz nenhuma divulgacao. Ate mesmo o setor turistico brasileiro virou uma calamidade no sentido de que diversos canais americanos fazem divulgacao das curiosidades dos outros paises sulamericanos mas raramente apresentam quaisquer coisas positivas a respeito do Brasil.

    Continua, poucos tem noticias das diversidades ecologicas e maravilhas naturais do Brasil. Houve-se falar mais nas favelas de forma negativa. Nao se fala dos habitantes pre-colombianos nem das maravilhas geologicas. Nao se tem noticia de que ha a suspeita de que o ser humano chegou ao Brasil ha mais de 40.000 anos atras. Mas aqui tenta-se provar que as Americas foram povoadas por culturas que necessariamente teriam passado pelo territorio estadunidense. 

    Ou seja, existe uma “conspiracao” contra qualquer coisa que coloque os Estados Unidos em segundo plano. Os estadunidenses desenvolveram a teoria da excepcionalidade do pais e do povo. Acreditam-se povo escolhido. E trabalham essa ideia na mentalidade publica. 

    Portanto, nao se espere que havera condescendencia em relacao a que o Brasil seja descoberto pela populacao americana se os proprios brasileiros colocam-se em segundo plano perante ela. Parece que o amor do brasileiro pelo Brasil eh menor e distorcido. Ou seja, amo o meu pais ate onde o chefe mandar. Somente se ele abrir mao de sua hegemonia eu o amarei de sem restricoes.

    Se essa eh a imprensao que o proprio brasileiro passa, imagine-se que imagem os estadunidenses, que nunca foram ao Brasil tem dele! Continua-se tendo a impressao de que se for visitar o Brasil eh necessario levar-se junto algum encantador de serpentes.

    1. Manilpulam sim ……………..

      Valquirio, gostei de sua explanação, e embora não tenha nenhum interesse em conhecer este país, posso também garantir que sua afirmação é a pura verdade  – ”  Aqui nos Estados Unidos, quando o Brasil aparece nos noticiarios eh sempre quando o conteudo eh contrario.”

      É evidente meu caro amigo que a imprensa, sempre a reboque da politica, principalmente a externa, jamais irá colocar a cereja no bolo dos possiveis e futuros rivais desta nação!

      Vide os casos de manipulação da imprensa quando das invasões do Iraque, Afeganistão, Libia e vários outros, que a imprensa, manipulou e possibilitou estes ataques, convencendo a população a dar seu aval !

      Assim, quero crer que, em matéria de desconhecimento de culturas, costumes, economias, e principalmente de localização, os norte-americanos são imbatíveis, e alguns chegam a dizer que em virtude do Destino Manifesto, não há necessidade de conhecerem a importância de outros povos, apenas governá-los !!!

      Ou imvádi-los. Ou saqueá-los. Ou Pilhá-los. Ou desestabilizar governos hostis. Enfim………….

      Finalizando didrei apenas que, para meu consolo, a história mostra que todos os Impérios, crescem, prosperam mas um dia, inevitavelmente ou felizmente, caem !!!!!!!!!!!!!!!!!

       

  16. ” …. amor ao Brasil, o que há muitos falta !!!!!!!!!!

    Excelente dedpoimento de Francy Lisboa, mas  não irei tecer comentários, em virtude da unânimidade dos comentários

    serem óbvios em se tratando de pessoas coerentes e antenadas como o que é o Brasil de fato!

    Aos que pensam diferente de nós, sejam eles por vários motivos, e que a meu ver, é por estarem fora do governo, e não poderem mais se locupletarem como sempre fizeram antes dos governos Lula e Dilma.

    Sem entrar no mérito das ideologias, o que vemos é um pais que a duras penas, tenta busca o bem estar de sua população, muito embora tenhamos ainda muitas imperfeições a serem corrigidas,  mas nada que comprometa nossa futura grandeza, apesar dos contras.

    Principalmente com os investimentos feitos em educação, seja na criação de escolas técnicas, faculdades e ampliação de bolsas de estudos no país e no exterior como no caso, o que além da formação de cientistas, fará com que no futuro possamos nos destacar ainda mais.

    Pincei ” …quem vem está sendo financiado não para ser um “quinta-coluna”. e inflelizmente muitos, nada mais fazem que cuspir no prato que comeu !!!!

    O orgulho que tenho em ser brasileiro, supera em muito o simples amar o Brasil, e conforme voce diz – ”  E isso não se deve ao meu nacionalismo, que alguns podem considerar ultrapassado.”, mas  eu digo que isto é o mais puro sentimento de pertencimento, que há muitos está faltando! 

    Abraços deste seu admirador e compartilhador de sentimentos !!!!!!

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