Aumento da letalidade policial em São Paulo motiva debate

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Pessoas mortas pela polícia de São Paulo aumentou 105% de 2013 para 2014, e mais 9,8% nos primeiros meses deste ano
 
 
Jornal GGN – O número de pessoas mortas por policiais em serviço no Estado de São Paulo aumentou 105% entre 2013 e 2014, saltando de 346 para 708 óbitos. Somente no primeiro semestre de 2015, foram 358 pessoas mortas pela polícia, um aumento de 9,8% comparado ao mesmo período de 2014, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo.
 
No Rio de Janeiro, os números também são alarmantes. Nos últimos cinco anos, homicídios decorrentes de intervenção policial militar corresponderam em média a 16% do total de assassinatos na capital fluminense.
 
Com este cenário, a Anistia Internacional, o Movimento Mães de Maio e a defensoria pública se uniram para discutir a violência policial e supostas execuções cometidas nos últimos anos pelas policias militares de São Paulo. O primeiro encontro acontece nesta terça, 29 de setembro, às 19h30, no espaço Matilha Cultural. Participam do debate Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia, Debora Maria, fundadora do Mães de Maio, e a defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque.
 
Este será o primeiro de uma série de três discussões que a Anistia Internacional organiza, nos meses de setembro e outubro. No próximo, marcado para o dia 13 de outubro, o Instituto Sou da Paz promove a mesa “Os Jovens e as Armas de Fogo – Lançamento do Retrato da Violência Armada no Brasil”. E no dia 20, a ONG Justiça Global debate a “Desmilitarização da Segurança Pública”. Os dois têm início às 19h30.
 
Incidindo sobre esse mesmo tema, a sede da Anistia em São Paulo recebe a mostra “Setembro Verde: Jovem Negro Vivo”, desde o dia 22 de setembro, uma iniciativa gratuita que promove uma campanha para romper com a indiferença da sociedade a respeito dos altos índices de homicídios no Brasil, em especial entre os jovens negros.
 
De acordo com o Mapa da Violência 2012, dos 56 mil assassinatos registrados no país, 30 mil são de jovens entre 15 e 29 anos. Destes, 77% são negros. A campanha em São Paulo ocorre, ainda, em meio às investigações sobre o envolvimento de policiais militares na chacina que vitimou 19 pessoas em Osasco no mês passado, e em um contexto de aumento das mortes praticadas por policiais no Estado.
 
“A crença de que vivemos uma ‘guerra às drogas’ e que matar ‘traficantes’ faz parte desse combate tem sido usada como justificativa para uma polícia que faz uso excessivo, desnecessário e arbitrário da força, com frequência inaceitável da força letal. Nessa dinâmica, o grupo social mais atingido é o de jovens negros moradores de favelas e periferias”, disse Atila Roque. “A política de segurança pública não deve ser incompatível com o respeito à vida”, afirmou o Diretor Executivo da Anistia Internacional.
 
SERVIÇO
 
Debate: Homicídios Decorrentes de Intervenção Policial no Brasil
Terça-feira, 29 de setembro de 2015
Horário: 19h30 às 22h
Entrada colaborativa de R$ 5
Debates e filmes sujeitos à lotação do espaço. 68 lugares; 2 cadeirantes
Endereço: R. Rêgo Freitas, 542 – República
Telefone: (11) 3256-2636
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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