Brasil em chamas: é urgente um mundo novo!, por Paula Nunes   

Há um ditado popular que nos ensina que “onde há fumaça, há fogo”, mas, em se tratando das nossas florestas, podemos dizer que “onde há fumaça, há desmatamento ilegal”.

Carlos Ezequiel Vannoni / EPA

Brasil em chamas: é urgente um mundo novo!

por Paula Nunes   

Nos últimos dias, imagens do Brasil em chamas causaram (ou deveriam ter causado) indignação em muitos de nós. Até agora, cerca de 20% da vegetação do Pantanal foi consumida pelo fogo e a Amazônia não para de bater recordes de desmatamento a cada mês, estando próxima de atingir seu ponto de “não retorno”, ou seja, aquele momento em que o caminho para a sua desertificação será inevitável.

Nesse período do ano, em que o tempo seco atinge as nossas florestas, é também a época em que o garimpo e o desmatamento ilegais, além da agropecuária, avançam sobre elas, provocando queimadas criminosas, que atacam os nossos biomas e os povos da floresta. O dia 10 de agosto de 2019 ficou conhecido como o “dia do fogo”, uma ação orquestrada por fazendeiros, com o registro de queimadas em centenas de propriedades no Pará, a maioria delas em regiões de florestas, terras indígenas e unidades de conservação.

Há um ditado popular que nos ensina que “onde há fumaça, há fogo”, mas, em se tratando das nossas florestas, podemos dizer que “onde há fumaça, há desmatamento ilegal”. As queimadas ilegais são utilizadas como forma de “limpar” áreas desmatadas, que posteriormente se tornarão pastos para a produção agropecuária. Não à toa, há uma tentativa, por parte do Congresso Nacional, com forte representação do agronegócio, de flexibilizar normas de proteção ambiental no Brasil, o que inclui o procedimento de licenciamento ambiental.

Mesmo durante a pandemia provocada pela COVID-19, o garimpo ilegal continuou avançando sobre territórios indígenas. Por essa razão, os Yanomami, que estimam a existência de mais de 20 mil garimpeiros em seu território, organizaram a campanha #ForaGarimpoForaCovid, para impedir o alastramento da doença entre as suas comunidades. Ainda assim, o Presidente Jair Bolsonaro vetou artigos do PL 1.142/2020 (Plano emergencial para indígenas e quilombolas), que previam a garantia de acesso pelas comunidades a itens básicos como água potável e cestas básicas. Os vetos foram derrubados pelo Congresso Nacional.

Para quem vive nos grandes centros urbanos, como São Paulo, existe a falsa impressão de que a destruição de nossas florestas não nos causa nenhum impacto. No entanto, as chuvas provenientes da Floresta Amazônica são fundamentais para a manutenção do clima e perda do ciclo hidrológico; o desmatamento é responsável pelo desequilíbrio ecológico, o que pode aumentar a incidência de doenças, já que nossas florestas são incubadoras de vírus que, por enquanto, circulam apenas em animais; além da própria perda da biodiversidade.

A manutenção da vida humana é incompatível com um sistema econômico que se alimente da degradação ambiental, o que significa que para proteger o meio ambiente, nossos biomas, e os povos da floresta, é preciso também repensar o modo de produção. Um novo mundo é urgente, e esse novo mundo precisa ser ecossocialista!

Paula Nunes – advogada, especialista em Segurança Pública, ativista do movimento negro e pré-cocandidata da Bancada Feminista do PSOL, candidatura coletiva à vereança em São Paulo    

 

Redação

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