De Santiago, Chile
Jornal GGN – Enquanto o governo chileno publicou, na manhã desta segunda-feira (28), os decretos que retiram os Estados de Exceção em todas as regiões do país, com o fim do toque de recolher e o uso das forças de segurança para reprimir as manifestações, os movimentos sociais e a população, por meio das redes sociais, reafirmaram chamados para as ruas durante a semana.
A CUT e a NO+AFP emitiram um comunicado, em transmissão ao vivo, reafirmando a não aceitação às propostas do governo de Sebastián Piñera. “A crise do Chile não é de ordem público, é crise de fratura social, é uma crise frente a um sistema econômico profundamente desigual, e a resposta do Estado não pode ser somente controle social e segurança. É preciso respostas políticas que derrotem as lógicas do neoliberalismo e a mercantilização para recuperar a confiança da população”, disse Luis Mesina, porta-voz da No+AFP.
https://www.facebook.com/cut.chile/videos/2912266052121427?sfns=mo
A NO+AFP é um movimento que luta contra a capitalização da aposentadoria implementada durante a ditadura, que segue vigente no país, uma das críticas das ruas nas recentes manifestações. O GGN produziu um especial sobre o sistema previdenciário chileno colapsado que inspira o Brasil [acompanhe aqui #OExemplodoChile]. Os movimentos sociais reiteraram que os protestos não irão cessar até que o governo apresente respostas efetivas, convocando para a Greve Geral nesta quarta-feira (30).
Além dos movimentos sociais organizados, como a CUT e a NO+AFP, o movimento indígena do país, os Mapuches, também emitiram comunicado nesta segunda-feira (27), enfatizando que o país não retorna à normalidade, e apresentando as suas reivindicações. As organizações indígenas reunidas na Coordenação de Nações Originárias da Região Metropolitana (CONORM) pedem a recuperação territorial, a auto-determinação política dos povos, a desmilitarização imediata do terriotório mapuche e a liberdade as presos políticos mapuches, o julgamento e punição aos violadores de direitos humanos e direitos linguísticos, educativos, culturais e de saúde.
NUESTRAS DEMANDAS Y NUESTRO QUÉ HACER 1
Dois atos foram convocados espontaneamente pelas redes sociais para esta segunda e terça-feira, em frente ao Palácio da Moneda, como resposta das ruas à chegada das missões de monitoramento da Assembleia de Direitos Humanos da ONU e a tentativa do governo de normalizar o estado de ânimo da população (leia mais aqui). Entre as medidas adotadas por Piñera, além da retirada do toque de recolher desde o última sábado, o presidente anunciou a mudança ministerial e publicou os decretos de fim do Estado de Emergência no país.
Os decretos podem ser acessados aqui:
Región de Arica y Parinacota - PDF (CVE-1675418) Región de Tarapacá - PDF (CVE-1675419) Región de Antofagasta - PDF (CVE-1675420) Región de Atacama - PDF (CVE-1675421) Región de Coquimbo - PDF (CVE-1675422) Región de Valparaíso - PDF (CVE-1675415) Región Metropolitana - PDF (CVE-1675416) Región del Libertador General Bernardo O’Higgins - PDF (CVE-1675417) Región del Maule - PDF (CVE-1675423) Región de Ñuble - PDF (CVE-1675424) Región del Biobío - PDF (CVE-1675425) Región de la Araucanía - PDF (CVE-1675426) Región de Los Ríos - PDF (CVE-1675427) Región de Los Lagos - PDF (CVE-1675428) Región de Magallanes y la Antártica Chilena - PDF (CVE-1675429)
E, além das manifestações, no final de semana se intensificaram os chamados “Cabildos”, que são Assembleias Populares no Chile, historicamente conhecidas por reunir demandas de bairros e regiões a serem peticionadas ante o governo, e que apesar de não ter obrigatoriedade legislativa de implementação, são reconhecidas como atos políticos de auto-organização da sociedade, que se mostra ativa na sua regulação e não dependente das instituições políticas.
ACOMPANHE O QUE ACONTECE NO CHILE:
Governo chileno forja normalidade e população segue com manifestações
A maior manifestação da história do Chile: 1,2 milhão de vozes pedem nova Constituição
Uma semana de Exceção no Chile: 90,5% veem motivos para protestar
Governo do Chile tenta minimizar repercussões do Estado de Emergência
Chile: relato de um Estado de Exceção
Nossa repórter em Santiago, imagens inéditas
Protestos no Chile: violência e denúncias de torturas se intensificam
Piñera pede desculpas: chilenos não aceitam, querem renúncia e Constituinte
O que acontece no Chile: como acompanhar o Estado de Exceção no país
Sob repressão e táticas militares, chilenos mantêm protestos nas ruas
Ajustem seus relógios para 1973: Chile protesta pelo custo da vida
Entrevista ao vivo: Chile em Estado de Emergência
Chile: O saldo das manifestações, após Piñera decretar “guerra” contra o povo
Fim da aposentadoria capitalizada é uma das lutas das manifestações no Chile
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.