Congresso chileno declara Pinochet como ditador e terrorista de Estado

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A medida tem como principal implicação a proibição do uso ou exibição do nome ou da imagem do ditador dentro de organismos públicos.Reprodução

da Carta Maior

Congresso chileno declara Pinochet oficialmente como ditador e terrorista de Estado

Com informações canal estatal chileno TVN

A Câmara dos Deputados aprovou nesta semana uma resolução que declara oficialmente a Augusto Pinochet como “ditador e artífice de um aparato terrorista do Estado”. O texto da resolução também descreve o líder do golpe de Estado de 1973 como “autor intelectual do premeditado e aleivoso assassinato do ex-chanceler Orlando Letelier”.
 
A resolução é fruto de uma iniciativa de um grupo de parlamentares de centro-esquerda, baseada em antecedentes entregues pelo governo dos Estados Unidos, nos quais se estabelece a participação de Pinochet no atentado contra quem foi o chefe da diplomacia do governo de Salvador Allende. 
Orlando Letelier faleceu devido à explosão de uma bomba instalada em seu carro pelo agente estadunidense Michael Townley, que foi treinado pela CIA mas que trabalhava em colaboração direta com a DINA (sigla em espanhol do Departamento de Inteligência Nacional do Chile). O crime aconteceu em Washington, onde o diplomata vivia exilado, no dia 21 de setembro de 1976.
 
A resolução também declara como “vergonha nacional” a atuação do ex-presidente da Corte Suprema de Justiça do Chile, Israel Bórquez, que segundo documentos recentemente desclassificados da CIA (sigla em inglês da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos), foi o principal operador a favor de Pinochet no Poder Judiciário, sendo o responsável pelo encobrimento das evidências que ligavam o ditador a este e outros casos.
 
A resolução foi aprovada com 69 votos a favor e 23 contra. Também houve seis abstenções. Entre suas implicações está o fato de que, a partir de sua publicação – na próxima semana –, estará proibido o uso ou a exibição do nome o de imagens do ditador em organismos públicos. Também passou a ser proibido realizar homenagens em seu nome.
 
Repercussão
 
Após a votação, um grupo de deputados do partido de centro-direita Renovação Nacional reclamaram que “o texto continha algumas trechos pouco claros e enganosos”. A situação gerou polêmica, porque dentro desse grupo estavam Germán Becker e Jorge Rathgeb, dois históricos defensores do pinochetismo no Chile, que terminaram votando a favor da resolução. A controvérsia horas depois, com os parlamentares admitindo que votaram sem ler o texto.
 
Entretanto, setores mais extremos da direita reagiram com mais indignação. O deputado Ignacio Urrutia do partido ultraconservador UDI (União Democrata Independente), prometeu relançar um projeto criado por ele em 2015 pedindo que o nome e as imagens de Salvador Allende também sejam banidas dos organismos públicos – rejeitado na época.
 
Com a aprovação da resolução, o ministro de Defesa do Chile, José Antonio Gómez, afirmou que solicitará, na próxima semana, o retiro de todas as imagens do ditador nas dependências do Exército, e decretará a proibição de homenagens em sua honra dentro de edifícios do Estado. O mesmo acontecerá no caso de Israel Bórquez, cujas imagens suas dentro de edifícios do Poder Judiciário deverão ser retiradas, por iniciativa da ministra da Justiça, Javiera Blanco.
 
Tradução: Victor Farinelli

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

13 Comentários

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  1. Inveja…

    Que inveja!

    E nós aqui regredindo…

    Acho melhor o Lula e a Dilma pedirem asilo em algum país, os partidos de esquerda fecharem as portas, e nós, o povo, nos resignarmos.

    Este país não tem outro destino senão o de ser uma republiqueta de bananas.

     

  2. Que diferença, não? Por aqui,

    Que diferença, não? Por aqui, lamentavelmente, os miliquentos através de suas vivandeiras deitam e rolam sobre o país. Aí está o tal bolsonaro que votou contra a Dilma em homenagem ao deslustrado ustra. Ou os imbecis pelas ruas dizendo que o golpe errou em não ter matado a Dilma. E o mp, ó, ó e ó, só de olho no Lula. Não adianta, o Brasil é ninho de cobras: as eleições municipais é o exemplo mais “escuro” e atual da dominação total da população por parte dos capitães-do-mato (quer dizer, mato quase não há mais).

  3. Na bananalandia, eu me contento com pouco.
    Já nem peço tanto.

    Só trocar o nome da ponte rio Niterói já seria alguma coisa. Esta importante obra, numa cidade de ressonância como o rio, homenageia o pai do AI_5 costa e Silva .

    Não me iludo que atitudes como essa do post possam um dia ocorrer aqui.

  4. Pinochet

    Bobagem!  Santa credulidade!

    Nas próximas “eleições” chilena o big bróder entra em cena e volta ao “status quo ante”.

    Vide o Brasil. O congresso anula a cassação do Jango e em ato contínuo a direita volta, tudo dentro das “normalidades democráticas”.

    Daqui a 50 anos o congresso devolve o mandado da Dilma aos seus netos. Imediatamente a Direita volta e fica por mais meio século. E assim caminha a democracia latina. Quatro a cada 50 anos.

  5. Hora de pedir indenizações pesadas

    O Congresso norte-americano aprovou dispositivo que permite às vítimas do 11 de setembro processarem a Arábia Saudita em busca de reparações.

    Se vale para Chico, deve valer para Francisco.

    Afinal, trágica e ironicamente, a data é a mesma. No Chile, ocorreu 28 anos antes.

    1. E a Arabia Saudita vai pagar?

      E a Arabia Saudita vai pagar? Não tem o menor cabimento, os terroristas estavam a mando do Rei? Claro que não,

      então qual a logica da indenização? Vão apenas perder um aliado fundamental no Oriente Medio.

    2. çç

      Aquele Congresso aprova cada coisa !  Aprovou o  Patriot Act que extinguiu a privacidade dos cidadãos.  Aprovou a institucionalização da tortura. E jamais vai reconheder que o 11 de setembro não foi o ato inaugural dessa guerra com o Islã ; mero revide a décadas de dominação, exploração, rapinagem, humilhação, pelos imperialistas de todas latitudes USA e França pagam.

  6. Terrorismo de Estado no Brasil

    O pior dos terrorismo é aquele praticado pelo Estado contra seus próprios cidadãos.

    E dentre o terrorismo de Estado o pior é aquele praticado pelo Judiciário.

    Hoje, infelizmente, o Brasil é um país que está vivendo um terrorismo de Estado capitaneado pelo Judiciário. 

    Quem sabe em algumas décadas todas estas figuras que hoje prendem e torturam seus opositores políticos, com o Sérgio Moro e o Dagnoll, também terão a classificação adequada: Terroristas de Estado. 

    1. $$

      Os  ditadores brasileiros iguais ao Pinochet são reverenciados no Congresso Nacional, homenageados com nomes de ruas, cidades,escolas.Seus iguais da Argentina se extinguem nas prisões.  UM mesmo poder oculto (?) bancou os três golpes.

      1. “”Seus iguais na Argentina”

        “”Seus iguais na Argentina” não são iguais. A ditadura argentina foi infinitamente mais brutal do que a chilena e esta muito mais repressiva que a brasileira. São escalas muito diferentes.  No Brasil o Congresso ficou aberto a maior parte do tempo,

        na Argentina e Chile não, na Argentina foram mortos 30 mil, no Chile 3.300, no Brasil pela contagem da oposição 467.

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