Conselho do MPF rejeita indicação de Ailton Benedito para o Comissão sobre mortos na ditadura

O veto foi feito pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), por seis votos a quatro. O colegiado entendeu que não cabe ao governo Jair Bolsonaro fazer a indicação e que o cargo não está vago. O procurador Ivan Marx está ocupa o cargo.

Jornal GGN – Foi vetado, nesta terça, dia 6, a indicação do procurador da República Ailton Benedito para a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. O veto foi feito pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), por seis votos a quatro. O colegiado entendeu que não cabe ao governo Jair Bolsonaro fazer a indicação e que o cargo não está vago. O procurador Ivan Marx está ocupa o cargo.

O convite a Ailton partiu de Sérgio Augusto de Queiroz, Secretário Nacional de Proteção Global, que é subordinado à ministra Damares Alves.

O voto do subprocurador Nicolao Dino foi no sentido de rejeitar o parecer favorável de Maria Caetana Cintra. A maioria do Conselho o seguiu.

Raquel Dodge foi de um lado a outro. Após o voto do vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, ela mudou de posicionamento e também vetou a indicação de Ailton Benedito. Tal decisão pode pesar na balança de decisão de Jair Bolsonaro, já que Raquel Dodge tenta se alinhar e, lembrando, que em junho, quando começou a discussão, ela se manifestou favorável ao nome de Benedito.

Segundo o voto de Mariz Maia, Benedito não tem perfil para representar o Ministério Público Federal em um órgão que tem por objetivo reparar as vítimas da ditadura. Ele tem o costume de defender o regime militar em suas redes sociais. Além disso, para Mariz, o MPF deve contemplar alguém que defenda essa premissa. É preciso alguém que use “a linguagem da memória e da verdade para ter reparação”, disse ele.

“Desaparecidos e mortos não são fatos daquele período duro da ditadura apenas. Mortos e desaparecidos doem ainda hoje. Continuam mortos e continuam desaparecidos. E a dor dói em toda a família. Quem é parente ou ligado a mortos e desaparecidos sente, ainda, que é seu dever lutar para que eles possam ter justiça e reparação. A dor dói duramente e ainda agora. É dever de quem sobrevive a um morto e desaparecido fazer sua missão de vida saber o que foi feito pelo restado brasileiro com esse que morreu e desapareceu. Portanto, são mortos insepultos na memória, e isso o Brasil precisa resgatar duramente”, disse Mariz.

Eugênia Augusta Gonzaga, procuradora destituída por Bolsonaro da presidência da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, acompanhou a sessão. Três dos sete integrantes do colegiado foram destituídos na mesma ocasião.

Redação

3 Comentários

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  1. PQP, essa foi demais ! Dá pra começar a acreditar na Nova Democracia pregada e repercutida pelo Nassif. Tem coisas que a gente diverge e quando começa a se comprovar que estamos do lado errado na divergência dá uma alegria !

  2. “Mortos e desaparecidos doem ainda hoje. Continuam mortos e continuam desaparecidos. E a dor dói em toda a família. Quem é parente ou ligado a mortos e desaparecidos sente, ainda, que é seu dever lutar para que eles possam ter justiça e reparação.”

    É impressionante a cegueira estrutural e generalizada da ordem institucional. Não se está aqui mitigando a dor das pessoas mas… e a estrutura? As ditadura ferem de morte, sim, as pessoas mas muito mais profundamente, as estruturas do estado democrático de direito.

    Vai que num laivo de demência Bolsonaro, pessoalmente, ordene que todas as famílias de desaparecidos e mortos recebam as indenizações pleiteadas. Isso significa que daqui por diante não haverá mais ninguém oprimido por protestar contra governos autoritários? Claro que não.

    O pessoal se bitola muito por essa lógica individualista como se não houvesse amanhã, como se não houvesse uma sociedade nacional inteira prejudicada pelo autoritarismo, e depois ainda reclama…

    Ora, caro Mariz, sem olvidar de experiências individuais, o que adianta para a sociedade é combater a repressão, o sequestro da Liberdade como instituição.

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