Defensoria Pública do RJ manifesta-se contra ‘fichamento’ de cidadãos

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro se manifestou contra o ‘fichamento’ de moradores de comunidades fluminenses, ação engendrada por militares das Forças Armadas. Segundo a Defensoria lembra, em sua nota, a abordagem indiscriminada de cidadãos está em desacordo com a Constituição Federal, violando direitos fundamentais.
 
A abordagem pessoal, diz a nota, pelo ordenamento jurídico, só é válida e permitida quando existem razões concretas e objetivas para tal, como a suspeita de que a pessoa esteja portando bem ilícito ou praticando delito. Morar em uma comunidade pobre não é razão para tal suspeita, diz a nota. Isto é, portanto, grave violação dos direitos à intimidade e liberdade de locomoção.

 
A Defensoria mostra sua preocupação com a ausência de transparência nas operações, considerando grave a notícia de que jornalistas não puderam acompanhar a ação. Lembram que agentes federais também têm o dever administrativo de prestar contas à sociedade.
 
Por fim, a Defensoria se coloca à disposição daqueles que se sentirem constrangidos, reiterando seu compromisso em defesa das garantias constitucionais e da cidadania.
 
Leia a nota a seguir.
 
NOTA PÚBLICA
 
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro manifesta sua veemente discordância com o “fichamento” de moradores de comunidades fluminenses por militares das Forças Armadas. A abordagem generalizada de cidadãos está em manifesto desacordo com a Constituição Federal e configura violação dos direitos fundamentais. 
 
De acordo com o ordenamento jurídico brasileiro, a abordagem pessoal por qualquer agente de segurança só é permitida quando há razões concretas e objetivas para a suspeita de que o indivíduo esteja portando bem ilícito ou praticando algum delito. O fato de se morar em uma comunidade pobre não é razão suficiente para este tipo de suspeita. A lei também estabelece que nenhum cidadão seja submetido à identificação criminal se estiver portando a devida documentação civil. Trata-se, portanto, de grave violação dos direito à intimidade e a liberdade de locomoção. 
 
A Defensoria Pública também considera extremamente preocupante a ausência de transparência nas operações e reputa como graves as notícias de expulsão de profissionais da imprensa dos locais onde essas ações estão sendo realizadas. Trata-se de inconstitucional violação ao exercício profissional do jornalista, que tem não apenas o direito, mas também o dever de informar à população sobre o trabalho das instituições. Os agentes federais, como qualquer ente público, têm o dever administrativo de prestar contas à sociedade, além da estrita observância dos princípios constitucionais.  
 
A Defensoria Pública se coloca à disposição para atender àqueles que se sentirem constrangidos. Reiteramos nosso compromisso com a defesa das garantias constitucionais e da cidadania.
 
Rio de Janeiro 23 de fevereiro de 2018,
 
André Castro
Defensor Público-Geral do Estado do Rio de Janeiro
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

9 Comentários

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  1. Fosse uma medida séria eles

    Fosse uma medida séria eles saberiam que não é nas comunidades pobres que eles têm que procurar o que procuram. Que exército é esse?

  2. Chefe da gangue?

    Veja a foto acima e leia isto:

     

    “Temer disse em entrevista à Datena que Forças Armadas obedecem ao comandante supremo, que é ele”

  3. Mino o Máximo.

    Se tivéssemos meia dúzias de italianos como Mino Carta no Brasil, o país seria outro . Infelizmente pela inimaginável ignorância do seu povo Brasil está condenado para sempre a ser uma eterna República Bananola.

  4. Parece que o povo já esqueceu

    Parece que o povo já esqueceu o que estes filhos da puta destes militares fizeram com o Brasil entre 1964 e 1985.

    PQP, alguém esperava alguma coisa diferente destes desgraçados?

    1. os fichados nunca mais teriam paz ou liberdade…

      seguiriam marcados………………………….

      vistos em qualquer tipo de manifestação, seriam imediatamente presos para interrogatório

      ou torturados

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