Elza Soares, chacina de menores e o racismo no Brasil

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Enviado por Vânia
 
 
 
 
 
‘Poderia ter sido eu’, diz Elza Soares sobre chacina de Costa Barros
 
Por Luís Barrucho
 
“A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Foi cantando o refrão da canção A Carne a plenos pulmões que a cantora Elza Soares desabafou, há cerca de três semanas, sobre o caso dos cinco jovens assassinados por policiais militares em Costa Barros, no Rio de Janeiro. O vídeo da apresentação se espalhou nas redes sociais.
 
“Até quanto negros serão mortos nesse país?”, pergunta ela, em entrevista, à BBC Brasil. “Negro é gente. Precisamos de uma vacina contra essa doença incurável chamada racismo”, vaticina.
 
“Se não tivesse tido oportunidade, poderia ser eu no lugar daqueles meninos”, acrescenta.

 
Aos 78 anos, Elza fala do assunto com conhecimento de causa. Nascida em uma favela no subúrbio do Rio de Janeiro, filha de uma lavadeira e de um operário, ela conseguiu contornar o futuro sombrio reservado a quem é, em suas palavras, “pobre e negro”.
 
Elza cantou para mudar de vida. Sem dinheiro para alimentar os filhos pequenos, decidiu tentar a sorte no programa de rádio de Ary Barroso. Usando um vestido da mãe vários números acima e remendado por alfinetes, ela arrancou risos da plateia poucos antes de soltar a voz rouca que se tornaria sua marca registrada. Barroso lhe perguntou: “De que planeta você veio, minha filha”. Elza respondeu: “Do planeta fome, seu Ary”.
 
A denúncia social nunca deixou de estar presente nas letras das canções interpretadas por Elza. É o caso de seu novo disco, Mulher do Fim do Mundo, o primeiro só de inéditas de sua carreira, em que faz referência não só ao racismo, mas também à violência contra as mulheres e à homofobia.
 
De sua casa, no Rio de Janeiro, Elza falou por telefone à BBC Brasil. Veja os principais trechos aqui.
Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

9 Comentários

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  1. A fantasia da luta de classes, às vezes tornada luta de raças

    Um dos sofismas mais em moda ultimamente tem sido esse de dar uma leitura de luta de classes, ou de raças, ao fenômeno da criminalidade. A maioria dos jovens chacinados são negros, então isso é prova de que existe uma conspiração de racistas brancos para exterminar negros, certo?

    Faltou dizer que a maioria dos assassinos de negros também são negros. Esses assassinatos estão em sua maioria relacionados a guerras entre quadrilhas nas favelas, onde a maioria da população é negra. Mesmo a  PM, acusada de matar negros, também tem a maioria de seus efetivos formada por negros.

    1. Equívoco distraído, ingênuo ou intencional?

      “A maioria dos jovens chacinados são negros, então isso é prova de que existe uma conspiração de racistas brancos para exterminar negros, certo?”

      Errado, claro!

      Fica a dúvida, em teu favor, se esta tua interpretação foi inocente?

      Ninguém falou em “conspiração”. Muito menos de “racistas brancos para exterminar negros”. Quem fala (ou escreve) isso é você.

      Prosseguindo em minha dúvida, ainda em teu favor: se ninguém concluiu o que você sugere ter sido concluído, qual a motivação dessa sugestão?

      Eu tenho algumas hipóteses. Mas não as tornarei públicas enquanto não ouvir (ou ler), da tua própria voz (ou teclado), as tuas explicações. Seria imprudente da minha parte, talvez cometendo alguma injustiça.

      Sobre o resto do teu comentário:

      “Faltou dizer que a maioria dos assassinos de negros também são negros. Esses assassinatos estão em sua maioria relacionados a guerras entre quadrilhas nas favelas, onde a maioria da população é negra. Mesmo a  PM, acusada de matar negros, também tem a maioria de seus efetivos formada por negros.”

      Eu diria que, na realidade, “faltou dizer” que este argumento é muito semelhante àquele que atribui o comércio de escravos, exercido pelas potências europeias e colõnias do novo continente, às suas vítimas: os negros, os verdadeiros responsáveis.

      Em seu favor, Pedro, reconheço que você não chegou a usar a explicação acima. Espero que não a subscreva.

    2. “maioria dos assassinos de

      “maioria dos assassinos de negros também são negros. Esses assassinatos estão em sua maioria relacionados a guerras entre quadrilhas nas favela”:

      Sofisma.  Tanto eh que voce nem sabe que a maior parte dos assassinos de negros nos EUA tambem sao negros, e nao tem nem quadrilhas nem favelas envolvidos no assunto.  Exceto, talvez, na favela de Obama -Washington- onde ambos existem.

      Pra fazer um comentario tao desconectado do universo assim… da proxima vez considere nao fazer nenhum.

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