Evento debate desaparecimento e morte de jovens pobres

Da Agência Brasil

Deize da Silva Carvalho, moradora da comunidade do Cantagalo, na zona sul do Rio, faz parte da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência. No dia 1º de janeiro de 2008, ela perdeu o filho. Andreu da Silva Carvalho, de 17 anos, morreu após sofrer violência dentro de uma unidade do sistema socioeducativo, na zona norte do Rio de Janeiro.

Segundo Deize, o laudo, na época, indicava que o adolescente teve traumatismo craniano, mas não apontou de que forma foram feitos os cortes contundentes sofridos e nem quantos foram.“Eu como mãe tive que lutar e mostrar que meu filho foi torturado por seis agentes do Estado”, afirmou.

Deize disse ainda que outro laudo, produzido por um perito independente, constatou que o filho foi espancado, teve o corpo perfurado por cabo de vassoura e a cabeça mergulhada em um vaso sanitário. De acordo com ela, outros jovens, que estavam apreendidos na unidade, confirmaram que viram Andreu ser torturado por seis agentes da unidade do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).

Hoje (24) Deize é ativista de direitos humanos e contou a sua história durante debate sobre o terrorismo de Estado na América Latina. O evento lembrou o desaparecimento, no dia 26 de setembro, de 43 estudantes da Escola Normal Rural Raul Izidro Burgos, na cidade mexicana de Iguala, no estado de Guerrero.

O debate, organizado por movimentos sociais, como o Grupo de Educação Popular, Rede de Comunidades contra a Violência, Coletivo de Solidariedade Brasil-México, Aldeia Maracanã e o Grupo Tortura Nunca Mais, ocorreu no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A ativista defendeu que o grupo de mães brasileiras que tiveram os filhos mortos em consequência de violência causada por agentes públicos façam um movimento de apoio às mexicanas que até agora não sabem que fim levou seus filhos. “Assim como foi feita a campanha Cadê o Amarildo, nós queremos saber onde estão os 43 estudantes”, disse.

A jornalista Gizele Oliveira, moradora do Conjunto de Favelas da Maré, na zona norte do Rio, está organizando o Fórum de Segurança de Moradores da Maré, um trabalho decorrente do Fórum da Juventude de Favelas.

Segundo a jornalista, os moradores dessas comunidades sofrem discriminações por serem negros, pobres, indígenas e favelados. “O tiro de borracha é no asfalto. O tiro de fuzil é na favela”, afirmou durante o debate. Gizele acrescentou que os moradores lutam por direito à vida e para ter acesso a mais programas de saúde e educação “A Maré tem 132 mil moradores e somente oito escolas”, afirmou.

O Complexo de Favelas da Maré ficou sob ocupação das Forças Armadas com 500 homens do Corpo de Fuzileiros Navais  e 2 mil do Exército durante 14 meses. Segundo o Ministério da Defesa, nesse período as tropas federais fizeram 553 prisões de adultos e 254 jovens foram apreendidos. Gizele disse que o desaparecimento de adolescentes são frequentes e, como no caso do México, é preciso tornar a luta dos desaparecidos da Maré conhecida internacionalmente.

Redação

2 Comentários

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  1. Hum…Entendo.Mas assim só

    Hum…

    Entendo.

    Mas assim só vale morte feita pelos agentes do estado?

    Não vale feita por outros ” menores pobres “?

    Não há casos a serem abordados de mortes feitas entre eles?

    O “menino pobre ” executado no portão de casa por outro menor para roubar seu celular teve a dor de sua mãe relatada com direito a foto em algum texto humanista?

    Houve ou hávera algum evento tratando e denunciando a dor das vitimas ” pobres, negras , mulhes, indigenas ou gays ” espancadas, mortas, estupradas, assediadas diariamente nas mão dos  tão citados ” meninos pobres “?

    Demagogia no trato da questão é um caso serio…

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