Folha dá direito de resposta por reportagem falsa sobre “golpe da vidente”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – A Folha de S. Paulo teve de dar direito de resposta a Maria Helena Gimenes, em função da reportagem “Falsa vidente é investigada por golpe de R$ 50 milhões em megaempresário”. O texto foi reproduzido em um comentário enviado por um leitor do GGN, que agora abre espaço para o contraponto. 

O falso “golpe”

Por Maria Helena Gimenes

Na Folha

Esta Folha abre a página 3 para um direito de resposta há muito solicitado por mim, por intermédio de meus advogados. Desde quando foi publicada a reportagem Falsa vidente é investigada por golpe de R$ 50 milhões em megaempresário (edição 31/10), convivo com imenso dano à minha imagem e reputação.  Fui transformada em protagonista de uma trama pretensamente verossímil que tem, de fato, dois únicos atores que importam: Emídio Mendes e Ivani Lucas, que emprestou dinheiro ao primeiro para pagamento de dívidas do empresário no Brasil, e que ele hoje se nega a pagar. Lucas é credor de Mendes pelo empréstimo de R$ 14,25 milhões (valor de fevereiro de 2010), dinheiro que possuía devidamente declarado à Receita Federal. A narrativa sensacionalista foi inclusive reproduzida em portais portugueses, país onde vivi parte de minha vida.


Pela proximidade de Mendes no passado, intermediei essa relação comercial e acabei vítima dessa história e dos fatos daí derivados. O suposto “golpe de R$ 50 milhões” é a falácia decorrente dessa reportagem, que colocou em manchete um número que o texto não explicita como quantificou.

A Folha alega não ter citado Lucas por “não se tratar do tema principal da matéria” e, ainda, que Mendes diz ser ele um “laranja” meu. Ora, tomou-se como verdade a palavra do empresário, ignorando o fato de que Lucas é o credor que obteve na Justiça o bloqueio das contas e imóveis de Mendes e de suas empresas, em face ada confissão de dívida firmada em 2010, da ratificação dela em 2014, do descumprimento desmotivado do empresário das obrigações assumidas nas confissões citadas e de ele estar se valendo de “artifícios para deixar de cumprir suas obrigações”. Foi este homem, prejudicado pelo denunciante, que o jornal ignorou sem nem sequer investigar mais a fundo sua história? E isso não é fazer julgamento?

Nunca me declarei vidente, como alardeia a reportagem. As acusações usadas por Mendes para me desqualificar são fruto de distorções de fatos com o único propósito de transformar o empresário de devedor em vítima. Até episódios que teriam ocorrido com minha filha foram atribuídos a mim, sem que deles eu nunca tivesse conhecimento. Fala-se de inquéritos dos quais eu nunca tive ciência.

Não sou “portadora” de identidades falsas. Essa questão é objeto de inquérito policial que tramita na Polícia Federal, onde depoimentos já comprovaram que tais documentos não foram produzidos por mim, e que eu nunca os utilizei. O inquérito já havia sido inclusive arquivado, mas foi retomado após nova denúncia anônima. Ali já se demonstrou que tanto aquelas identidades, quanto as denúncias formuladas, são responsabilidade de meu ex-marido, que também seria o autor de gravações, que a Folha diz ter em seu poder e nas quais ele me acusa de dar ‘golpes em empresários”. Meu ex-marido virou “fonte” e o repórter não teve o cuidado nem sequer de saber por que me acusa?

A Folha buscou os advogados dos personagens em questão, mas, inaceitavelmente, com foco mal direcionado e nos endereços errados. Contatou o escritório Yarshell e Camargo Advogados para obter informações sobre mim, quando quem trata de minha defesa é o escritório Carnelós e Garcia. Aquele primeiro cuida, na área civil, da defesa de Ivani Lucas, que foi lesado pelo assim qualificado “megaempresário”. E inaceitavelmente chegou a um terceiro profissional, quando uma simples busca no inquérito na PF permitiria saber que o advogado criminalista que consta nos autos como meu defensor é Eduardo Carnelós. Infelizmente, esta Folha transformou em notícia o que nunca poderia ter passado de fofoca interesseira.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. Um show de dignidade, Nassif

    Dela e seu!!!  Uau!  Se ela tivesse te contatado antes voce teria dado o direito de resposta imediatamente e…  ninguem disse isso pra ela????

  2. A Folha deveria ter publicado em outro lugar

    O link para a matéria da Folha está errado.

    Detalhe: a matéria da Folha está inserida na seção “Cotidiano” da Folha.

    A resposta foi publicado em lugar diverso, na seção de “Opinião”. Acredito que a resposta deveria ser publicada na mesma seção da matéria que suscitou o pedido de resposta.

    1. Vale tanto quanto “Joao

      Vale tanto quanto “Joao Alexandre eh bobo e feio e tem xuleh”.  Quer fazer o favor de especificar mais?  E de onde voce tirou “SUPOSTA VIDENTE” ja que a mulher eh provavelmente espirita e isso foi inventado na reportagem e ela o negou terminantemente?

      Nao, nao sou qualquer um nao.  Eu tambem sou “suposto vidente” e ja conheco as quebradas todas:  responder as DUAS perguntas somente ou fechar o bico, eu nao estou aqui pra “brincar” de assunto espirita nao.  Nem se iluda…

  3. Agora é a indenização

    Agora é a indenização cível, que deve usar como parâmetro todo o faturamento do veículo responsável pelas matérias, em todos os dias em que ela foi publicada, tanto por vendas como pela publicidade paga. Afinal, notícias falsas, escândalos etc. têm por objetivo aumentar o faturamento, e nada mais justo que a medida pedagógica seja em cima do benefício que as calúnias geraram. Sem dúvida, a Lei do Direito de Resposta trouxe Cidadania ao país. Parabéns ao bravo Roberto Requião, que deveri ser nosso Ministro da Justiça ou da Agricultura, pela sua postura corajosa contra as sementes transgênicas e terminator no Paraná.

  4. esse é o jornalismo 

    esse é o jornalismo  investigativo da foia…

    não respeita o outro – nem em geometria, o outro lado….

    bastaria oiuvir essa tal resposta e aprofundar ainda mais a matéria…

    mas a canalhice chegou a tal ponto que perderam

    o limite do que deve ou não ser investigado..

    talvez seja porque os grandes repórteres que perdem

    mais tempo para coletar osdados do que esses chefetes de quinta categroia exigem

    já tenham deixado as redações.

    ou por terem desanimado de tanto golpismo

    ou porque foram demitidos por serem muito bons

    e, portanto, irem contra os interesses dos patrões,

    que preferem os puxa-sacos e quetais….

  5. Está próximo o tempo em que

    Está próximo o tempo em que os jornais, em especial a sonsa Folha de São Paulo, virão com duas edições: a primeira só com os direitos de resposta; a segunda com as matérias jornalísticas. 

    Ou baixam a crista e deixam de ser arrogantes ou então fecharão de vez as as portas. Os tempos são outros. 

  6. Eu acho que da mesma forma

    Eu acho que da mesma forma que a polícia desaprendeu seu ofício após o AI5, repórteres desaprenderam o seu após esta tentativa de golpe por esforço de mídia.

     

    Jornalismo acabou!

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