Infâncias perdidas – Qual o valor de uma vida negra?, por Patrícia Felix e Arthur Felix

“Não há registros oficiais de todos os casos de crianças desaparecidas no Brasil, e isto ocorre devido a falta de informação sobre o assunto. A estimativa do Governo Federal são 40 mil crianças todo ano, mas o número é muito maior."

do Portal Favelas

Infâncias perdidas – Qual o valor de uma vida negra?

por Patrícia Felix e Arthur Felix

Domingo, dia 27/12, Lucas Matheus da Silva, de 08 anos, seu primo, Alexandre da Silva, de 10, e Fernando Henrique Ribeiro Soares,de 11 anos, desapareceram após saírem de casa, como de costume, para brincar no campinho do Bairro Castelar, no Município de Berford Roxo, na Baixada Fluminense. Segundo relatos de familiares, as crianças eram acostumadas a irem ao local para brincar e retornavam para almoçar, o que não ocorreu naquele dia. As buscas começaram a ser feita pelos familiares, onde não obtiveram êxito, mesmo após percorrerem hospitais, o Instituto Médico Legal, IML, e delegacias da região. No dia seguinte, as mães das crianças foram à Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, DHBF, em busca de suporte para a resolução do desaparecimento de seus filhos.

Apesar da DHBF iniciar as investigações de praxe e uma mobilização pontual pelas mídias locais e redes sociais, ainda constatamos que a devida importância, por parte da sociedade civil e estado ainda é ínfima em relação a prioridade absoluta que é taxativa nos artigos 227 da Constituição Federal e ao artigo 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que dispõe sobre crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, com prioridades impostas à família, sociedade e estado.

“Não há registros oficiais de todos os casos de crianças desaparecidas no Brasil, e isto ocorre devido a falta de informação sobre o assunto. A estimativa do Governo Federal são 40 mil crianças todo ano, mas o número é muito maior. Não existem campanhas esclarecedoras que ensinem os pais como agir no momento em que o seu filho desaparece, e esta falta de conhecimento piora ainda mais a recuperação da criança num tempo hábil.

O tráfico de crianças por quadrilhas que atuam em território nacional e internacional, aliciam ou seqüestram crianças para fins de venda de órgãos, trabalho escravo infantil, prostituição infantil e adoção ilegal é a maior incidência de desaparecimentos.

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Redação

4 Comentários

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  1. Tá, sei.
    Estado, polícia, ECA, Conselho Tutelar, mas e a responsabilidade da família?
    Três crianças na rua sem supervisão?
    Pais que esquecem filhos e os sufocam dentro dos veículos, crianças perdidas nas praias, shoppings, etc.

    Será que o problema é só do Estado? Será que é só um assunto de classe e de etnia?

    Será que antes de ensinar pais a adotarem medidas quando do desaparecimento, não deveriam ter campanhas para ensinar pais a serem pais?

    Ou a escolherem se querem mesmo sê-lo?

    Ou liberarmos o aborto?

    Em tempo:

    Abandono de incapaz

    Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:

    Pena – detenção, de seis meses a três anos.

    § 1º – Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:

    Pena – reclusão, de um a cinco anos.

    § 2º – Se resulta a morte:

    Pena – reclusão, de quatro a doze anos.

    Aumento de pena

    § 3º – As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:

    I – se o abandono ocorre em lugar ermo;

    II – se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.

    III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos(…)”

  2. PS: De acordo com várias sociedades médicas ligadas a traumas (ortopedia, pediatria, dermatologia, etc), a maioria esmagadora dos incidentes com crianças (intoxicações, traumas, afogamentos, etc) acontece dentro de casa.
    Nem vou citar os abusos sexuais.
    Então se é verdade que as polícias devem agir com mais rigor contra as máfias internas e externas de tráfico de pessoas e órgãos, cabe também uma boa olhada na “tradicional família brasileira”.

  3. Estranho, não me imagino sem as ruas do meu bairro urbanizado, arrumado, seguro, enquanto minha mãe cuidava da interminável tarefa caseira e meu pai trabalhava para comprar a manutenção da casa. Lembremos que a alma da rua já foi taxada de “Encantadora”. A proteção de toda família, para que ela possa funcionar como tal, é dever do Estado. A “tradicional família brasileira” é um estereótipo falacioso, retórico, não existe. Veja os telejornais e suas matérias sobre a prevenção à covid feitas dentro dos condomínios residenciais, onde todos compram a segurança que as favelas não podem comprar. Em entrevista ao repórter Caco Barcellos para a confecção do livro de sua autoria: Abusado – O dono do Morro Santa Marta, Marcinho VP revelou que uma das reclamações recorrentes que ouvia no local era que, enquanto as crianças do asfalto tinham duas ou três mães para cuidar delas, as crianças do morro não tinham nenhuma. A covid escancarou: as mães do morro vão se contaminar compulsoriamente na Zona Sul e nos condomínios e levam o vírus de volta prá casa.

  4. Todos sabem o nível de violência em que essa merda de país está, todos sabem a real situação de vida em seus bairros (em que não podem confiar em praticamente ninguém), e todos (pobres) sabem que não podem contar de maneira alguma com as forças policiais dos seus Estados. Então, pelo amor de Deus, cuidem de seus filhos! Três crianças com no máximo 11 anos de idade indo brincar sozinhas “perto de casa” ? Hoje em dia nós não podemos deixar os nossos filhos brincarem sozinhos sequer em frente ao portão de nossas casas! E é preciso também que certos intelectuais, certos sociólogos ou antropólogos de ocasião parem de explorar situações como essas (o desaparecimento destas três crianças) para a construção de um discurso sociológico de culpabilização somente do Estado, com uma alienação da responsabilidade do pais ou responsáveis legais destas crianças. Ah, as crianças estão cansadas, estressadas, por ficarem muito tempo dentro de casa? Pois bem, que vão para a rua brincar, mas acompanhadas. Onde moram é violento ou os pais não “tem tempo” para acompanhar seus filhos? Então não tem jeito, tem que ficar dentro de casa. É assim, acredito eu, que se deveria fazer. Você tem seu filho? Então a responsabilidade pela vida dele, pelo cuidado sobre a vida dele é sua! Ah, você é mãe solteira, o pai da criança não quer saber dela? É triste isso, mas a responsabilidade pelo cuidado sobre a vida dela é sua (o mesmo vale para o pai solteiro).

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