Juíza que liberou bloco Porão do Dops demonstra ignorância de fatos históricos

Magistrada declarou que militares enaltecidos pelo bloco “sequer foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial”
 
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Jornal GGN – A juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, que permitiu o desfile do bloco de carnaval auto-intitulado Porão do Dops “demonstrou ignorância ou má-fé” na liminar concedida ao grupo que homenageia ex-torturadores do regime militar brasileiro. É isso que indica a nota de repúdio divulgada neste final de semana pelo Comitê Paulista pela Memória.
 
O grupo aponta que a magistrada da 39ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo declarou nos autos que as pessoas enaltecidas pelo bloco Porão do Dops “sequer foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial”.
 
Com estreia marcada para o dia 10 de fevereiro, o grupo homenageia torturadores e assassinos do período militar brasileiro (1964 – 1985) como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o policial Sergio Paranhos Fleury, enaltecendo crimes contra a humanidade, segundo entendimento da própria ONU ao avaliar história da ditadura no país. 
 
“Consideramos que a decisão da juíza Daniela, além de desrespeitar a memória das vítimas que tombaram dentro das masmorras da ditadura e os ex-presos que sobreviveram às sevícias de torturadores, (…) ainda contribui para a agressão ao estado democrático de direito, possibilitando a disseminação de ódio nas ruas da capital paulista”, pontua a nota do Comitê formado por ex-presos políticos e ativistas de direitos humanos, leia a seguir na íntegra
 
Nota de repúdio
 
O Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, que reúne ex-presos políticos e ativistas de direitos humanos, repudia veementemente a decisão da juíza Daniela Pazzeto Meneghine Conceição, que permite o desfile neste Carnaval de um grupo fascista, auto denominado Porão do Dops, que faz apologia à tortura e enaltece reconhecidos torturadores, que atuaram na ditadura militar.
 
Consideramos que a decisão da juíza Daniela, além de desrespeitar a memória das vítimas que tombaram dentro das masmorras da ditadura e os ex-presos que sobreviveram às sevícias de torturadores, como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e o delegado Sérgio Paranhos Fleury, ídolos desse grupelho fascista, ainda contribui para a agressão ao estado democrático de direito, possibilitando a disseminação de ódio nas ruas da capital paulista.
 
Não bastasse tudo isso, a juíza em seu veredito, ao conceder a liminar que autoriza o desfile, ainda demonstrou ignorância ou má-fé.  Diz ela que as pessoas enaltecidas pelo bloco Porão do Dops “sequer foram reconhecidas judicialmente como autores de crimes perpetrados durante o regime ditatorial”. Como pode a juíza Daniela desconhecer a decisão da Primeira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, que confirmou, por unanimidade, a sentença de primeira instância, que reconheceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra como notório torturador?
 
Com sua decisão, a magistrada revela, também, que se manteve alheia ao relatório da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da ditadura e apontou tanto Ustra quanto Fleury, como reconhecidos torturadores de ativistas que lutaram contra a ditadura militar.
 
Em tempos de condenação sem provas e indulgência a criminosos, o Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça reitera sua luta pela punição dos torturadores e sua posição de nenhuma concessão a apologistas da tortura e dos agentes de Estado que perpetraram violações aos direitos humanos.
 
Por tudo isso, nos somamos a todos aqueles que estão unidos para impedir esse desfile macabro, numa festa popular, que nasceu como resistência aos do andar de cima.
 
Fora Porão do Dops!
 
 
Redação

17 Comentários

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  1. Com a licença da família, e
    Com a licença da família, e todo o devido respeito ao sofrimento por que passaram, eu gostaria de pedir a nobre juíza que pesquisasse o nome Aurora Maria Nascimento Furtado, no Google, ou no YouTube.
    Tomei conhecimento da história dessa moça há trinta anos atrás, e esse nome nunca mais me saiu da memória.

    1. Podridão no judiciário

      José Carlos

      Discordo de você. Não se trata de uma “dona burralda”. Trata-se de uma mulher com valores fascistas que usa sua função pública como instrumento de fortalecimento do fascismo. O judiciário está podre.

    2. dona..,…

      Cachorro atras do rabo. Cospe pra cima, advinha na cabeça de quem o ‘resultado’ cai? Qual era o argumento defendido por esquerdoparas quando letras de funk faziam apologia ao crime, uso e tráqfico de drogas e atacar forças policiais? Licença Poética e Obra de Ficção? O Brasil é muito simples. 

  2. SE ELA TIVESSE VERGONHA NA CARA

    PEDIRIA MIL DESCULPAS PELA IGNORÂNCIA E MUDAVA A PRÓPRIA DECISÃO CASSANDO A LIMINAR.     MAS COMO O PAI OU A MÃE DELA OU QUALQUER OUTRO PARENTE DELA NÃO DEVE TER RECEBIDO TORTURA DAQUELES VERMES, ENTÃO ELA FINGE QUE NÃO LEU ISTO.     ALIÁS, OUTRA DÚVIDA: E CADÊ A PORCARIA DE JUDICIÁRIO DESSE PAÍS, QUE A CARMINHA NÃO QUER VER DESACATADO, POIS NUMA HORA DESSA UMA SEGUNDA INSTÂNCIA DEVERIA MAIS É DESFAZER A CAGADA DA IGNORANTE DE PLANTÃO.

  3. Dane-se
    A máscara caiu e ligaram o botão do foda-se.
    Foda-se a opinião pública; aliás, a opinião pública assente e concorda.
    Do sonho direto para o mais terrível pesadelo. Não vai sobrar nada de algo que um dia pode ter sido um arremedo de nação.

    1. serjão  ..experimente se

      serjão  ..experimente se perguntar do PORQUE a tal opinião pública parece concordar ?  ..quem sabe da resposat, a solução  ..ou a mudança da estratégia

  4. Caro Nassif
    A cada hora,a 

    Caro Nassif

    A cada hora,a  cada dia, os golpistas sentem-se fortes para mostrar os  fascistas que são.

    Saudações

  5. Cognição sumária ou acefalia, excelência?
    Nassif, bastaria à juíza Daniela Conceição entrar na página do grupo Direita São Paulo para saber que o arrazoado em que se baseia para liberar o bloco “Porão do Dops” é falso. O simples fato de seus responsáveis justificarem o mesmo como uma reação ao “Bloco Soviético” demonstra que o mesmo não passa de pretexto para a exaltação da tortura, dos torturadores e do regime ditatorial de 64, uma vez que, como define Tiago Marconi, o nome do Bloco Soviético de que foi um dos fundadores “surgiu como ironia para uma visão polarizada do mundo e uma piada com quem vê qualquer crítica ao capitalismo como bolchevismo, algo que tem se tornado cada vez mais comum na internet em tempos de manifestações”. E que, como continua a jornalista Cilmara Bedaque, outra fundadora, qualquer rival do Bloco Soviético deveria se chamar “Bloco da OTAN”, organização que combatia o antigo regime soviético extinto desde 1992, com uma diferença acachapante do “Porão do Dops”: seus responsáveis são defensores das causas gays e do “regime cachaçalista” em contraposição ao capitalista durante o Carnaval, numa alusão à marchinha “Você pensa que cachaça é água”, em que trocam a água pela vodka – assim como cantam a histórica marchinha “Mulata Bossa Nova” como “Reaça Escravocrata/Saiu na passeata/mas que delícia/ieieiê, ieieiê/selfie com a polícia”. A juíza cita o Bloco Soviético e sua finalidade jocosa, mas antes disso confunde a apologia de torturadores e da ditadura com “direito reconhecido com o processo de democratização, após longos anos de repressão e desrespeito aos direitos da dignidade da pessoa humana”. Ou seja, muito embora os responsáveis pelo “Direita São Paulo” tenham perdido até o restaurante de onde saíriam (Restaurante Três Pescadores, na Lapa, cujos donos se justificaram dizendo não apoiar a violência e o preconceito), continuam enaltecendo – com o aval da juíza no que chama de “cognição sumária” ou justificativa – o “regime político” de 64 e não vêem seus homenageados como torturadores, preferindo considerar a condenação dos mesmos por tais crimes pelo TJESP como fruto de um “tribunal de exceção”. Cognição sumária ou acefalia por conveniência, excelência?

    1. Tortura e memória
       

      Assim como entre pranto e ranger de dentes as mulheres têm o segundo filho, a segunda guerra sucede à primeira, sucessivamente.

      Esquecer é preciso para manter o infernal sistema e ele mesmo se encarrega de apagar a memória das futuras gerações.

      Um descanso na dor, uma ligeira alternância para alimentar a esperança vã na tal felicidade, uma trégua ilusória mas  o mal sempre  se impõe.

       

      1. Amnésia, não; golpistas impunes, mesmo…
        Amoraíza, esquecer a dor do primeiro parto é inerente à maravilhosa vida dele resultante, que faz valer a pena uma nova concepção e o dar à luz outra vida. Nada que o simples primeiro abraço não compense. Já “esquecer” a História Contemporânea e viabilizarr atrocidades como a celebração à tortura dos ditadores é prerrogativa dos mantenedores desse Estado de Direita – mantido por essa “amnésia coercitiva” de termos abolido o ensino de História e jamais termos dado nome aos bois ou carrascos que vitimaram a Nação entre 64 e 85 e retornaram agora, trocando fardas por togas, até quando as atuais e futuras gerações consentirem em viver subjugadas pelo “neoliberalismo coercitivo” que responde até pela crescente queda da natalidade entre nós, pois seria injusto dar à treva a novas e inocentes vidas…

  6. torturar é manipular a dor das vítimas e familiarres…

    ad aeternum

    taí uma simpatizante que, aparentemente, confirmou

    e que só poderia surgir de um outro sistema doente mesmo, do judiciário

  7. A gente não pode esquecer de

    A gente não pode esquecer de que, se antes os militares mantinham o poder da coerção armada, desde Sérgio Fernando, o Ópido Fleury, esse poder passou para mãos civis. Hoje quem o exerce é um outro Ségio Fernando, o Moro. Ou o que faria esse juiz se não fosse pelo poder sobre a violência institucional, via PF, que tem? A diferença é que na fase anterior do golpe o judiciário tinha algum bom senso, ainda não estava totalmente comprado pela iniciativa privada do dólar. Hoje Moro, Dellagnois e Dodges apoiam o poder do privado sobre o público, apoiam qualquer privatização… querem manter o estado apenas como pagador de suas regalias. Mas nada de saúde ou educação públicas, nada de prósperas empresas estatais financiando políticas públicas. Exceto, como se vê, a locupletação de si mesmos.

    Mas foi lá atrás que começou. Lembra? É o mesmo golpe com outra cara, repaginado.

  8. Sabe que não a culpo

    Sabe que não a culpo totalmente  ? É uma inocente ESTUPIDA  ..concursada, arrogante ..ferrado mesmo estamos nós por termos que nos submeter ao julgo deste tipo de pessoa

    ELA, como MILHÕES depois da década de 70, é fruto duma geração de ANALFABETOS históricos

     ..daqueles que só aprenderam a fazer a rodinha do óh nas escolas ..daqueles que foram proibidos de terem aulas de história do Brasil (a refletirem sobre nossa realidade, mazelas, problemas seculares)  ..pior, dos milhões que foram instigados a amarem cada vez mais os EUA e seus valores.

    DOUTRA FEITA devo reconhecer que a “esquerda raivosa” acabou por atiçar com vara curta a onça da ignorância

    ..e exemplos de “temas” cavernosos, tratados com simplificação, raiva, radicalismo e AMADORISMO tb não faltaram pelo lado dos que se julgam progressistas  ..destes que ajudaram a despertar das TUMBAS do anacronismo, este tipo de direita abjeta, hidrofoba

    Exemplo de algumas bandeiras-causas e teorias que sequer deveriam ter sido asteadas da forma inapropriada com que foram tocadas:

    – COPIAR as cotas raciais dos EUA em prejuízo das SOCIAIS, muito mais adequadas a nossa realidade

    – querer voltar a apenar a ala da direita pelos crimes promovidos dentro do regime militar (e absoRvidos pela anistia)

    – ao invés de defenderem a CIDADANIA indistinta como reza o 5o artigo, grupos barulhentos passarem a pinçar causas que fizeram cada vêz mais os brasileiros desiguais diante das leis

    ..como a lei maria da penha, o “casamento gay” tentando-se forçar a ser aceito em rituais de religiões e seitas ..a criminalização generalizada das policias e das Forças Armadas em temas que envolvem Segurança Pública ..a invasão de terras públicas com a proliferação de favelas  ..a vitimização indistinta de tudo quanto é tipo de MARGINAL ..a idéia do ESTADO dizer como os pais deveriam educar seus filhos  ..a criação de atritos fictícios que mais incendiaram do que apaziguaram as diversas chamas da injustiça ..como o insuflar de homens contra mulheres, brancos x negros, sulistas x  nordetinos, pobres x riscos, olhos azuis x castanhos e por aí vai

    Sem duvida um retroceder social que parece não mais ter fim  ..ainda mais com o banimento da candidatura de LULA e a permanência de demais candidatos nanicas e/ou madíocres

     

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