Lalo Leal Filho: Brasil e a guerra midiática contra a Venezuela

A guerra midiática contra a Venezuela é antiga, desde a época do presidente Hugo Chavez.

Brasil e a guerra midiática contra a Venezuela

por Laurindo Lalo Leal Filho     

Olá.

Na semana passada alertei aqui para a volta das falas belicosas do presidente Trump contra à Venezuela.

Disse ele, sem nenhuma cerimônia, “que algo vai acontecer” com aquele país.

Acrescentando que os Estados Unidos estariam “bastante envolvidos nisso”.

Ou seja, não estariam sozinhos.

Isso na frente de representantes militares da Colômbia e do Brasil.

Não era preciso dizer mais nada sobre quem seriam os seus cúmplices na aventura contra os venezuelanos.

Eles estavam ali, na sua frente.

Mas guerra não se faz só com militares.

Antes das tropas, circulam as ideias.

É preciso conquistar corações e mentes para justificar o terror, a destruição e as mortes causadas pela guerra.

E ai entra a mídia para criar o clima.

A guerra midiática contra a Venezuela é antiga, desde a época do presidente Hugo Chavez.

As vezes se retrai um pouco, para depois voltar com mais força.

Foi o caso deste fim de semana, por obra da CNN Brasil.

O jornalista e publicitário Chico Malfitani foi quem me alertou para isso.

A emissora estadounidense, falada em português, estava repetindo várias vezes um vídeo feito em Caracas, antes da pandemia.

Sob o falso argumento de denunciar a existência de uma censura naquele país, a CNN Brasil requentou imagens demolidoras.

A Venezuela mostrada como o inferno na terra.

Vejam.

(Cenas de violência e fome)

Isso é que se chama de “usar bem o arquivo”.

São imagens de diferentes épocas e lugares, editadas para parecer que o caos está instalado no país.

E que alguma coisa precisa ser feita para por fim a essa desgraça.

Que tal uma invasão militar?

Não é uma boa ideia?

O Trump já pensou nisso.

Mas o mais curioso é que quando o repórter vai entrevistar personagens para falar do caos, não encontra um cenário adequado.

Como não dá para usar o arquivo, tem que mostrar a realidade.

De uma praça cuidada e tranquila.

Vejam.

(Cenas de uma entrevista, sem som, num parque tranquilo)

Mas isso, essa tranquilidade, como diria aquele juiz de Maringá, não vem ao caso.

O importante é dar argumentos para que os brasileiros possam justificar a invasão do país vizinho.

Sem lembra-los, é claro, de que na bucha dos canhões estarão os seus filhos.

Claro, não de todos os brasileiros.

Porque há brasileiros e brasileiros, como deixou claro aquele desembargador numa praia santista.

Pego sem máscara, ameaçando à saúde pública, e achando-se intocável.

(cena do desembargador rasgando a multa na praia)

Gente assim jamais admitiria que um filho seu fosse à guerra.

Mas, com certeza, teria um mundo de argumentos para justificar a ida do filho do guarda municipal, para a frente de combate.

Cena típica da Casa Grande e da Senzala.

Do autoritarismo vigente em nossa sociedade.

Como lembrou uma vez o cientista político argentino Guillermo O’Donnell.

Disse ele que se a um argentino fosse perguntado, como se faz aqui no Brasil, “você sabe com quem está falando?”, a resposta seria “Y a mi que mierda me importa?”

Seria bom não?

Ou como fez aquela funcionária do balcão de despachos de uma companhia aérea, quando repreendeu um “fura fila” e ele perguntou se ela sabia com quem estava falando.

A resposta da moça, alto e em bom som, para toda a fila foi: “por favor, ajudem, há aqui uma pessoa que não sabe quem é”.

Pode parecer engraçado, mas é triste.

Humilhar funcionários públicos, como fez o desembargador com o guarda municipal, ou aquela moça – mulher do engenheiro civil – com o fiscal da prefeitura do Rio, não é novidade.

Só que agora essas agressões estão visíveis, graças aos celulares que gravam sons e imagens.

Mas devem estar também mais frequentes depois que o genocida assumiu o poder no Brasil.

Lembrem que um dos seus primeiros atos, como Presidente da República, foi demitir um funcionário do Ibama.

Porque esse funcionário, algum tempo antes, o havia multado por pescar em área proibida.

E o fiscal não sabia com quem estava falando.

Como se vê o desembargador da praia e a mulher do engenheiro não estão sós.

Tem a quem seguir.

Tchau.

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. a) aumentam as gratificações aos olivais, bem como o valor das gratificações já existentes aos olivais;
    b) explode o desemprego por conta de inexistente política pública em tempos de pandemia;
    c) o bolsonazi, portanto, tem sua imprópria nuvem de gafanhotos;
    d) e de bucha para canhão
    sem contar as milícias armadas até os dentes (pelas sucessivas liberações)
    daí, invadir a venezuela – eles acham – seria um pulinho.
    corremos o risco de mísseis destruindo o alvorada e o planalto (central).

    Pobre país de merrecas, prontos pra irem à guerra (dos outros).

  2. Taí, sinto falta de Reportagem (R maiúsculo) sobre a Venezuela. Será que não há mídia alguma disposta. Vivemos de informações requentadas – assim parece – ou de análises de quem está por aqui.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador