Lei hermética do ritmo e fim do carma, por Marcos de Aguiar Villas-Bôas

Lei hermética do ritmo e fim do carma

por Marcos de Aguiar Villas-Bôas

A lei do ritmo é a quinta das sete leis ou princípios herméticos, que prescreve o seguinte: “tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; o ritmo é a compensação; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação”.

A lei do ritmo mantém coerência com as demais leis. Ela trabalha pela manutenção do equilíbrio na medida em que tudo deve ser compensado e “ritmizado” dentro de uma ordem progressiva. A única constante no universo é que tudo está em constante movimento e transformação, uma das razões pelas quais sempre haverá algo novo a aprender, então “só sei que nada sei”.

Esse princípio hermético diz que, se aplicada uma força, haverá uma contra-força. Todo fluxo tem um refluxo. Para desfazer uma energia enviada, é necessária uma energia contrária de mesma força. Tudo é equilíbrio e compensação.

Em comunhão com a lei da polaridade, analisada no último texto sobre hermetismo, a lei do ritmo determina que, emitida uma vibração em um grau “a”, haverá um contra-efeito de grau “-a”, ou seja, como os opostos são apenas graus distintos de uma mesma coisa, de uma escala única, como no caso do Pêndulo de Foucault, a força imposta num grau gerará uma contra-força correspondente de mesmo grau em sentido oposto.

Essa lei ajuda a explicar algo que gera muitos equívocos. Energia positiva e negativa são apenas graus. Costuma-se associar positivo com bom e negativo com ruim, mas não é bem assim. Positivo e negativo são graus da mesma escala, polos energéticos que se equilibram. O que se busca no dia a dia ou num tratamento é equilibrar esses dois polos, e não por para fora toda a energia negativa. Descarrega-se apenas os excessos. 

Problemas acontecem quando há sobra de energia negativa, que é a tendência na maioria da humanidade ainda, daí porque é necessária uma transição planetária consistente num grande processo de transmutação de energias. Isso também explica o crescimento de problemas ambientais que vem acontecendo e possivelmente se intensificará nos próximos anos, pois, se o homem emanou tanta vibração negativa para o planeta, além das suas ações físicas destruidoras, nada mais natural que ele (Gaia) retribua toda essa movimentação.  

Quando alguém se sente mal por estar carregado de energia, deve dizer que é preciso tirar a energia em sobra, aquela “desqualificada”, como nos sugeriu um sábio preto velho há pouco tempo. Mesmo o excesso da chamada energia positiva é prejudicial à saúde e pode gerar efeitos não agradáveis para o ser humano, sendo cabível denominá-la também por “desqualificada”. Não é à toa que não se recomenda receber muitos passes e outros tratamentos energéticos em curto espaço de tempo. Tudo em sobra é excesso e pode fazer mal.

Os hermetistas e depois seus seguidores procuraram dominar a lei do ritmo para que pudessem ao menos minimizar os efeitos de compensação. Se uma força é aplicada e não se quer sofrer a contra-força de compensação, utiliza-se uma segunda força para, no mínimo, conter a contra-força. Essa noção é muito útil do ponto de vista da transmutação das energias humanas, da busca por melhores vibrações e por um estado duradouro de felicidade.

Para aqueles que trabalham com desfazimento de magia negativa (goécia), por exemplo, é importante conhecer como elas são realizadas, pois o desfazimento consistirá muitas vezes numa contra-magia de natureza semelhante.

Assim como muitas outras coisas em relação às quais parte da humanidade tem preconceito por ver o seu mau uso frequente, como poder e dinheiro, a magia em si é neutra. Ela será positiva ou negativa a depender da polaridade que se dê a ela, o que tem a ver com a intenção ali colocada.  

O budismo, muito pautado na lei do carma (ação e reação), preocupa-se com a purificação dos pensamentos, sentimentos, emoções e ações negativos, pois sabe que, uma vez lançada a vibração negativa para o universo, ela deve, em princípio, voltar.

O hermetismo e as filosofias posteriores pautadas nele em alguma medida, como gnose, maçonaria, rosa-cruz e alquimia, buscam chegar a um poder mental com tanta lucidez de modo que o indivíduo não fique mais sujeito às forças externas, impedindo que esteja à mercê dos movimentos rítmicos.

Quando algo bom acontece, deve-se, é claro, aproveitar, gozar, mas não se pode entrar em euforia, em exaltação excessiva, pois a tendência é haver uma compensação num momento seguinte. Se alguém encontra velhos amigos e, em euforia, toma muitas bebidas alcoólicas num estado de grande gozo, no dia seguinte virá uma ressaca como reação à sua ação e o corpo dirá que não suportou aquele excesso de álcool.

Não se trata de ser alguém gélido, triste, que não goza a vida. Fala-se aqui de equilíbrio, de saber jogar com a lei do ritmo. As ondulações, os movimentos, como dito, são uma constante. Não se pode deixar as ondas subirem ou caírem demais, pois isso tenderá a gerar reações de desconforto. Só com muito treinamento da mente isso se torna possível.    

Se há uma enorme crise política e econômica, por exemplo, como é o caso agora no Brasil, uma grande parte da população desequilibra-se por ter menos capacidade de compra, por brigar em nome de políticos etc. As mentes que se autoconheceram e se autotreinaram para se tornarem fontes de luz na escuridão não sofrem tanto ou não sofrem nada, mesmo numa situação caótica como a atual.

Como o cosmo é regido por uma consciência suprema que é puro amor, uma das suas leis é dar de volta aquilo que cada um manda. Nada poderia ser mais justo do que isso. A cada um conforme suas obras. Não se trata de punição, mas de oferecimento de uma oportunidade de aprendizado àquele que emitiu uma mensagem ao cosmo informando que necessita aprender sobre aquilo.

Para que algo negativo não retorne, é preciso elevar o nível vibracional, tornando-se não mais compatível com aquele retorno de movimento. Então, o amor do cosmo é tanto que, mesmo lançando algo para ele contra as suas leis, é possível não receber de volta, pois, uma vez tendo aprendido aquela lição por outras circunstâncias, por esforço próprio na senda do autoconhecimento e do automelhoramento, não há porque ter uma nova oportunidade de aprendizado.

Em outras palavras, é possível que a pessoa não seja atingida pela reação da lei por ter ela galgado um novo nível de consciência, lucidez e vibração, o que torna desnecessária uma prova e sua própria nova vibração lhe garante que não seja afetada por aquela resposta a uma vibração negativa com a qual não se afiniza mais.

É por esse e outros motivos que se realiza a alquimia, para que haja uma transmutação interna capaz de deixar o indivíduo imune aos seus próprios carmas. Isso não é feito por magias imediatistas, nem muito menos por qualquer acordo espiritual que não esteja em comunhão com a lei cósmica, pois ninguém tem o poder de subvertê-las e, por mais inteligente ou poderoso que o encarnado ou o desencarnado possa parecer, a lei sempre fará retornar aquilo que foi emitido, mais cedo ou mais tarde.

Apenas outras leis da própria estrutura da natureza podem evitar o efeito de uma lei da natureza, pois algo tão complexo como o cosmo apenas poderia ser regido por um conjunto de leis bastante complexo, mas que funciona em perfeição, ainda que muitos não entendam seus movimentos.

No caso, são as leis do progresso e da afinidade que desmontam o efeito cármico quando o indivíduo propôs-se um esforçado processo de autoconhecimento e automelhoramento, que passa por meditações, estudos e muito foco no equilíbrio, que, no atual momento do planeta, quase sempre carece de energia positiva. No caso do budismo, fala-se em focar a mente naquilo que é virtuoso.

Uma questão importante da lei do ritmo é superar a dualidade bom ou mau, bem ou mal e outras afins, compreendendo que, quando algo retorna e não gostamos, provavelmente não estamos aceitando e entendendo a oportunidade de aprendizado que nos foi dada.

Receberemos de volta aquilo que dermos ao próximo e, por conta disso, compreendendo bem as leis herméticas – e, sobretudo, a lei do ritmo – é possível entender profundamente porque Jesus disse “amai o próximo como a ti mesmo”. É claro que cada um ama de uma forma e vê o bom de uma forma, de modo que o mais sábio é dar aquilo que se quer receber, pois, ainda que aquele próximo não retribua o movimento da mesma forma, a lei o retribuirá.

Tudo no cosmo acontece em ciclos. Não necessariamente há nascimento, crescimento e morte. Há inícios, meios e fins de ciclos. A própria (assim chamada) morte humana é apenas uma passagem de ciclo, que não precisa gerar sofrimento. O sofrimento é inversamente proporcional à lucidez das consciências.

Os ciclos são esses movimentos prescritos pela lei do ritmo. Apenas pode haver progresso se houver movimento. O estático, o inerte não progride. Todo movimento segue a lei do ritmo e, quando não seguir, estará seguindo outra lei que com ela mantém coerência, pois a consciência suprema age com perfeição.

Como se imagina que um corpo humano imensamente complexo, que não é entendido pelos próprios humanos tão profundamente até hoje, mesmo após milênios de estudos, foi desenhado sem uma consciência, sem uma superinteligência por trás? Como os ciclos lunares estão integrados com o mares? Como as rotações dos planetas, as estações e tudo mais se movimenta de forma tão concatenada?

Há uma consciência suprema onipresente e outras consciências elevadíssimas por detrás de toda essa criação regendo os movimentos segundo leis naturais específicas ainda pouco ou nada entendidas pela ciência humana. Para que tudo seja tão coerente, tão concatenado, é necessário que haja ritmo, compensação, senão poderia cair em desarrumação.

Se houvesse apenas movimentos de um lado, as coisas se desequilibrariam. É esse ir e vir, esse fluxo e contra-fluxo, essa força e contra-força, que dão movimentos contínuos e equilibrados à existência, ainda que muitos não consigam perceber a simetria, uma vez que ela não é mecânica, determinista, nem evidente.

Os seres humanos em geral, ainda muito movidos pelo ego, compreendem o mundo a sua volta de acordo com aquilo que agrada ou não a sua personalidade. A depender do nível de consciência, percebem muito mais o que é negativo e se prendem àquilo, gerando mais negatividade para a sua vida e tendo dificuldades de ver o que lhe acontece de positivo.

A lei do ritmo também explica algo muito pouco compreendido pelos espiritualistas e ainda menos pelos não espiritualistas: a não linearidade das encarnações. Para compreender bem o polo positivo, é preciso também entender o polo negativo. Os espíritos estarão, ao longo dos seus processos, muitas vezes assumindo programas encarnatórios que lhes levam para o positivo e que lhes levam para o negativo. Somente assim, podem começar a aprender como viver no negativo sendo luz nas sombras.

Esses movimentos de compensação são muito importantes especialmente num planeta dual, onde a racionalidade prevalecente apenas compreende as coisas por meio da contraposição aos seus opostos, tema estudado no texto sobre a lei hermética da polaridade.

No texto seguinte, analisaremos a sexta e penúltima lei: do gênero.  

Redação

3 Comentários

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  1. Excelente post

    Sempre acreditei nisto, tanto o sucesso quanto o insucesso são ilusões, que um dia passarão. Não faz sentido, portanto se entristecer em excesso com a desgraça, nem se alegrar em excesso com a vitória.

    A pessoa deve lutar por uma vida melhor, mas sem esperar muito deste mundo, e sem se apegar aos resultados desta luta.

     

    Se tiver de lutar, lutar sem ódio. Se tiver de amar, amar com amor altruísta, sem apego.

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    Nesta crise econômica por exemplo, os mais pobres irão sofrer, talvez morrer, mas se sofrerem sem odiar ninguém, até mesmo amando o governo reaça, e se lutarem uma luta pacifista e limpa, podem na próxima reencarnação reencarnarem numa situação melhor; ou quem sabe, até, se o desapego destes mais pobres for tamanho, e o altruísmo tão grande, nem precisarem reencarnar mais, entrando no Nirvana após esta vida, um lugar onde não existem injustiças de tipo algum.

    —–

    E o mundo segue. Hoje os reaças estão no poder, mas na próxima vida, eles reencarnarão para colher o resultado das leis trabalhistas que eles fizeram para os outros, na própria pele deles. O que a gente faz para os outros, fazemos para nós mesmos.

    Justamente por isto, nada a temer, os que agem corretamente.

  2. a saturação maniqueista

    Manipular e previlegiar cenários em favor de uma visão personalista da realidade. Neste ponto o GGN não difere em nada da mídia hegemônica. Não ficou claro ainda se se trata de convicção pessoal ou interesse venal. 

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