Massacre de Felisburgo encerra capítulo com prisão de grileiro

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Giuseppe Rindoni
 
Jornal GGN – Após 13 anos de impunidade, o Massacre de Felisburgo ganhou um capítulo que trouxe esperanças aos familiares e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O mandante do ataque armado contra mais de 200 famílias, levando à morte de cinco agricultores e doze feridos, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy foi preso na tarde desta quinta-feira (14), em Salvador, na Bahia.
 
A chacina de Felisburgo, no norte de Minas Gerais, como ficou conhecido o crime, ocorreu em novembro de 2004, completando treze anos sem respostas às vítimas, familiares e ocupantes do Acampamento Terra Prometida, montado pelo MST na Fazenda Nova Alegria. Além das mortes e de doze baleados, o grileiro acompanhado de 15 capangas também incendiou 27 casas, plantações e uma escola no local.
 
A fazenda era de propriedade da família de Adriano Luedy, autor do crime. Ele chegou a ser condenado a 115 anos de prisão em novembro de 2013, mas estava foragido da Justiça. Até então, tinha sido beneficiado por um alvará de soltura do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, com diversos recursos contra as ordens de prisão, conseguiu permanecer em liberadade. Foi alvo de um novo mandado de prisão pelo STJ somente em maio deste ano.
 
Para as famílias, o crime só seria reparado com a prisão do fazendeiro e seus capangas, com indenizações e a transformação do local Fazenda Nova Alegria em área de colônia ou cooperativa agrícula. Mais de uma década depois, o acampamento persiste, mas as famílias não foram reparadas.
 
De acordo com o MST, mesmo na condição de foragido, Adriano mantinha influência e domínio na região do norte de Minas, chegando a ameaçar sobreviventes do episódio. Com a nova decisão do STJ deste ano, a Polícia Civil de Minas Gerais passou a investigar o paradeiro de Adriano Chafik Luedy, tendo a sua prisão como uma das prioridades do órgão de investigação. 
 
Em uma atuação conjunta do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa com a Superintendência de Investigação e Inteligência Policial, nesta quinta-feira, a Divisão de Investigação de Crimes Contra a Vida da polícia de Minas informou que prendeu o mandante da chacina de Felisburgo, em Salvador. Ele foi levado a Belo Horizonte, onde ficará à disposição da Justiça.
 
Entre os demais réus, três funcionários do mandante foram presos em 2013 e 2014, e o primo do fazendeiro, o ex-policial Calixto Luedy Filho, estava preso desde 2015. Outro réu faleceu antes de ser julgado e mais 10 envolvidos no crime estão foragidos ou respondem em liberdade. 
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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