Moradores de favelas promovem Copa Popular como protesto contra remoções no Rio

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

Com objetivo de denunciar as remoções que ocorrem devido a obras para a Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016, moradores de favelas iniciaram hoje (27) a disputa da Copa Popular. A competição reúne times formados nas próprias comunidades ou por representantes da classe trabalhadora, incluindo vendedores ambulantes. A organização do evento, que começou na Favela Dona Marta, em Botafogo, zona sul do Rio, é do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas.

De acordo com o integrante da entidade Renato Cosentino, mais de 20 mil famílias tiveram que abandonar suas casas, desde 2009, para dar lugar aos projetos esportivos ligados à Copa e às Olimpíadas.

“Fizemos a primeira Copa Popular em 2013, com os atingidos pelas remoções, no dia da estreia da Copa das Confederações. A deste ano está sendo realizada em diversas etapas, em várias regiões da cidade. Não só com os removidos, mas também com outros grupos, como a Frente Nacional dos Torcedores, que questiona a elitização dos estádios, e o Movimento Unido dos Camelôs, que estão tendo o seu direito ao trabalho violado na preparação da cidade para a Copa e as Olimpíadas.”

Haverá quatro etapas: nas zonas sul, norte, oeste e centro. A final será disputada em junho. A finalidade, segundo Cosentino, é chamar a atenção da sociedade para a violação dos direitos ocorre na cidade. “Muitas pessoas estão sendo prejudicadas. E a camada mais pobre da sociedade é a que tem os direitos mais violados. Estão perdendo suas casas, não podem mais ir aos estádios e estão tendo o direito ao trabalho impedido, pois são trabalhadores informais. O argumento com a Copa era que os mais pobres seriam beneficiados, mas não é isso que a gente tem visto”, disse ele, que também faz parte da organização de direitos humanos Justiça Global.

Morador do Dona Marta e um dos organizadores do evento, Vitor Lira disse que a realização do torneio também é uma forma de permitir aos moradores vivenciassem uma copa de futebol, pois a promovida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) será restrita a poucos torcedores nos estádios. “A motivação do evento é organizar uma copa popular, integrada à comunidade e a que todos tenham a possibilidade de assistir, coisa que na Copa da Fifa não vão ter. O objetivo é promover a integração com as favelas e gerar uma troca de saberes sobre o que está ocorrendo em outros lugares. É um momento oportuno para reivindicarmos nossos direitos na cidade.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Deveriam promover a Copa do Mostra o DARF Globo…rsss

    Deveriam promover a Copa do Mostra o DARF Rede Globo…rsss

    Que tal a Copa do Caloteiros Paguem os mais de 1 Trilhão de Reais que Vcs Devem ao Fisco….

    Ai sim, o Brasil teria a ganhar muito mais

  2. Sabe qual o maior foco
    Sabe qual o maior foco MUNDIAL de contágio de TUBERCULOSE?
    Rocinha!

    A Copa e olimpíadas é oportunidade para remover.
    Não existe solução para o problema que não seja a remoção.

    Se vc der o título da terra eles vendem a constroem outro ao lado onde hoje ainda há árvores.
    Porque não fazer isso?
    Existe algum motivo para não faze-lo?

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador