MPF em nova missão por mortos e desaparecidos políticos do Araguaia

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Familiares de Paulo Roberto Pereira Marques buscando respostas para o seu desaparecimento no Araguaia – Foto: Arquivo/Reprodução

Jornal GGN – A Comissão Especial sobre Mortos e Desparecidos Políticos (CEMDP), que tem como presidente a procuradora federal dos Direitos do Cidadão adjunta, Eugênia Augusta Gonzaga, e como membro, o procurador da República, Ivan Marx, realiza nesta semana, entre os dias 16 e 20 de julho, expedição à região do Araguaia. Na ocasião, serão feitas atividades de escavação, de reconhecimento e de georreferenciamento de possíveis novos pontos inumação de desaparecidos políticos, bem como oitivas de testemunhas e visitas a locais de memória. 

A expedição teve seu planejamento autorizado durante a 77ª reunião ordinária da CEMDP e conta com o apoio dos Ministérios de Direitos Humanos e da Defesa, da Procuradoria da República no Município de Marabá (PA), da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), da Secretaria de Segurança Pública e Pericia Oficial do Estado do Pará, além de vários outros órgãos que cederam profissionais especializados. 

Os convites a familiares, pedidos de apoios locais e toda a estrutura necessária para as atividades foram providenciados pela Coordenação-Geral de Direito a Memória e Verdade e de Apoio à CEMDP, da Secretaria Nacional de Cidadania (SNC/MDH), que estará representada na expedição pela Coordenadora Geral, Amarillis Bush Tavares, e pela historiadora, Ana Paula Franco. A equipe técnica será composta pelo médico-perito, Dr. Samuel Ferreira, coordenador científico da CEMDP e do Grupo de Trabalho Perus (GTP) – fruto de parceria entre o Município de São Paulo, o Ministério de Direitos Humanos e a Universidade Federal do Estado de São Paulo; pelas consultoras PNUD, também integrantes do GTP, Mariana Inglez e Ana Paula Velloso; por geofísicos, perito forenses, professores da Unifesspa e familiares dos desaparecidos políticos abaixo indicados.

Antônio Teodoro de Castro, Raul

– Nascido em 12 de abril de 1945, na cidade de Itapipoca-CE;
– Estudante de Farmácia na UFRJ;
– Na guerrilha, integrou o Destacamento B;
– Foi considerado desaparecido político pelo Anexo I da Lei 9.140, de 1995;
– Seu nome está entre os 62 nomes de pessoas desaparecidas contempladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil no ano de 2010 no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”);
– Por meio da Lei no 9.497, de 20 de novembro de 1997, tornou-se nome de rua na cidade de Campinas (SP). Também dá nome a uma rua na cidade de São Paulo (SP), por meio do Decreto no 31.804, de 26 de junho de 1992;
– Suas irmãs mais novas, Maria Eliana de Castro Pinheiro e Maria Merces Pinto de Castro, realizam pesquisas e buscas no Araguaia há anos e estarão presentes durante a primeira expedição de 2018.

Dinaelza Coqueiro, “Mariadina”

– Nascida em 22 de março de 1946 na cidade de Vitória da Conquista-BA;
– Formada em Geografia pela Universidade Católica de Salvador, e participante da comissão executiva do Diretório Central dos Estudantes (DCE) dessa instituição, trabalhou na empresa aérea Sadia (posteriormente renomeada para Transbrasil);
– Foi casada com Vandick Reidner Pereira Coqueiro (João do B);
– Durante a guerrilha, viveu na região de Gameleira;
– Foi considerada desaparecida política pelo Anexo I da Lei 9.140, de 1995;
– Seu nome está entre os 62 nomes de pessoas desaparecidas contempladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil no ano de 2010 no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”);
– Por meio da Lei no 9.497, de 20 de novembro de 1997, foi nomeada uma rua em sua homenagem na cidade de Campinas. Dinaelza também dá nome à rua na cidade de São Paulo, segundo o Decreto no 31.804, de 26 de junho de 1992;
– Sua irmã, Diva Santana, é atualmente representante na CEMDP e assim como as irmãs Castro também tem investigado o paradeiro de sua irmã e demais pessoas desaparecidas ao longo das décadas, e acompanhará a primeira expedição de 2018.
 
Helenira de Souza Resende Nazareth, Fátima
 
 
– Nascida no dia 11 de janeiro de 1944 na cidade de Cerqueira César-SP
– Estudante de Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras da Universidade de São Paulo (FFCL- USP), ocasião em que foi presidente do Centro Acadêmico;
– Como já havia sido presa três vezes, Helenira vivia na clandestinidade antes mesmo de seguir para o Pará;
– Na região do Araguaia, viveu na localidade chamada Metade e fez parte do Destacamento A;
– Foi considerada desaparecida política pelo Anexo I da Lei 9.140, de 1995;
– Seu nome está entre os 62 nomes de pessoas desaparecidas contempladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil no ano de 2010 no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”);
– Por meio da Lei no 9497, de 20 de novembro de1997, Helenira tornou-se nome de rua na cidade de Campinas (SP). A cidade de Guarulhos (SP) também lhe prestou uma homenagem, dando o seu nome a uma de suas ruas;
– Marta Heloísa Nazareth Costa, sua sobrinha, irá ao Araguaia pela primeira vez em 2018 acompanhar uma expedição e dar continuidade à luta de sua família.
 
Miguel Pereira dos Santos
 
 
– Trabalhou no Banco Intercontinental do Brasil;
– Filiou-se cedo ao PCdoB e seguiu para a China em 1965 para fazer formação teórica e prática sobre guerrilha;
– Por ser buscado pelo DOPS/SP, retornou clandestino da China e seguiu para a região da guerrilha onde se estabeleceu na localidade de Pau Preto no sudeste do Pará e integrou o Destacamento C;
– Foi reconhecido como desaparecido político pelo anexo I da Lei no 9.140/1995;
– Seu nome está entre os 62 nomes de pessoas desaparecidas contempladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil no ano de 2010 no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”);
– Por meio da Lei no 9.497, de 20 de novembro de 1997, tornou-se nome de rua na cidade de Campinas (SP). Também dá nome a uma rua na cidade de São Paulo (SP), por meio do Decreto no 31.804, de 26 de junho de 1992;
– Sua sobrinha, Beatriz Antunes Pereira dos Santos, assim como a sobrinha de Helenira, faz parte de uma nova geração de luta por memória e verdade e irá integrar uma comitiva de expedição ao Araguaia pela primeira vez.
 
Paulo Roberto Pereira Marques, Amaury
 
 
– Nascido em 19 de março de 1947 na cidade de Belo Horizonte-MG;
– Trabalhou no Banco Hipotecário (posteriormente, Banco do Estado de Minas Gerais);
– Envolveu-se com atividade política após mudar-se para São Paulo e retornou a Minas em 1969, quando foi preso;
– Após ser liberado da prisão, seguiu clandestino para a região do Rio Gameleira e integrou-se à guerrilha;
– Era companheiro da também desaparecida política Luisa Augusta Garlippe, Tuca, também desaparecida em razão da ofensiva a Guerrilha;
– Foi reconhecido como desaparecido político pelo anexo I da Lei n° 9.140/1995;
– Seu nome está entre os 62 nomes de pessoas desaparecidas contempladas pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), que condenou o Brasil no ano de 2010 no caso Gomes Lund e outros (“Guerrilha do Araguaia”);
– Por meio da Lei no 9.497, de 20 de novembro de 1997, e do Decreto no 6.392, de 16 de setembro de 1993, foram nomeadas ruas em sua homenagem nas cidades de Campinas e Belo Horizonte;
– Eliana Maria Pilo Alexandrino de Oliveira, uma das irmãs de Pedro, já acompanha os trabalhos de busca há anos e estará presente na primeira expedição de 2018 ao Araguaia.
 
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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