No dia 20, movimentos realizam 14ª Marcha da Consciência Negra

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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A 14º Marcha da Consciência Negra caminhará até o Theatro Municipal, também no centro da capital (Foto Rogerio de Santis/Futura Press/FolhaPress)

da Rede Brasil Atual

No dia 20, movimentos realizam 14ª Marcha da Consciência Negra

Militantes vão às ruas para reivindicar um novo projeto político para a população preta. Concentração será na Avenida Paulista, centro da capital paulista
 
por Redação RBA

São Paulo – Um novo projeto político, participativo e promotor da inclusão, é a principal reivindicação da 14º Marcha da Consciência Negra, na próxima segunda-feira (20). A concentração em São Paulo será a partir das 13h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, de onde a manifestação segue em passeata até o Teatro Municipal, também no centro da capital.

Sandra Mariano, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), afirma que o dia será de celebração, mas também de muita luta. “Vamos às ruas contra o genocídio da juventude e todos os retrocessos que o governo golpista vem implementando no país. Não podemos esquecer também do prefeito João Doria e do governador Geraldo Alckmin, que têm o mesmo projeto de Temer”, afirmou.

Já a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) lembra que é preciso construir um novo projeto político no país, com a participação da população negra. “Vamos dar um basta ao racismo, a intolerância e ao preconceito. Vamos mostrar o que queremos. Exigimos respeito, cidadania e mais espaço de poder.”

Ativistas também afirmam que o momento é sensível, porque, após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, diversos retrocessos e ataques a direitos da população já ocorreram.

“Nesse dia, o povo negro unido irá marchar contra o genocídio, contra o racismo. A gente sabe que o povo negro é a principal vítima do Estado. Com o golpe, as coisas só pioraram”, lamenta Adriana Moreira, da Frente Alternativa Preta (FAP). “Num ano de retirada de direitos, é muito importante a gente construir uma grande mobilização para barrar as reformas genocidas de Temer”, acrescenta Beatriz Nascimento, integrante do mesmo movimento.

Nas redes sociais, circula uma convocação para o ato. O texto para que negros e não negros compareçam, já que a luta antirracista é universal pode ser lido abaixo:

Neste 20 de novembro de 2017, nós, povo negro, vamos às ruas marchar por uma sociedade mais justa para todas e todos. Nossa luta é contra contra o racismo, o genocídio do povo negro, o feminicídio, o machismo, o etnocídio, a LGBTfobia, o racismo religioso, o encarceramento em massa e todas as formas de violência eviolação dos direitos humanos, contra o golpe que tem promovido a retirada de nossos direitos.

Também convocamos você que se considera negra ou negro, assim como você que, independentemente de sua cor, se solidariza com a luta antirracista em nossa sociedade. Vivemos ainda hoje uma abolição inconclusa, na qual Estado e as elites historicamente dominantes de nosso país apenas tiraram negras e negros das senzalas das fazendas para nos jogar nas periferias e favelas. O tempo todo, a grande mídia e o discurso das classes dominantes se esforçam para mostrar que essa realidade pertence ao passado, mas a herança escravista traz grandes consequência negativas para a vida de toda a população brasileira – na economia, saúde educação, trabalho e muitas outras questões de nossa sociedade.

Nestes espaços para onde foi jogada a população negra, ao mesmo tempo que se nega toda espécie de direitos para os cidadãos se concentram todos os mecanismos de violência e controle, especialmente aqueles encabeçados pela força policial. Assim como nos tempos de escravidão, a polícia age não para garantir segurança mas para controlar as vítimas dessa sangria promovida por ricos e poderosos do país.

Mas a população negra resiste. E a Marcha de 20 de novembro simboliza nossa luta histórica! E nesta edição em especial queremos mostrar porque ainda hoje ela se faz tão necessária para todos e todas que aspiram uma sociedade mais justa.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

1 Comentário

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  1. Quando eu era criança,

    se você chamasse alguém de negro, levava um bofete na cara, isso quando a família toda não se juntava pra te dar um pau.

    Se você chamasse sua colega de negrinha era briga na certa.

    Se você se referisse a alguém  como “aquele negro”, você estaria expressando profundo preconceito e discriminação.

    Para ser gentil, eufemismos “morenos” moreno-fechado” e “de côr”.

    As pessoas eram gentís por educação.

    Você tinha vizinhos de cor. Você era pessoa de cor.

    Seu vizinho guarda civil, mestre de obras, motorista de taxi, a professora, o vendedor, eram de cor e  eram pessoas distintas, assim como eram distintos o verdureiro, o dono da quitanda, o português da padaria, o italiano sapateiro, o espanhol fotógrafo ,  o japonês tintureiro, o alemão.

    Na escola havia música de “bullying” para todos: alemão batata, japonês garantido, neguinho fedorento, tudo resolvido na porrada, cara a cara , ou na saída da escola, que era para não levar desaforo pra casa e nem ficar se achando mais importante, porque branco era “barata descascada”.

    Entretanto,

    de uns anos pra cá, o que era um brutal insulto passou a ser elogio.

    É incrível a capacidade manipuladora dos senhores em fazer os oprimidos sentirem orgulho da opressão.

    As moças da periferia, não obstante as incansáveis lutas das mulheres por liberdade, respeito e   igualdade , balançam as suas bundas sendo chamadas de “as cachorras”.

    As pessoas afro-descendentes longe de saber que negro é adjetivo, e dos menos qualificáveis,se orgulham de serem chamadas de “negras”.

    O mesmo acontece com as tatuagens, marcas milenares de propriedade escravagista e animal.

    Viva o dia da consciência todos os dias, e que ela volte logo para todos!

     

     

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