“O choque tem que ser acompanhado pela ação”, diz UNICEF

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Em um momento em que as imagens comoventes de uma criança refugiada se afoga em praia da Turquia e de outras crianças asfixiadas em caminhões tentando cruzar a fronteira da Europa dão a volta ao mundo e inundam as redes sociais, o diretor-executivo da UNICEF fez um apelo urgente por uma ação que proteja as crianças.

“Não é suficiente que o mundo se emocione com essas imagens. A surpresa tem de ser acompanhada pela ação”, disse Anthony Lake.

Em um comunicado divulgado pela agência, Lake recomendou que todas as decisões sobre a crise dos refugiados e migrantes na Europa sejam tomadas estabelecendo como prioridades as necessidades das crianças, e que se tomem medidas para que recebam atenção médica, comida, educação, refúgio e proteção.

A UNICEF calcula que ao menos uma quarta parte das centenas de milhares que fugiram para a Europa, são crianças, muitos dos quais provenientes da Síria e outras zonas de conflito. Este ano, umas 2.600 pessoas morreram ou desapareceram ao tentar cruzar o Mediterrâneo, disse nesta sexta-feira a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

“À medida que continuamos os debates políticos, nunca devemos esquecer a natureza humana profunda desta crise. Nem seu tamanho “, disse Lake.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

8 Comentários

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  1. O assassinato da humanidade

    É inútil, a estas alturas, se iludir com a crença de que o holocausto tenha gerado uma consciência humanitária e solidária na Europa.

     

     

    Jeferson Miola

    O corpo inerte de Aylan Kurdi, a inocente criança síria de cinco anos atracada já sem vida nas areias da praia de Bodrum, na Turquia, é o retrato da morte da humanidade. É a prova indesmentível de uma morte matada; não de uma morte morrida. É o testemunho de uma morte moralmente inaceitável; de uma morte, enfim, repugnante.
     
    O corpo inerte de Aylan Kurdi atesta o assassinato da humanidade.
     
    Centenas de milhares de mulheres, homens e crianças fogem da Síria, Líbia, Iraque, Nigéria, Paquistão, Afeganistão, Kosovo e do Oriente Médio numa viagem desesperada – e não raras vezes mortífera – à Europa.
     
    Os desamparados que sobrevivem aos naufrágios no Mediterrâneo, quando pisam no território europeu, são repelidos com criminosa e cínica indiferença, isso quando não são armazenados em campos de concentração para refugiados.
     
    É inútil, a estas alturas, se iludir com a crença de que o holocausto tenha gerado uma consciência humanitária e solidária na Europa. Se assim tivesse sido, não se assistiria a esta repetição de lógicas racistas, segregacionistas e xenófobas do passado nazi-fascista.
     
    A diáspora é o resultado cruel do intervencionismo das potências europeias e dos EUA. Os refugiados são os “efeitos colaterais” da geopolítica que desestabilizou e incendiou países do Oriente Médio e do norte da África e expulsa populações para um exílio forçado.
     
    Causa asco a ausência de compromisso ético e humanitário da Europa com as vítimas das políticas desastrosas empregadas pelos próprios dirigentes europeus em cumplicidade com os EUA.
     
    Aylan Kurdi, este inocente ser assassinado em águas mediterrâneas, é filho histórico desse tempo sombrio, em que a estupidez e o egoísmo da espécie humana sob a égide capitalista parece vencer o ideal de humanidade. http://cartamaior.com.br/?%2FColuna%2FO-assassinato-da-humanidade%2F34414

  2. O mundo virou um muro de

    O mundo virou um muro de lamentações, ações, nehuma. A internet criou essa aberração: o cidadão parasita, fascista e reclamão. E, eu, que achava que o século XXI seria vangardista!!!! Um atraso só! O retrocesso aos tempos da inquisição, é pavoroso! A inquisição usurpava, mentia, matava tudo e todos que não seguiam sua linha. Dá um desespero de ver a filosofia da inquisição renascendo.  Eles matam, eles incriminam, eles decidem sobre a vida e a morte. Que momento pavoroso!

  3. ação??

    vão fazer o que, mandar os steites desfazer essa barbaridade??

    desconfio que muitos mais irão morrer antes que alguma coisa melhore, já que os americanos não estão perto de obter o sucesso pretendido na síria. bashar continua no poder.

  4. Alguém viu algum

    Alguém viu algum posicionamento dos EUA sobre esta crise humanitária?

    Esta situação beira a limpeza étnica.

    O outro, o diferente , tornou-se o inimigo a ser combatido, o concorrente a ser eliminado. A competição ao invés da cooperação.

    A humanidade carece de humanidade.

  5. A crise não é “migratória”

    A crise não é “migratória” como costuma mitigar a imprensa, mas humanitária. 

    Essa leva de desesperados fogem para tentar salvar suas vidas e de seus filhos e filhos dos degenerados integrantes do ISIS, não para procurarem empregos ou melhorarem de vida. Tão logo o mundo dito livre se conscientize e aja de maneira incisiva com certeza boa parte regressará para seu torrão natal.

    Discussão estéril essa de agora à busca de culpados. Há uma situação desesperadora demandando por atitudes na dimensãop militar e econômica. 

    1. Até que enfim

         JB Costa, colocou a realidade de como a “banda toca “, pois classificar esta crise como “migratória”, é um engano prejudicial a quaisquer atitudes que devam ser tomadas relativas a ela, uma vez que trata-se de outra coisa, completamente diferente, no jargão diplomatico ( ACNUR ) esta crise vai ao nivel mais elevado, é uma DPC ( Displaced People Crisis ), em tradução “diplomatês”, para o português: MIgração Forçada.

          As DPCs, neste caso, são duas concomitantes, a DPC -I ( interna e regional ) e DPC – E ( externa ), no “I” os deslocados dirigem-se primeiro a areas não-conflagradas de seu território, após este movimento, caso as condições se apresentem inseguras, deslocam-se para alem de suas fronteiras nacionais, no caso: Libano, Turquia, Jordania, onde , de acordo com as leis nacionais dos Estados receptores, são colocados em RCs ( Refugees Camps ), sob controle da ACNUR e dos Estados receptores, que a eles não dão direitos alem de permanecerem nestes campos, são parias, infelizmente, tratados como animais.*

           A eles o que resta: Abrigados em RCs, super populados, em baixa condição de subsistência, não desejados, de nacionalidade não reconhecida pelo receptor, a unica chance que vislumbram é deslocar-se para Europa.

           Pode até parecer semantica, ou burocratês, mas tanto o ACNUR, quanto a UE/Frontex, estão evitando, com colaboração da midia, incluindo o Paulo Pinheiro, em declarar esta crise como DPC, preferindo o mais comum e palatavel, compreendido tanto pela massa como por politicos, como uma “crise migratória”. Por que ?

           É compreensivel, pois se declarados em DPC, as determinações de Genebra/51, corroboradas por Nova York/67, assumidas pelo Acordo de Schengen e posteriormente por Dublin 1 e 2, ambos no ambito da UE, as fronteiras européias deveriam ser  ” abertas” a todos, e as nações receptoras + ACNUR, realoca-los até que a crise, ou crises, que os fizeram se deslocar estivessem resolvidas, e os DPs pudessem retornar a suas origens.

            * RCs ( Campos de Refugiados ) : Todo “ser humano”, que tem a graça de 3 refeições ao dia, pode abrir a torneira e beber o quanto de agua quiser , não tem que escolher qual filho irá sobreviver, ou até se venderá a filha para que os outros sobrevivam,  negociar seu filho mais velho ( 10 – 12 anos ) para servir como criança – soldado, troca-los por um saco de 5 kg de arroz + 15 litros de agua, onde um fogareiro pode ser a diferença entre morrer ou viver, deveria passar um dia da vida, em um campo destes, com certeza a visão da vida, do que é o “ser humano”, vai mudar, como me disse um amigo : ” Uma experiência cinestésica, anos depois ainda recordo, não apenas na lembrança, mas do cheiro ( a morte cheira ), do “olhar morto ” ( kwashikor e “desilusão” ) das pessoas, dos dentes quebrados ao comer arroz crú, do cara de 1,80 m com menos de 50 kg, desnutrido, faminto, brigando com outros na mesma situação, para catar do chão arenoso, as provisões que cairam do caminhão, e eles nem ligarem para tiros disparados”.

  6. A análise de Jeferson Miola

    A análise de Jeferson Miola (reproduzida aqui por Vânia) vai ao cerne da questão! Essa barbárie, esse crime humanitário logo será romantizado pela mídia global, servil aos interesses dos países assassinos, racistas, imperialistas e colonizadores. Os jornais e televisões tudo farão para que este horror seja esquecido o mais rapidamente possível. É preciso que o mundo inteiro denuncie e não esqueça que, principalmente Estados Unidos, Reino Unido e Israel, mas também Austrália, Canadá, Nova Zelândia e muitos outros países da Europa se esquivam de suas responsabilidades. Todos eles deveriam acolher os milhões de deserdados e famintos que tiveram a família destruída, perderam suas casas, sua pátria, em razão unicamente de quem cria guerras para vender armas, destitui governos para roubar as riquezas de seus países, espiona nações (mesmo as que dizem ser amigas!) e desrespeita soberanias para subjugar e dominar. Os Estados Unidos, país que está por trás de todos esses crimes, não se manifesta ou, cinicamente, publica clichês oficiais de falsa condolência, quando na verdade, é quem deveria ser cobrado pela Europa e pelo mundo no sentido de assumir sua parte de culpa, modificando sua política externa destabilizadora de nações, recolhendo suas bases militares em território estrangeiro. Como isso está longe de acontecer, que pelo menos acolhesse algumas das centenas de milhares de famílias que contribuiu para destroçar.

    1. Concordo contigo

      No caso do Afeganistão, por exemplo, Alemanha, França, Inglaterra, são alguns dos responsáveis pelo massacre de pessoas promovido pelas tropas da ONU naquele país. Já os africanos sempre foram explorados pelos europeus. Muçulmanos foram mortos aos milhares na guerra mentirosa e covarde promovida pelos EUA contra o Iraque, com apoio novamente dos europeus. Os donos do mundo precisam pagar a conta. Acho que chegou a hora.

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