O monstro fascista saiu à luz, por Wilson Ramos Filho

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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O monstro fascista saiu à luz
 
por Wilson Ramos Filho
 
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Os professores fizeram o monstro fascista sair à luz

 
Em meados de 2013 alertei que as “marchas heróicas” haviam despertado o gigante, a extrema direita. Alguns acharam que exagerava. 
 
Pouco depois observei que o enfraquecimento do PT e da Presidenta promovido pela oposição (DEM, PSDB, PSOL etc) facilitaria o crescimento da Direita. Acusaram-me de governista. 
Analisei que a diminuição da bancada de esquerda na Câmara colocaria em pauta os temas da Direita: terceirização, redução da maioridade penal, PEC da bengala, etc. Desdenharam imputando-me visão conspiratória. 

Identifiquei no ódio demonstrado nos protestos de 15/03 e 12/04 perigosos elementos fascistas, considerei-os muito semelhantes ao nazismo juvenil em 1933. Não apenas riram. Alguns destes fascistas endereçaram a mim parcela de seu ódio quando ousei mencionar que alguns deles se achavam melhores que os demais mortais (outro elemento fundante dos fascismos). 
O que o Moro faz nos processos judiciais, o que a VEJA, a FSP, a GLOBO constroem na “opinião pública” e o ódio das dondocas batendo panela não era percebido como partes do todo, como parcelas da onda autoritária, fascista. Observações a respeito de seu caráter anti-democrático, destituinte, eram creditadas ao “petismo”, novo adjetivo depreciativo. 

As manifestações de ódio do TV REVOLTA, de Francischini, de Rafa Bastos e seus ex-colegas de CQC, de Lobão, Ed Mota, de Eduardo Cunha e de parcela do PSOL, seus aliados táticos na cruzada para destruir a história do PT e a biografia dos petistas, não eram percebidos como ingredientes de uma só receita. 

A repressão brutal, desproporcional, inaceitável aos professores teve como efeito colateral a visibilização da onda fascista. 

Os PMs avalizados por seus comandantes militares e civis (francischini e richa), “apoiados” pela classe média bombada em academias, de verde e amarelo, se empolgaram e mostraram a todos sua brutalidade, a mesma que usam contra pobres nas periferias, mas agora contra professores. 

O monstro fascista estava o tempo todo ali, nos movimentos pró “impítima”, no “fora Dilma”, em palavras de ordem já utilizadas pelos integralistas e pelos falangistas nos anos 30 (“meu partido é minha pátria”; “sem partidos, sem políticos”; “o gigante despertou”), mas as pessoas de bem não percebiam o que estava em jogo, o quanto estavam contribuindo para a onda autoritária, destituinte, fundada no ódio. 

Talvez agora que o monstro mostrou sua face aqueles que não são fascistas parem de “colocar azeitona na empada deles”, deixem de irresponsavelmente apoiar por ação ou omissão o crescimento do ideário e das práticas fascistas. 

Um aluno da faculdade de Direito da UFPR  sintetizou o ódio que banaliza o mal e que está disperso na sociedade (inclusive em parcela da classe média composta por funcionários públicos) torturando um boneco de vermelho, adesivado com a palavra de ordem dos professores massacrados pela PM. Espero que seja expulso da Federal: sua atitude demonstra que não aprendeu Direito; não têm condições de receber o grau de bacharel em Direito quem viola a lei, quem desrespeita a Constituição, quem prega a violência contra ativistas sociais. 

Mas o que este fedelho fez, tenhamos consciência, não é ontologica ou axiologicamente muito diferente daquilo que se vê nos posts de muitos aqui no feice, nas listas de discussão de graduados barnabés, nos ruídos das varandas dos prédios de classe média. Seus pais devem estar orgulhosos de seu rebento. Quem sai aos seus não degenera. 

Esse menino estudante de direito fascista é um espelho da classe média curitibana. A violência da PM é um espelho da violência verbal de parte da população paranaense, com o mesmo componente fascista.

O monstro mostrou a cara, saiu da toca, como espelho, como sintoma de algo mais profundo. 

Wilson Ramos Filho – Professor de Direito do Trabalho na UFPR, pesquisador do Instituto DECLATRA.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

2 Comentários

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  1. As pessoas comuns, que
    As pessoas comuns, que conversam sobre politica no dia a dia, estao vendo o triunfo da boçalidade desde a campanha mensalao, no minimo.

    E sempre comentaram isso nas tais redes sociais.

    O problema e que as lideranças à esquerda, 99% dos analistas e cientistas políticos, por escrupulo, “cavalhetirismo”, miopia ou sonolência, sabe-se lá, só enxergaram depois do golpe consumado.

  2. Você queria que eles ficassem eternamente entocados?

    Saindo das trevas, podemos conhecer os fascistas e fichá-los.

    No caminho, com Maiakovsky

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