Programa de Michelle Bolsonaro doou a ONG que atuou contra aborto de menina capixaba, diz jornal

Pátria Voluntária, do Ministério da Cidadania, repassou R$ 14,7 mil para Associação Virgem de Guadalupe, que atuou contra aborto da menina de 10 anos

Foto: Divulgação/Redes

Jornal GGN – O Pátria Voluntária, programa do Ministério da Cidadania do governo federal de incentivo ao voluntariado e presidido pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, repassou R$ 14,7 mil para a Associação Virgem de Guadalupe, uma ONG que luta contra o aborto e que atuou para tentar impedir o aborto da menina capixaba de 10 anos, em agosto deste ano, grávida após estupro.

A informação é de reportagem do jornal O Globo, desta sexta (02), que obteve os dados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O programa, criado em julho do ano passado, foi criado para incentivar ações de voluntariado e é presidido por Michelle.

No último 29 de setembro, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União abriram investigações sobre os recursos deste programa, após denúncias do jornal Folha de S.Paulo de que ONGs ligadas à ministra Damares Alves teriam recebido recursos do programa. Segundo o jornal, a empresa Marfrig teria doado R$ 7,5 milhões para a compra de testes de Covid-19, que teriam sido desviados ao programa de Michelle. Outras reportagens deram conta que Damares, por sua vez, teria atuado diretamente para impedir o aborto da menina capixaba.

A reportagem de O Globo solicitou os dados das transferências do programa Pátria Voluntária a ONGs, e identificou que um dos repasses, de R$ 14,7 mil, foi feito à Associação Virgem de Guadalupe, organização católica contra o aborto. E a presidente da ONG, Mariângela Consoli, chegou a participar de reuniões com autoridades do Espírito Santo, para impedir o aborto da criança de 10 anos.

As reuniões foram feitas com representantes do governo, enviados pela ministra Damares Alves. Segundo a Folha, Consoli participou de um encontro na sede da Prefeitura de São Mateus, cidade aonde vive a criança. A presidente da ONG justificou que se tratava de uma “missão institucional”.

Procurada pelo jornal, Mariângela disse que não buscou o governo para obter os repasses do Programa Pátria Voluntária e que a ONG teria sido indicada por alguém que ela não saberia dizer. A O Globo, ela também negou que teriam atuado para impedir o aborto. “Ninguém nem tocou nesse assunto. Não se falou sobre ela realizar ou não o aborto. Somos uma obra social. Ela estava em situação de vulnerabilidade social. Oferecemos suporte”, respondeu.

 

Redação

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