Reforma política não resolve corrupção, diz Wanderley Guilherme dos Santos

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Wanderley Guilherme dos Santos, o intelectual que antecipou o golpe militar de 1964, rompeu o silêncio que fazia há alguns meses e defendeu, em entrevista publicada pelo Valor nesta segunda-feira (30), que a esquerda brasileira está perdendo a capacidade de cooptar novos simpatizantes na massa situada ao centro do pensamento político.

Para ele, desde o fim do governo Lula, o PT, que é o maior partido do segmento à esquerda, está errando nos diagnósticos e resoluções das crises que eclodiram com mais força desde junho de 2013. O principal erro atual é considerar que as manifestações anti-Dilma do dia 15 de março são oriundas apenas de classes abastadas.

Para Wanderley Guilherme dos Santos, outros erro do PT é a pregação de que apenas uma reforma política resolveria os problemas de corrupção na esfera pública. O intelectual acredita que roubo aos cofres públicos é roubo do mesmo jeito, e não adianta políticos envolvidos em esquemas criminosos empurrar para o sistema eleitoral a culpa.

O GGN reproduz a entrevista abaixo:

A esquerda perdeu a capacidade de liderar

Por Maria Cristina Fernandes

Do Valor

Mais original teórico da paralisia decisória que levou ao golpe de 1964, Wanderley Guilherme dos Santos não tem dúvidas de que o país vive um grave crise política pela corrosão do que chama de ‘poder causal’ das instituições. Credita esta erosão à perda da capacidade da esquerda de capitanear o centro e diz que a crise só será superada pelas lideranças políticas: “É a hora da virtude”.

Na semana passada, ao receber o Valor em seu apartamento em Ipanema, repleto de telas do mais velho de seus três filhos, Juliano, Wanderley Guilherme rompeu um silêncio a que se impôs desde o início do ‘petrolão’. Um dos intelectuais que mais se expuseram na defesa da tese do mensalão como caixa 2, desta vez Wanderley Guilherme não tem dúvidas. Com a serenidade de quem se aproxima dos 80 anos, é taxativo: “O banquete de escândalos servidos diariamente à direita não justifica a solidariedade em relação a bandidos”.

O autor do premonitório “Quem dará o golpe no Brasil?” (1962) diz que mudanças podem acontecer se o PT se cansar de sangrar e exigir mudanças na política econômica e no governo.

A seguir, a entrevista:

Valor: A esquerda tem criticado o caráter elitista das manifestações. Esta crítica não ignora a capacidade de a classe média que sai às ruas galvanizar uma insatisfação que a extrapola?

Wanderley Guilherme dos Santos: As manifestações do dia 15 são resultado de circunstâncias contemporâneas e desaguadoro de condicionantes que vêm se acumulando. Divirjo profundamente da opinião majoritária da esquerda. Está equivocada no diagnóstico, na interpretação do passado recente e nas suas propostas. A começar pelo fato anedótico de reclamar da direita por estar ela se comportando como direita sem procurar entender o que a levou a uma mobilização como em décadas não havia. Supondo que tenham sido apenas manifestações de direita – e não o foram – o que me importa é que a direita está liderando o centro.

Valor: Isso não acontece desde quando?

Wanderley Guilherme: Com sucesso, isso não acontece desde 1964. Depois da ditadura a direita ficou isolada do centro e, por isso, não conseguia colocar ninguém na rua. O movimento ‘Cansei’, por exemplo, foi patético. Agora não. É preciso reconhecer que as convocatórias da direita têm tido muito mais sucesso do que as da esquerda.

Valor: Por que a esquerda perdeu essa capacidade mobilizar?

Wanderley Guillherme: A partir da eleição de Lula a esquerda vem cometendo dois sérios erros, de diagnóstico e perspectiva. Um deles foi a bandeira da reforma política, o outro é a visão sobre o PMDB. Assim que foi aprovada a Constituição de 1988, os conservadores começaram a combatê-la com a bandeira do parlamentarismo e voto distrital. Por trás do trabalho de desmoralização, havia não apenas a concepção de regresso dos conservadores, como também o preconceito contra a política e a má qualidade da representação. Veio daí o discurso da reforma como se os códigos eleitorais filtrassem caráter. Esse sentimento antipolítico que desde sempre é da classe média conservadora foi absorvido pelo PT no seu nascedouro.

Valor: E no que a adesão do PT à bandeira da reforma política levou esse povo todo para a rua?

Wanderley Guilherme: Essa concepção de que há alguma coisa errada na política que tem que ser resolvida por uma reforma foi alardeada pelo PT sobretudo depois da ação penal 470. Como escapismo. Incorreu no erro ao cubo de defender uma assembleia constituinte exclusiva. De onde é que eles imaginam que viriam os eleitores e os candidatos dessa constituinte? Vão buscar eleitores na Suécia e constituintes na Islândia? Essa bandeira acabou entrando na cultura política do país. De tal modo que tanto nas passeatas do dia 13 quanto naquelas do dia 15 todos se diziam favoráveis a uma reforma política sem fazer ideia do que significa. Isso intoxicou a opinião do público educado com a ideia falaciosa e ilusionista de que os problemas existentes no país são consequência automática das instituições políticas. Isso é falso e fraudulento. Leva as pessoas a não terem mais respeito nem se sentirem mais responsáveis pelas estruturas existentes.

Valor: O PT foi engolido pelo seu próprio discurso?

Wanderley Guilherme: Sim, foi engolido pelo discurso conservador, dada sua origem comprometida com a ideologia da classe média ascendente. Não quero ser reducionista, mas o fato de ter surgido dentro de uma ditadura, quando a política era um mal, contribuiu para o PT ter uma concepção absolutamente virgem, angelical e juvenil de quem nunca fez política na vida.

Valor: É nesse sentido que o PT e o PSDB viraram as duas metades de uma mesma laranja?

Wanderley Guilherme: Talvez. O PSDB, como a UDN, faz política porque não tem outro jeito. O que não quer dizer que as lideranças sejam autoritárias, mas a base de sustentação eleitoral do conservadorismo topa o autoritarismo numa boa. Pode enjoar, sobretudo se sofrer, mas topa. Isto contribuiu para um ruptura da respeitabilidade entre a opinião pública de todos os matizes e as instituições. O PT colaborou insistentemente para isso. Chegamos ao ponto em que, depois de todo esse desgaste, o poder causal das instituições está erodindo. O grau de indeterminação está muito elevado. Não se sabe mais se as instituições vão produzir o que se espera delas.

Valor: E o sr. acredita que foi a expectativa gerada em torno da reforma política que gerou isso?

Wanderley Guilherme: São expectativas que fazem com que qualquer coisa que aconteça seja insuficiente. Não se sabe como o Congresso vai se comportar daqui para frente. O poder causal da medida provisória, por exemplo, não está funcionando. Não acredito que quem organiza essa esterilização do Executivo a partir do Legislativo tem condições de fazer com que a instituição funcione com poder causal.

Valor: Mas no Judiciário esse poder causal não está funcionando?

Wanderley Guilherme: No Judiciário também não se sabe muito bem o que vai acontecer. Não dá para julgar o comportamento que os ministros terão a partir de como se comportaram no passado. Eles mudam de opinião. As instituições são preditivas. Mas nem isso está acontecendo.

Valor: Por que todos os partidos aderem de maneira tão inequívoca ao discurso da reforma política?

Wanderley Guilherme: Por que assim eles se safam. ‘O problema não sou eu é a lei eleitoral’ é um discurso ótimo para a elite política. É inominável do ponto de vista do amadurecimento político de um povo que uma liderança faça essa propaganda sistemática. Eles, no fundo, sabem que não é isso. Não é por causa do sistema eleitoral que os deputados do PT até agora indiciados receberam propina de empreiteiras benevolentes que os queriam premiar com facilidades para a campanha. As empreiteiras não roubaram para fazer benesses. Corromperam a classe política para roubar. O que é muito diferente.

Valor: O sr. disse que o PT também se equivocou em relação ao PMDB, mas o partido não tem sido um entrave?

Wanderley Guilherme: O PMDB foi, mais uma vez, na esteira desse preconceito antipolítico, apontado como o mal do parlamento, por fisiológico e clientelista. Essa antipatia foi absorvida pelo PT ao ponto de convidar o PMDB na vice e montar uma estratégia para sua liquidação. O Executivo está recebendo o que plantou tanto na reforma política, que está sendo liderada pelo PMDB,  quanto no resto. Que seja bonito ou feio este centro é o que temos. E o que você tem que fazer é liderar o PMDB e domesticá-lo para que o partido se comporte de acordo com sua pauta de valores e não aliená-lo e colocá-lo no campo oposto. O PT não aguenta o rojão nem é tão puro assim. Como também não o são seus aliados PP e PR. Aliás, o governo continua cheio de bandidos como todo mundo sabe.

Valor: Essa fixação no PMDB oculta a falência do PT em lidar com a corrupção?

Wanderley: Do PT e da sociedade. Os problemas burocráticos que há no país se resolvem com despachantes. O despachante é o Fernando Baiano da classe média. É ele quem é o intermediário dos ilícitos e dos bodes colocados pela burocracia. A população não vê isso como corrupção. A passeata de 15 de março era de profissionais liberais, médicos, advogados, dentistas, desenhistas, eletricistas. Todos sonegadores. Não difere da corrupção da empreiteira. É parte de uma cultura política atrasada, da qual ninguém está livre.

Valor: Mas não há uma diferença de escala?

Wanderley Guilherme: Essas relações espúrias foram ficando mais complexas. Na Primeira República o ilícito era interferir para nomear o juiz de paz, a professora e o delegado. Depois veio o empreguismo e a política da caixa d’água. Com o Plano de Metas de JK abriu-se possibilidade para um tipo de ilícito de muito maior porte nas obras públicas. Não tenho a menor dúvida de que muitas obras custaram mais do que deviam. As oportunidades aumentaram consideravelmente. E isso continuou com as obras faraônicas da ditadura e teve um impulso nos últimos 12 anos com desenvolvimento puxado por grandes obras de todo tipo, hidrelétricas, pré-sal.

Valor: Dito assim, a corrupção não parece inevitável?

Wanderley Guilherme: Não estou dizendo que esse é um problema do capitalismo, mas da escassez. Há tribos que roubam mulheres. Na União Soviética as estudantes universitárias se prostituíam por um jeans. Onde há um bem escasso há problemas de comportamento fora das normas vigentes. Não estou dizendo que seja inevitável, tem que prevenir e punir.

Valor: Mas não é isso que o Judiciário está demonstrando?

Wanderley Guilherme: Sem o Ministério Público o que aconteceu na Petrobras não teria como ser descoberto. O que eu reclamo dos procuradores é que eles existem desde a Constituição de 1988 com plenos poderes, mas foram negligentes antes de o PT chegar ao poder.

Valor: O procurador-geral que não era escolhido entre os mais votados influenciou nisso?

Wanderley Guilherme: Era o período do [Geraldo] Brindeiro, que engavetava tudo, mas eles têm autonomia. Não foi o [Rodrigo] Janot quem fez a Lava-Jato, foram os procuradores com um juiz. Janot só soube depois. Deixaram o problema se avolumar. O procurador é o vigia desse negócio, e não o sistema eleitoral.

Valor: Não foi uma sociedade mais vigilante que produziu esse MP mais ativo?

Wanderley Guillherme:

Acho que temos sido, na verdade, lenientes. Se você ficar um mês numa repartição você sabe onde tem problema. Qualquer chefe de seção da Petrobras sabia da corrupção. É impossível não saber, mas é preciso não transformar isso na epistemologia do crime. Saber não implica cumplicidade. O problema não é saber ou não saber. O problema é o fato. A cultura política brasileira é muito a favor da delação e despreza o delator. Ninguém faz nada pela absoluta inconsequência da denúncia.

Valor: É aí que tem uma insuficiência institucional, na proteção de quem delata?

Wanderley Guilherme: Veja que isso não tem nada a ver com o sistema eleitoral. As ouvidorias ainda são muito fajutas. Nos Estados Unidos o governo chega até a pagar a quem denuncia certos crimes. Não protegemos os bons funcionários dos ladrões. Todo o sistema produtivo, do privado ao estatal, tem problemas. Agora não tenho dúvidas de que, quando começou o problema da Petrobras o Executivo tinha que ter ampliado a investigação para todo o governo.

Valor: Mas isso não comprometeria o projeto de poder do PT?

Wanderley Guilherme: Não sei, mas o partido não seria o sócio disso que está acontecendo. Não tem obra pública no Brasil que não esteja contaminada. Não sei quem são os Pedro Barusco e Paulo Roberto Costa de outras instituições mas não tenho dúvida de que existem. Ficaria felicíssimo se descobrissem. O banquete de escândalos servidos diariamente à direita não justifica solidariedade ou hesitação da esquerda em relação a bandidos.

Valor: Sem mudar a cultura das corporações uma reforma do financiamento de campanha, por exemplo, vira letra morta?

Wanderley Guilherme: As pessoas esquecem que toda legislação positiva indica, subliminarmente, os meios de transgredi-la. A questão está na prevenção e punição, que, por sua vez, também indicarão subliminarmente os meios. Ou seja, independente do valor abstrato das leis, a vigilância e repressão de ilícitos devem recair sobre seus operadores. Agora tem um problema aí que é o marketing eleitoral. Não dá mais para aceitar uma campanha sem teto de gastos.

Valor: Um teto implica também em mudança de formato…

Wanderley Guilherme: Não precisa fazer show. Esses marqueteiros não sabem nada de politica. É um absurdo que integrem o conselho político da Presidência. João Santana fez uma campanha cara e ruim que quase derrotou Dilma. Coisa de mau gosto, mórbida, com aquelas pessoas no caminhão se vendo no passado. Dilma ganhou por diferença muito pequena em grande parte pela militância que se assustou com a chance de derrota e foi às ruas.

Valor: O sr. aponta uma falta de liderança na esquerda para reverter esse rumo tomado pelo governo. Lula não é mais uma liderança?

Wanderley Guilherme: Não como era. Ele entrou nesse desgaste geral. Em parte por culpa dele que fica falando o tempo todo que a política não vale nada. O que não quer dizer que tudo esteja perdido, mas ele perdeu muito. Isso tem que ficar claro. Suas convocatórias já não são atendidas como antes. Permitiu que o centro passasse a ser liderado pela direita. A esquerda está sem liderança. Não se pode deixar de reconhecer a surpresa que foi o início de governo. Uma completa mudança do que foi dito até o último comício. Foi um choque.

Valor: Foi esse choque que liquidou a capacidade de a esquerda liderar?

Wanderley Guilherme: Sem dúvida. Acho que a presidente não tem mais liderança. Houve uma ruptura muito grande entre a base social da esquerda e sua liderança. Ruptura essa que tenho dúvidas de que consiga recuperar. Não adianta o que a presidente faça que a direita não vai ficar quieta. Gostou do jogo, como se diz no futebol.

Valor: O jogo não é derrubá-la?

Wanderley Guilherme: Só se algo de extraordinário acontecer. Sem o PMDB não se derruba ninguém. O partido é a fiança do não-impeachment.

Valor: Com uma esquerda acéfala seu ciclo caminha para o fim?

Wanderley Guilherme: Não sei. Essas lideranças atuais acredito que sim. O que não significa que não haja perspectiva à esquerda. O PT pode cansar de sangrar e exigir mudanças na política econômica e no governo. Pode apelar ao instinto de sobrevivência mas vai depender da luta interna. Se o partido se consumir nela, que é irrelevante, não terá condições de reagir.

Valor: O sr. classificou o mensalão de julgamento de exceção, depois dele não haveria outro igual. O petrolão não é um desdobramento?

Wanderley Guilherme: O mensalão, de fato, caixa 2 com muito desvios. Na Petrobras o que houve foi roubo com formação de cartel, aditivo e licitação manipulada. Para isso, eles têm que comprar político. O caixa 2 não é compra de político. Lá houve condenações sem prova e teses absurdas como a do domínio do fato ou a do [Carlos] Ayres Brito que o réu tem que provar que não sabia. Agora não precisa mais violentar a lei.

Valor: O que pode vir de um país em que o único poder com causalidade é o Judiciário?

Wanderley Guilherme: Espero que o sistema se recomponha a partir do Executivo, colocando criminoso para fora do governo. Isso não compromete as instituições. Por outro lado, não vejo a oposição ir além da batucada. O governo está executando o programa deles. O que é o PSDB hoje? Um túnel no fim da luz.

Valor: Se o PSDB não tem capacidade de canalizar insatisfações como a do dia 15 quem o fará?

Wanderley Guilherme: É hora de aparecer um oportunista.

Valor: Joaquim Barbosa?

Wanderley Guilherme: Pode ser. Um oportunista capaz de galvanizar direita e esquerda. Acho que não é jogo para Marina. Esse negócio colocou todo mundo sub judice. É uma situação favorável ao aparecimento de oportunistas competitivos. Se serão capazes de levar essa insatisfação a algum lugar é outra questão mas não tenho dúvidas de que 2018 não será só PT e PSDB.

Valor: A conjuntura é comparável àquela que se sucedeu à operação ‘Mãos Limpas’ na Itália que deu lugar a Silvio Berlusconi?

Wanderley Guilherme: Não conheço nem gosto de comparar. São as forças telúricas de nossa política que definem. Nosso problema é complicado porque a liderança da oposição é fraca. Os conservadores atuais são medíocres e agressivos no vocabulário. A esquerda também é, mas para quem precisa competir e mostrar a diferença tem que ter mais. As pessoas podem ter um papel causal que as instituições perderam. É o momento da virtude.

Valor: E o sr. distingue lideranças virtuosas nesse processo?

Wanderley Guilherme: Não, todos perdem capital aceleradamente.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. ” A passeata de 15 de março

    ” A passeata de 15 de março era de profissionais liberais, médicos, advogados, dentistas, desenhistas, eletricistas. Todos sonegadores.” ( Wanderley )

    A Zelotes desnudou um esquema cujo rombo para o país é 10 vezes maior que o da Petrobras e não deu nenhum Ibope.

    Wanderley deu a explicação.

     

     

     

  2. Destaco dois pontos.
    O

    Destaco dois pontos.

    O primeiro é que a direita está de fato liderando o centro. Com uma boa dose de ajuda de PSB e outros que fizeram de tudo para empurrar o centro pro colo da direita.

    O segundo é que esses marqueteiros não sabem de nada. O mesmo eu comentei aqui: esse joão santana quase entregou a eleição.

    O projeto vencedor é o que precisa ser repetido toda hora: o do estado indutor do desenvolvimento e da redução de desigualdades. O projeto está aí; a máquina de propaganda da oposição é que obscurece tudo pois só enxerga e admite a entrega do que resta de patrimônio público e o avanço sobre as conquistas sociais. E não medem esforços para esse projeto de poder, inclusive paralisando o processo político, a infraestrutura e o resto da economia. Sem se importar com o desemprego e o desespero de milhares de famílias.

    É isso que precisa ser repetido todo dia. Se não os oportunistas e demagogos vão se fartar.

     

  3. reforma política e corrupção


    Reforma política é necessária sim e é importante para melhorar os casos de corrupção. O PT , patinho feio e penetra na festa do poder, ganhou eleição carregando consigo o fardo de partidos fisiologicamente atuantes. o PMDB é o maior deles e chafurdava no dinheiro público desde o fim do militarismo. Isto se , como MDB , não participou das falcatruas da ARENA. Diminuir o número de eleições. Proibir partidos parasitas. Diminuir tempo de propaganda política. Proibir qualquer tipo de doação e financiamento de campanha ( quer ser candidato? Se vire para pagar a sua campanha) Se não proibir o financiamento, proibir então que doadores de campanha participem de licitações e concorrências. Ou , na pior das hipóteses, limitar os valores gastos em uma campanha. Além disto, o MP não fiscalizou os descalabros dos governos anteriores ao PT, porque eram ligados aos partidos da situação, principalmente do PSDB. Quando quiseram contar a história do fluxo de dinheiro no Brasil, fizeram a população crêr que a corrupção endêmica nasceu com o PT e que antes era uma brincadeira. Para melhorar, temos que varrer tudo que ainda respira e que se envolveu com política neste país.  

  4. Obs.

    “Em parte por culpa dele que fica falando o tempo todo que a política não vale nada”…

    Eu nunca vi ou li o Lula falando mal da política….

    1. Concordo Sérgio. O Lula vive

      Concordo Sérgio. O Lula vive convocando as bases à participarrem da política. A crítica que faz é contra políticos desclassificados, que sabemos haver aos montes, no Congresso. Políticos de baixíssima legitimidade representativa.

  5. Reforma política

    Em uma época de comunicações instantâneas, o povo – de onde emana todo o Poder – não precisa mais de um esquema de representação datado de 1776. É preciso ouvir mais o povo na tomada de decisões.  Ainda mais quando se tem um Senado,com atribuições iguais e, em certos aspectos, maiores do que a Câmara, mas com uma composição  nada “democrática”: são precisos  mais de cem votos paulistas para valer um  voto em Roraima. Aliás, alguém já se deu conta de que São Paulo, Minas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina  e Rio Grande do Sul não conseguiram fazer um presidente do Senado, e portanto, presidente do Congresso, desde a promulgação da Carta de 88? Eles ostentam a maioria absoluta do eleitorado, mas em nossa democracia temos que convir que o voto não vale nada. E quem vai mudar isso? Os beneficiários do esquema? Se fosse do PT, iria pleitear que o partido abandonasse o governo do Levy e fosse defender uma mudança revolucionária das instituições, começando com o princípio “um cidadão, um voto” ,e acabando com os poderes que não se baseiam na vontade popular, como o Judiciário.

  6. PT perdeu capacidade de liderar Centro para pauta progressista?

    A presidenta está conduzindo embarcação em meio a tempestade, trovões e raios na terra, nas águas e grandes  vagas nos oceanos.

    Para corresponder a um projeto politico estruturante o enfrentamento com o PMDB teria que ter sido obtido na base social – conteúdo e consistência programáticas que repercutiria no Congresso Nacional. Neste sentido é perfeita a percepção do professor Wanderley Guilherme dos Santos acerca da incapacidade do PT de liderar o PMDB hoje para a pauta progressista.

    Ao perder a capacidade de liderar o aprofundamento das transformações, o PT e a presidente jogam o PMDB no colo da direita e de adeversários. O poder do Centrão na política brasileira, fenômeno que vem desde o início do pós-ditadura. Na Constituinte, graças às mobilizações sociais, foi possível levar o Centrão para aprovar teses progressistas, ainda que em alguns temas não se tenha logrado êxito, como foi o caso da Reforma Agrária.

    As lutas contra a ditadura produziram um forte movimento de reconstrucão do país em outras bases em todos os campos. Foi durante a luta contra a ditadura que os medicos começaram a produzir o projeto de lei de criação e funcionamento do SUS e levaram projetos avançadas para a Assembléia Nacional Constituinte. Isto se deu em quase todos os campos, como o saneamento ambiental. Portanto, naquele momento a esquerda foi capaz de liderar o Centro, ainda que tenha perdido a possibilidades de algumas reformas.

    Quando Lula foi eleito o papel do PT seria, como Lula logrou fazer em alguma medida por algum tempo, liderar o Centro para viabilizar um programa politico e um projeto de nação. Isto começou a ser construído, porem o PT sucumbiu ao copier os vícios da política anterior.

    A indomável corrupção é a contra-face do projeto de poder que se traduz em privilégios concedidos pelo PT aos aliados do centro; a busca por compartilhar dos mesmos privilégios – para usar um eufemismo –; jogar o jogo como as regras sugeriam, aceitar as regras de uma realpolitik perversa; abrindo mão de programas mais avançados que existem na sociedade brasileira, que vem sendo desenvolvidos em diversas instâncias e situações, na sociedade, nas universidades, p. ex. O partido perdeu diversos laços com o país criativo, e tudo isso deságua agora na percepção generalizada da incapacidade, neste momento, do PT e do governo liderar as transformações.

    Dynamite pura. O crescimento do voto conservador. A estratégia petista de abandoner as bases para fazer politica apenas no plano institucional levou, paulatinamente, a perda de prestígio simbólico do PT afetando todo o campo progressista e fortalecendo os conservadores. No vácuo o PMDB – e politicos de outros partidos, como é o caso de Neto na Bahia – ocupa os espaços. Raposas polítcas da direita crescem o pescoço e irão liderar o Centro para pautar a direita, tornando a presidenta e a esquerda reféns de interesses os mais impronunciáveis.

    Ao invés de construir na base da sociedade as condições políticas para fazer avançar o campo progressista, a estratégia do PT, desde o início do primeiro governo Lula, foi dirigida fundamentalmente à política institucional e, particularmente, perseguindo e privilegiando alianças pela direita.

    Isto talvez explique a construção – ao longo dos últimos doze anos – da correlação de forças hoje desfavorável ao campo progressista? Há um nó politico aí que precisa ser melhor compreendido.

    Hoje a crise econômica, a falta de um projeto nacional e de carisma marcam, sem dúvida, o início do segundo mandato da presidenta. Longe de animais politicos como Lula, JK, Vargas, Brizola, Dilma opera em marcha lenta em meio a condições políticas e econômicas dramáticas.

    A falta que sentimos de um projeto nacional, um projeto articulado de país, e não apenas um plano de obras, parece fenômeno que transcende o governo, quando mais precisa do governo. Poderia dizer que a questão nacional foi estilhaçada e substituída, em quase todos os lugares por miriade de questões específicas, estas sim, tornaram-se mobilizadoras: homossexuais, negros, indios, e sem número de corporações.

    A agenda nacional ficou fora de moda. O problema é que as questões específicas precisam articular-se em projeto mais complexos, pois só assim, acredito, poderemos avançar. Como fazer? Através do Estado, pela gestão de um governo perseguindo e construindo as transformações com a sociedade.

    Eduardo Cunha já anunciou o fim da aliança com o PT em 2018. Certamente é uma bravata. A dinâmica da política e do processo histórico nos impossibilita de fazer previsões. Mas todos estamos vendo que é imenso o risco, Cunha pode ser o aventureiro à disposição da aventura, o nosso Berlusconi? Nada animador. A Justiça ao arrepio da lei. Eles querem o poder sem intermediarios.  Há quem compreenda que a falência de um projeto de esquerda abre vácuo que tende a ser ocupado pelo  fascismo. A besta fera. Cruz credo.

  7. Prá quem não sabe o que é pobre…

    As pessoas que foram às passeatas do dia 15, e que tinham as profissões listadas no texto acima, são todas masi ricas que eu, tem carro, tem roupas e tênis novos. Se eu que nem pobre de verdade sou não estava representado ali como alguém pode dizer que as passeatas não foram de mauricinhos de direita?? A grande asneira do texto é só essa!

  8. Reforma política não é igual a Reforma Eleitoral
    Considero que reforma eleitoral não é o mesmo que reforma do sistema Político. Estamos chegando a um fim de sistema político vigente na Nova República que deixou muitas amarras e é necessário mudar. O poder centralizado em um Estado podre, que necessita de mudanças causa muita corrupção apesar dela não ser originaria apenas disso. A reforma do sistema político é apenas o começo das mudanças. Em todos os casos ela é necessária.

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