Seguranças agridem passageiros e jornalistas no Metrô do Rio

Jornal GGN – O fotógrafo da Agência Pública registrou em vídeo e fez um relato por escrito de agressões ocorridas na estação Uruguaiana do Metrô do Rio de Janeiro, na noite desta terça-feira (5). No vídeo, é possível ver um homem com uma câmera na mão, cercado por seguranças. Um deles lhe aplica uma gravata.

Em seguida, uma mulher é agredida e cai no chão desmaiada. Outro fotógrafo aparece nas imagens de joelhos, sendo contido por um segurança. Um rapaz é jogado com força contra a parede, com o antebraço do agente de segurança em sua garganta.

Os seguranças tentam impedir os jornalistas presentes de gravar as cenas. Para isso, não hesitam em usar a força. Depois de se identificarem com credenciais e dizerem que são jornalistas, os agentes do metrô batem boca e dizem que eles são “baderneiros”.

Da Agência Pública, via Facebook

Brutalidade no Metrô do Rio

Por José Cícero da Silva

Na noite desta terça-feira (05) eu voltava da manifestação que ocorreu em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), no centro da cidade, para marcar os 30 dias que faltam para o início da Olimpíada 2016. O ato protestava por questões como moradia, segurança, gastos com os megaeventos e desigualdade.

Por volta das 19h, o ato terminou, e eu fui para a estação Uruguaiana do Metrô. Havia cerca de dez jovens em frente às catracas, numa discussão acalorada com os guardas. Alguns tinham conseguido pular a roleta, e os seguranças tinham ido até a plataforma para buscá-los.

Tirei a câmera da mochila e me preparei para um possível conflito, que não demorou cinco minutos para começar. De repente, começou a gritaria: “não precisa agredir, não. Deixa ele, deixa ele”, diziam os adolescentes que estavam do lado de fora da catraca, enquanto os guardas conduziam dois ou três jovens de volta para pagar a condução.

Antes que os jovens pulassem para fora, outros entraram para impedir a truculência dos guardas. Saíram. Começou então uma correria para outra parte da estação. Segui a muvuca, e quando cheguei no local me deparei com os guardas aplicando “gravata” em jovens e adolescentes (meninos e meninas) e dois fotógrafos que estavam ali com suas câmeras.

Uma mulher, enquanto estava sendo “contida” com uma “gravata”, caiu no chão e ficou alguns minutos desacorda. Um menino negro foi encurralado por dois seguranças, que o agrediram. Sua amiga tentava afastar os guardas, que só pararam quando ele sentou-se no chão e começou a chorar. A colega ficou ali, abraçada, tentando acalmá-lo. Ele teve convulsões, deitado no chão. “Ele tem epilepsia”, gritavam os amigos. Chamaram a ambulância mas ela não apareceu. Ele ficou lá por cerca de 20 minutos. Quando melhorou, saiu carregado pelo tio, que também estava na passeata. Entrou na viatura e foi para o DP prestar depoimento.

Os seguranças partiram para cima de quem estava registrando o conflito. A todo momento exigiam, com bastante truculência, que os equipamentos fossem desligados – uma fotógrafa teve uma lente danificada. Dois fotógrafos, mesmo depois de se identificar, continuaram sendo agredidos e foram conduzidos até uma sala do metrô. Dali, foram conduzidos para a delegacia.

Registrei esses momentos da melhor forma possível, apesar de ter sido impedido de fazê-lo pelos seguranças do metrô. Como jornalista, é minha obrigação. Fica aqui este registro do que aconteceu no metrô Uruguaiana na noite de terça-feira, 5 de julho de 2016.

José Cícero da Silva é fotógrafo da Agência Pública

Redação

2 Comentários

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  1. seguranças…

    Onde está a imprensa, que ao invés de discutir picuinhas ideológicas não mostra o resulltado da politica de privatizações, a famosa “privataria”, neste caso sobre o Metrô de SP. Depois da privataria, se instituiu uma guarda armada no metrô e trens, o abuso e a violência só aumentou, principalmente contra as mulheres e estes jagunços fardados não resolveram nada. Pelo contrário somente depois deste tipo de “segurança”, este pessoal fora o alto grau de violência  já matou 4 ou 5 pessoas dentro de suas dependências. É só verificar! Orgãos da Justiça, cidadania e direitos humanos cadê vocês?!

  2. Sabe em que vais

    Sabe em que vais dar? 

    Nada. 

    Sabe o que os “chefes” deles dirão?

    Que não houve violência e que agiram de forma adequada.

    Importante: não estou julgando culpas, estou tratando do clima repressor, generalisado, que vigora no país. A partir de eventos, inicialmente, isolados o pensamento que vogora é que pode bater, usar os recursos de recursos públicos (armas, uniformes, outros equipamentos) de forma abusada e impune. Nesse caso são “seguranças” particulares, atuando em serviços públicos. Muito pior. Assemelham-se à marginasi, quaçlquer um que age fora à margem da lei.

     

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