Trabalhadores pagam a conta das denúncias da Carne Fraca, diz MST

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Jornal GGN – Em nota pública sobre a Operação Carne Fraca, deflagrada há duas semanas pela Polícia Federal, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra afirma que as denúncias reafirmam as contradições do modelo do agronegócio brasileiro. 
 
O MST também pede que as empresas envolvidas sejam punidas e ressalta que “mais uma vez a conta está sendo paga pelas trabalhadoras e trabalhadores da agroindústria da carne”, que agora já sofrem com as condições de trabalho e agora são prejudicados por demissões em massa decorrentes da reação às denúncias, como o embargo de diversos países à carne brasileira. 
 
Na nota, o movimento também critica o ‘conluio entre a mídia e o governo golpista’ que tenta esconder o processo de corrupção entre os fiscais do Ministério da Agricultura e as empresas do agronegócio. “Exigimos que seja investigada a apropriação privada desse Ministério pelo agronegócio”, diz o MST.

 
Leia a íntegra da nota abaixo: 
 
NOTA PÚBLICA DO MST SOBRE A OPERAÇÃO CARNE FRACA E A CORRUPÇÃO NO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
 
1. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra manifesta ao povo brasileiro o seu posicionamento diante das denúncias envolvendo o Agronegócio e o modelo de produção agropecuário movidos apenas pela lógica do lucro máximo e imediato.
 
A irracional e crescente degradação ambiental, a exploração intensiva de força de trabalho assalariada, a monopolização do território e despovoamento do interior do país, além dos crimes contra os povos indígenas, quilombolas, pescadores e camponeses, caracteriza o modelo de agronegócio, cujo mercado capitalista impulsiona ou desacelera a produção em face da demanda global.
 
2. A produção agropecuária baseada na monocultura extensiva e no uso intensivo de agrotóxicos, destrói a biodiversidade, contamina os solos e as águas, alteram as condições climáticas e envenenam os alimentos da população brasileira.
 
Para garantir e ampliar seus privilégios o agronegócio financia as eleições da bancada dos parlamentares mais reacionários, a “ bancada do boi”, responsável pelo retrocesso na legislação dos direitos sociais, trabalhistas e de preservação ambiental.
 
3. O golpe em curso no país, resultante de um conluio entre a Polícia Federal, Ministério Público, Poder Judiciário e meios de comunicação de massa, liderados pela Globo, atenta brutalmente contra os direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores, e dos bens naturais, entregando essa riqueza para o mercado e as empresas transnacionais, num forte ataque à soberania popular.
 
4. As denúncias da operação da Polícia Federal  denominada Carne Fraca servem como argumento para reafirmar as contradições do Modelo do Agronegócio, principalmente em relação à saúde humana e à destruição ambiental. Defendemos que as empresas envolvidas sejam punidas e responsabilizadas.
 
5. Denunciamos que mais uma vez a conta está sendo paga pelas trabalhadoras e trabalhadores da agroindústria da carne, expostos à precarização imposta pelas empresas, e que agora com as denúncias sofrem com as demissões em massa.
 
6. Denunciamos o conluio entre a mídia e o governo golpista para escamotear o processo de corrupção entre as empresas do agronegócio e os fiscais do Ministério da Agricultura (MAPA). Exigimos que que seja investigada a apropriação privada desse Ministério pelo Agronegócio!
 
7. Reafirmamos nosso projeto de Reforma Agrária Popular, a produção de alimentos saudáveis, o respeito à diversidade dos povos e a defesa dos bens naturais. Combateremos sem tréguas o modelo de produção do agronegócio e seguimos na defesa de um modelo de desenvolvimento para o campo, baseado na cooperação agrícola, agroecologia e na soberania popular.
 
8. Com a força crescente do apoio popular, seguimos denunciando que o Agronegócio mata, envenena e sequestra o Estado Brasileiro! Nenhum Direito à Menos! Fora Temer! Diretas Já!
 
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Redação

4 Comentários

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  1. Carne Fraca

    Sem falar no conluio com o novo ministro da justiça (lembra do grande chefe) osmar “CUNHA” serraglio,  pois é por  causa do cunha que ele ainda continua ministro.

    E o pior é que devido a esta operação foi desviada a atenção e aprovada a lei da terceirização que michel tremer vai sancionar, com ela nem vai ser preciso a reforma da previdência, pois com empregos precários e as terceirizadas sem pagar o INSS ninguém vai se aposentar mesmo

  2. A se

    A se ler:

    http://www.ocafezinho.com/2017/03/25/operacao-carne-fraca-foi-o-segundo-aviao-nas-torres-gemeas/
     

    Operação Carne Fraca foi o segundo avião nas Torres Gêmeas

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    Hoje eu acordei com uma metáfora na cabeça.

    Lembrei do segundo avião a se chocar com as Torres Gêmeas, no atentado de 11 de setembro de 2001, em Nova York.

    O primeiro avião, apesar da constituir uma tragédia de proporções ciclópicas, foi entendido como um acidente.

    As pessoas olhavam para a televisão em estado de choque, tristes e perplexas.

    O segundo avião, porém, mudou completamente a percepção mundial.

    A perplexidade se transformou em medo.

    Porque o segundo avião mostrou que havia ali uma intenção.

    Não era um acidente, e sim um ataque!

    A indústria nacional de carne não pode ser vista apenas como uma atividade que movimenta mais de R$ 400 bilhões, mas sobretudo um fator de protagonismo brasileiro no mundo.

    A imprensa comercial está tratando o caso como uma “trapalhada” da Polícia Federal.

    As revistonas falam em “politicagem” da PF.

    O jornalismo brasileiro é muito estranho. Os barões da mídia querem impor à opinião pública a fantasia que o imperialismo não existe.

    Que é uma invenção esquerdista.

    Imperialismo não é uma invenção esquerdista. É um fato histórico.

    Pretender impor a noção de que o imperialismo não existe é queimar novamente a biblioteca de Alexandria, e jogar no lixo toneladas de livros de história e economia que já trataram do tema, ao longo dos últimos cinquenta anos.

    Os EUA patrocinam golpes, ditaduras, espionam presidentes de outros países. Sempre fizeram isso, e continuam fazendo.

    A narrativa sobre a corrupção é uma cortina de fumaça para ocultar, tanto da classe trabalhadora, como da classe média e da própria grande burguesia nacional, o que verdadeiramente está em jogo: o imperialismo está atacando o Brasil.

    A atual ofensiva – dos mesmos setores que destruíram, com a Lava Jato, a engenharia nacional, e oriundos do mesmo núcleo em Curitiba – contra a indústria nacional de carne, é o segundo avião nas Torres Gêmeas.

    Não é “trapalhada”. Não é acidente.

    É um ataque!

    Os setores de esquerda que vêem a questão da carne com uma visão puramente moralista (embora fantasiada de ideologia), de que seria “bem feito” para uma indústria que explora trabalhadores e agride o meio ambiente, não entenderam nada.

    A Polícia Federal não atacou a indústria da carne por suas agressões a indígenas, a trabalhadores, ao meio ambiente.

    A PF conduziu uma investigação por dois anos não apenas sem fazer praticamente nenhuma perícia nas carnes, como também não entrevistou nenhum indígena, nenhum sindicato, nenhum trabalhador, nenhum especialista em meio ambiente.

    Não foi por isso.

    O Brasil tem um problema fundiário extremamente grave. Após o golpe, intensificaram-se os assassinatos de índios e a violência no campo, de forma geral.

    A Polícia Federal está investigando e combatendo esses crimes? Não. Ela prefere convocar uma coletiva da grande imprensa nacional para divulgar que a carne brasileira é podre e tem papelão.

    Se a esquerda quiser humanizar a indústria nacional de carne, precisa entender que isso deve ser feito com instrumentos democráticos: aprimorando a regulamentação, discutindo-se novas leis, intensificando a fiscalização.

    Não é destruindo as empresas que isso vai acontecer.

    Humanizar a indústria de carne através de uma campanha de difamação do produto no mundo não é uma boa estratégia porque, evidentemente, os principais prejudicados serão os milhões de trabalhadores que perderão seu emprego.

    Milhões de empregos serão transferidos para países ricos exportadores de carne, países que, ao contrário do Brasil, detêm um rígido controle sobre suas estruturas de polícia, de justiça, de mídia…

    A mídia brasileira, mais uma vez, está mentindo, porque ela está a serviço do imperialismo, embora seus jornalistas, possivelmente até mesmo seus editores, não tenham sequer consciência disso.

     

     

    Os grandes meios de comunicação agora estão tentando passar a imagem de que são amigos da “indústria nacional da carne”, que estão indignados com os erros da PF. Com isso, estão mais uma vez enganando a burguesia nacional, que talvez seja a mais medíocre do mundo.

     

    A mídia brasileira é o que sempre foi: representante de uma elite “compradora”, ou seja, de uma classe aliada ao imperialismo.

    Os grandes frigoríficos americanos e europeus já tomaram, em questão de dias, o market share conquistado pelo Brasil, com muito trabalho, com muita certificação internacional, ao longo de 20 anos.

    Tudo isso com ajuda da Polícia Federal, do Judiciário e, não se esqueçam, da mídia brasileira!

    O único trunfo da indústria nacional de carne é a inteligência da elite política chinesa.

    A China é uma força anti-imperialista e já começou a entender que isso é um jogo para debilitar o espaço de seu parceiro de Brics, o Brasil, no cenário geopolítico. Entendido o jogo, ela começa a voltar a comprar a carne brasileira, embora o Brasil, agora, tenha menos espaço para negociar preços melhores para o produto.

    A opinião pública brasileira precisa acordar.

    O segundo avião já bateu nas Torres Gêmeas.

    É hora de alguém chegar ao ouvido do povo brasileiro e dizer o que um assessor do presidente Bush disse naquela manhã do dia 11 de setembro de 2011, enquanto Bush conversava com criancinhas numa escola pública.

    – Presidente, estamos sob ataque!

    ***

    A propósito, eu sugiro aos internautas que assistam à análise de Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, que faz uma leitura infinitamente mais lúcida e objetiva do que a de qualquer outro dirigente partidário e sindical. É uma análise que eu sugiro inclusive aos empresários.

     

     

    1.  
      “Os setores de esquerda que

       

      “Os setores de esquerda que vêem a questão da carne com uma visão puramente moralista (embora fantasiada de ideologia), de que seria “bem feito” para uma indústria que explora trabalhadores e agride o meio ambiente, não entenderam nada

      A Polícia Federal não atacou a indústria da carne por suas agressões a indígenas, a trabalhadores, ao meio ambiente.

      A PF conduziu uma investigação por dois anos não apenas sem fazer praticamente nenhuma perícia nas carnes, como também não entrevistou nenhum indígena, nenhum sindicato, nenhum trabalhador, nenhum especialista em meio ambiente”

      Não foi por isso.

      O Brasil tem um problema fundiário extremamente grave. Após o golpe, intensificaram-se os assassinatos de índios e a violência no campo, de forma geral.

      A Polícia Federal está investigando e combatendo esses crimes? Não. Ela prefere convocar uma coletiva da grande imprensa nacional para divulgar que a carne brasileira é podre e tem papelão.

      Se a esquerda quiser humanizar a indústria nacional de carne, precisa entender que isso deve ser feito com instrumentos democráticos: aprimorando a regulamentação, discutindo-se novas leis, intensificando a fiscalização.

      Não é destruindo as empresas que isso vai acontecer”

      No texto do Rosário (O Cafezinho) acima.

       

  3. trabalhadores….

    Bipolaridade é pouco.  O gigantesco “AGRONEGÓCIO” neste setor de carnes são milhares e milhares de micro, pequenos e médios produtores espalhados em milhares e milhares de pequenas propriedades rurais pelo país, tocadas por suas famílias. Inclusive na área de gado bovino, onde grandes propriedades não representam nem 30% de todo o setor.  Mas  nossa desinformada Gestapo Ideológica só consegue ver a cara do Caiado. São milhões e milhões de brasileiros que ficarão sem emprego e renda. Eta! paisinho que gosta de cultivar a imbecilidade. E imbecilidade neste país alastra mais ráapido que tiririca. 

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