Uma criança por hora some em SP, diz estudo

Um levantamento feito pelo projeto Caminho de Volta, da USP (Universidade de São Paulo), diz que, no estado de São Paulo, 9 mil crianças desaparecem por ano, o equivalente a uma criança desaparecida por hora. O dado foi apresentado na quinta-feira (18) durante o debate sobre a Política Estadual de Enfrentamento e Prevenção ao Tráfico de Pessoas, feito pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social.

De acordo com os dados do projeto, que busca crianças desaparecidas por meio de teste de DNA, em todo o Brasil somem 40 mil crianças por ano. No mundo, esse número chega a 8 milhões.

Gilka Gattás, geneticista do Caminho de Volta, relatou os motivos que podem causar o desaparecimento de crianças e adolescentes. “A fuga de casa é o motivo mais frequente de desaparecimento, seja por causa de violência doméstica, alcoolismo, deficiência física ou intelectual, maus tratos, abandono, negligência ou miserabilidade. A consequência para a família é um luto inacabável”, comentou.

Segundo dados da assessoria de imprensa da secretaria, o Caminho de Volta é um projeto que existe desde 2004 e funciona no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.

O Caminho de Volta mantém um banco de dados, realiza a coleta de sangue do familiar da criança desaparecida para o banco de DNA, faz o trabalho de expansão e prevenção e dá suporte à família, que precisa registrar o desaparecimento na polícia para poder fazer parte do projeto. “É preciso fazer o BO no momento do desaparecimento. Não é necessário esperar 24 horas”, concluiu Gilka.

Durante o debate também foram abordados assuntos relacionados a trabalho escravo e tráfico de mulheres, homens e transexuais para fins de exploração sexual.

Escravidão e tráfico humano

A presidente da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (Asbrad), Dalila Figueiredo, afirmou que a estimativa de tráfico de pessoas no mundo para mão de obra laboral, por ano, é de 1 milhão de pessoas.

Christiane Nogueira, representante do Ministério Público do Trabalho, enfatizou a importância da criação de uma rede de atuação para debater o tráfico de pessoas. “Apenas 25% dos casos de trabalho escravo chegam ao conhecimento do Estado. Sabendo da realidade é possível fazer um trabalho de prevenção, de conscientização”, explica.

O trabalho escravo urbano atua fortemente nos setores têxteis e da construção civil, segundo Christiane.

“Há casos aqui em São Paulo, de bolivianos que trabalharam por três meses sem receber nada. Trabalhavam para pagar as dívidas do transporte e alimentação”, conta. Ela acrescentou que é importante dizer que se a pessoa é vítima não vai ser deportada. “Ela tem o direito garantido por lei, de permanecer por um ano no país, recebe um visto provisório e depois poderá receber um visto permanente. Existe proteção para as pessoas vítimas de trabalho escravo”, concluiu.

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