Enviado por Gilberto Cruvinel
A amizade de Manuel Bandeira com Mademoiselle Seroa da Mota
Hoje completam-se 52 anos da morte de Manuel Bandeira.
A amizade de Manuel Bandeira com Mademoiselle Seroa da Mota
Cleonice Berardinelli, 104 anos completados em agosto, fala de Manuel Bandeira
– Ele diz Mademoiselle Seroa da Mota que era o meu nome de solteira. O que eu acho uma delícia é este “Mademoiselle”, mas ele nos chamava a todas “Mademoiselle” muito elegantemente à moda daquele tempo, 1942, portanto já lá vão muitos anos.
Edney Silvestre: Dona Cleo, a amizade de vocês foi até o fim dos dias dele.
Cleonice Berardinelli: Até o fim dos dias dele em que ele no hospital, fui visita-lo, um hospital no Leblon. E eu cheguei, ele estava muito branco, muito pálido assim, muito magrinho, deitado com as mãos estendidas. E eu olhei e a mão dele estava toda roxa. Eu peguei a mão e o beijei. Quando eu o beijei, ele fez assim [tirando a mão]. Eu disse: – eu o machuquei? Ele disse: – Cleonice, é que tiram o meu sangue e me dão injeções aqui. Então, eu fiquei muito, muito triste porque eu tinha causado uma pequena dor ao meu querido amigo.
E quando ele morreu, eu fui à Academia e levei prá ele uma rosa branca. Ele tem um poema lindíssimo sobre a rosa branca ligada à idéia da morte.
Eu vi uma rosa
– Uma rosa branca –
Sozinha no galho.
No galho? Sozinha
No jardim, na rua.
Sozinha no mundo.
Em torno, no entanto,
Ao sol de meio-dia,
Toda a natureza
Em formas e cores
E sons esplendia.
Tudo isso era excesso.
A graça essencial,
Mistério inefável
– Sobrenatural –
Da vida e do mundo,
Estava ali na rosa
Sozinha no galho.
Sozinha no tempo.
Tão pura e modesta,
Tão perto do chão,
Tão longe na glória,
Da mística altura,
Dir-se-ia que ouvisse
Do arcanjo invisível
As palavras santas
De outra Anunciação.
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