A Beija-Flor desfilará em defesa dos meninos abandonados

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis – Carnaval 2018 Desfile do Grupo Especial Enredo: “Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu”

Autores do Samba: Di Menor BF, Kiraizinho, Diego Oliveira, Bakaninha Beija Flor, JJ Santos, Julio Assis e Diogo Rosa

Intérprete: Neguinho da Beija-Flor

A Beija-Flor vai fazer um desfile crítico em defesa dos meninos abandonados.

LETRA
Sou eu…
Espelho da lendária criatura
um monstro…
carente de amor e de ternura
o alvo na mira do desprezo e da segregação
do pai que renegou a criação
refém da intolerância dessa gente
retalhos do meu próprio criador
julgado pela força da ambição
sigo carregando a minha cruz
à procura de uma luz, a salvação!
 
Estenda a mão meu senhor
pois não entendo tua fé
se ofereces com amor
me alimento de axé
me chamas tanto de irmão
e me abandonas ao léu
troca um pedaço de pão
por um pedaço de céu
 
Ganância veste terno e gravata
onde a esperança sucumbiu
vejo a liberdade aprisionada
teu livro eu não sei ler, Brasil!
Mas o samba faz essa dor dentro do peito ir embora
feito um arrastão de alegria e emoção o pranto rola
meu canto é resistência
no ecoar de um tambor
vem ver brilhar
mais um menino que você abandonou
 
Oh Pátria amada, por onde andarás?
seus filhos já não aguentam mais!
Você que não soube cuidar
você que negou o amor
vem aprender na Beija-Flor.
 
 
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Fratura exposta

    Importantíssimo que os temas sociais venham aos poucos voltando ao Carnaval profissional do Rio de Janeiro, depois da onda de enredos sob encomenda de patrocinadores, que imagino ainda seja a tônica. 

    Mais importante que se volte para as crianças, as mais desamparadas e que retratam, em sua condição, o caráter ético de uma sociedade. 

    Só me incomoda um pouco, não no samba enredo – muito bom no que se propõe, tentar não politizar a questão mas apelar para o senso de solidariedade humana básico – mas quando se discutem assuntos dessa natureza, uma espécie de dissonância cognitiva ao tratar do tema apenas pelo viés da indignação sem que esta compaixão fundamental reapareça quando se discutem medidas práticas para enfrentar o problema.

    O caso do Bolsa Família, por exemplo. Apesar das críticas, à esquerda e à direita por diferentes motivos, é inegável que foi um passo institucional extraordinário para atender os mais desassistidos, em especial mulheres e crianças em lugares abandonados pelo Estado. Um projeto de distribuição de renda a ser aperfeiçoado e não desmantelado, como o desgoverno golpista faz sem reação significativa da sociedade, que parece concordar que se trata de assistencialismo inútil e portanto, indefensável.

    Não por acaso, é adotado em diferentes países do mundo com sucesso (http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2016/01/modelo-do-bolsa-familia-foi-exportado-para-52-paiseshttp://www1.folha.uol.com.br/mundo/2017/11/1939471-bolsa-familia-italiano-pagara-ate-r-1900-por-mes-a-cidadaos-pobres.shtml) e sua descontinuidade faz com que “a volta do irmão do Henfil”, o sociólogo e ativista social Betinho, aconteça uma segunda vez, após sua morte, de maneira amarga e cruel, com a volta da fome em grande escala, e com ela, o retorno necessário da Campanha Natal sem fome, por ele idealizada para despertar as pessoas para o descalabro da situação. 

    ” Direitos Humanos

    Campanha Natal sem Fome pretende arrecadar 500 toneladas de alimentos

    22/10/2017 15p0Rio de JaneiroVladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil

    “Dez anos após sua última edição, a Campanha Natal sem Fome voltou este ano com o objetivo de arrecadar 500 toneladas de alimentos. O lançamento oficial foi neste domingo (22), no Aterro do Flamengo, no Rio, onde foi montada uma mesa de 1 quilômetro de extensão, coberta por diversos tipos de alimentos doados por empresas e grupos da sociedade civil.

    O coordenador executivo do Comitê da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, Daniel Souza, disse que a iniciativa precisou ser retomada no país porque, com a crise política e econômica, parte da população, que tinha conseguido ficar acima da linha da pobreza, volta a ficar em risco.

    “Infelizmente, o que estamos vendo é que, com a crise política e econômica, essa população que estava um pouco acima da linha da pobreza, que estava começando a se recuperar com os programas de transferência de renda, está voltando de novo a ficar em risco. Em 2014, já havia 7,2 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, e isso foi antes da crise. Agora certamente está maior este contingente”, disse Daniel, que é filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, idealizador da campanha Natal sem Fome.”

    http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-10/campanha-natal-sem-fome-pretende-arrecadar-500-toneladas-de

    Para não falar do congelamento de gastos na famigerada PEC do fim do mundo, que atingirá principalmente as crianças, do sucateamento da educação pública, do alto índice de desemprego que as afeta direta e indiretamente, e não só no aspecto material mas nas condições emocionais da família e do grupo social em que vive. 

    Isso é muito bem retratado no filme “Eu, Daniel Blake”, que assisti há poucos dias e cujo arrebatamento produzido ainda influencia minhas lentes e inquietações. Por falar em filme, o cineasta Cesar Charlone pretendia filmar/documentar histórias do Bolsa Família – alguém sabe como está o projeto? -, o que seria muito importante como registro histórico e para esclarecimento da população que não se incomoda em doar alimentos no Natal, quando o faz, mas não aceita que uma política pública de combate à miséria se estabeleça no país, por preconceito ideológico, desconhecimento ou pura mesquinharia.

    Enquanto o funcionamento das sociedades não for seriamente alterado, com as pessoas e o meio ambiente como centro das decisões e das preocupações em lugar da acumulação de dinheiro e disputa por privilégios – se não por escolha ética, por sobrevivência -, essas ações serão apenas um enxugamento de gelo, ainda que indispensável pela urgência das questões, porque a desigualdade, se não corajosamente combatida em suas diferentes origens, tende a se perpetuar e acentuar:  o redemoinho do sistema financeiro como motor da economia não deixa outra alternativa que não a mudança drástica de prioridades. E não serão eles, os beneficiários da especulação – financeira, imobiliária, ambiental, política, social – que vão resolver esse problema. Cabe às pessoas de boa fé e coragem política mudar esse estado de coisas. Por acaso se cura fratura com band-aid?

     

    SP, 10/12/2017 – 16:32

  2. a Beija Flor…..

    Somos uma Terra de Lunáticos e depois dizemos não entender o Brasil. Beija Flor é Escola de Samba que recebe milhões de reais em subvenções com dinheiro público? No meio de favelas perpétuas., sem escolas, sem segurança, sem esgoto, sem urbanização? É Escola de Samba comandada por Bandidos, Lavagen de Dinheiro descarada e Tráfico de Drogas permanente? É aquele lugar, suas quadras, onde circula gente de dinheiro, empresários, artistas nacionais e internacionais, politicos, gente de classe média alta e não roubam nem o estepe dos seus carrões importados? Como se dá o milagre? O ‘microondas’ manda mais que a Justiça Tupiniquim. Num estado e cidade, que historicamente não tem creches, nem sistema de saúde eficiente, vão citar organização que lava milhões de reais de dinheiro público com compadrio político? O Brasil é de muito fácil explicação.     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador