Artigo de 2010 explica de onde veio a palavra esnobismo

Enviado por antonio francisco

Esnobismo à marolinha

26/01/2010

Fernando Nogueira da Costa

A palavra snobbery, em português, “esnobismo”, tem sua origem na Inglaterra do século XIX. Derivou do hábito de faculdades de Oxford e Cambridge de escreversine nobilitate (sem nobreza) ou “s.nob” ao lado dos nomes de alunos plebeus nas listas de exame para distingui-los de seus colegas aristocratas. Passou-se a classificar como esnobe qualquer pessoa que demonstre preconceito social ou cultural, discriminando outras por sua origem.

Quando o presidente Lula usou a metáfora “marolinha”, para descrever como o país seria atingido pela onda do Tsunami provocada pela crise sistêmica mundial, mais uma vez, parte da elite brasileira o tratou com esnobismo. Passado um ano, os fatos demonstram que a visão míope, que enxergava apenas o curto prazo, era a dessa autonomeada elite. Assumiu ares de superioridade, porém a história está demonstrando que ela não possui a visão do estadista, ou seja, da pessoa versada na arte de governar, exercendo liderança política com sabedoria e sem limitações partidárias.

O estadista não pode perder a visão estratégica do futuro da Nação. Tem que, em estado de tumulto, alvoroço, agitação, manter a serenidade e ver essa conjuntura como ondulação natural, uma onda pequena face à grandiosidade da que vem pela frente.

Isso não significou inação. Pelo contrário, face às falhas do mercado mundial, a política econômica brasileira reagiu ativamente. As medidas anticíclicas tomadas a partir do final de 2008 injetaram liquidez no mercado e estimularam o comércio. O governo reduziu impostos para reativar a economia. Foram feitas desonerações fiscais para o setor automotivo, combustíveis, compras de máquinas e equipamentos, alteração da tabela do imposto de renda, desconto a produtos como geladeiras e fogões, redução de IOF no crédito e câmbio.

O Banco Central do Brasil acertou quando reduziu a exigência de depósito compulsório por parte dos bancos e concedeu crédito às empresas exportadoras com lastro nas reservas cambiais. Errou quando, assustado pelo medo de choque inflacionário provocado pela sobre depreciação da moeda nacional, precipitadamente, elevou a taxa de juros básica. Porém, a queda da demanda agregada levou-a a corrigir esse erro, colocando a SELIC no menor patamar histórico. Está agora tentando evitar a apreciação da moeda brasileira. As reservas cambiais já alcançaram o maior nível na história.

Mas não só a política fiscal, a monetária, a cambial e, recentemente, a de controle de entrada de capital estrangeiro foram ativadas. A política de crédito oficial jogou papel essencial na retomada do crescimento econômico. Nesta crise, ficou evidenciado, mais uma vez, a importância da defesa dos bancos públicos contra as campanhas de privatização. O Brasil, assim como os outros países que constituem o BRIC, dispõe dessa vantagem institucional para compensar a escassez do crédito privado.

Estão sob suas responsabilidades grandes eixos estratégicos do país. O país está para se tornar, na próxima década, o maior produtor e exportador de alimentos do mundo. Os créditos agrícolas e à exportação, concedidos, primordialmente, pelo Banco do Brasil, são essenciais tanto para suprir o mercado interno quanto o externo. O lançamento prioritário do programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”, conjuntamente com a urbanização das favelas e o saneamento básico, colocam os empréstimos da Caixa como fundamentais. O BNDES é imprescindível para o financiamento da infra-estrutura, principalmente em transportes e energia, não só hidroelétrica como também a exploração e produção de petróleo e gás natural, inclusive na camada pré-sal. Para isso, terá o papel de fomento do mercado de capitais e busca de recursos externos.

O pacote de investimentos programados para os próximos anos, necessários inclusive para criação da infra-estrutura urbana adequada à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016, será legado que melhorará as condições de vida nas metrópoles. Com a manutenção da política social ativa dos últimos anos e o usufruto do bônus demográfico, o povo brasileiro poderá surfar onda de mobilidade social que deixará o esnobismo para atrás, afogado pela marolinha…

Esnobismo à marolinha

Redação

3 Comentários

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  1. Esta explicação se prende

    Esta explicação se prende mais ao verbo “esnobar” – Esnobar alguém: Classificá-lo como abaixo da estatura, financeira, moral ou cultural, exigida por quem o esnoba. 

  2. Sua explicação está correta, mas…

    Sua explicação para o termo está correta. Segundo li num linguista alemão, coincide com o que você diz, mas você esqueceu de dizer porque os ex nobilitat se tornaram snobs. É que eles se sentindo discriminados passaram a estudar muito, a querer se distinguir, a ter  comportamento de nobre sem sê-los, por isso o termo snob se refere a pessoas que, despidas ou não de qualidades (pode até tê-las) tenta ser o que não é, ou até é, mas exagera. Eu diria que esnobe é um pobre metido a besta. Joaquim Barbosa é um snob típico.

  3. RECTIUS: Conforme Ortega y

    RECTIUS: Conforme Ortega y Gasset, em A Rebelião das Massas, p. 27*, diga-se, leitura obrigatória para quem pretende falar de seu tempo, snob (s.nob) provém do final da idade média, significando sem nobreza, e era aposto à assinatura daqueles que não tinham ofício, nobreza, o burguês. O ofício, que dava nobreza, integrava o nome dos que o tinham, como fulano carpinteiro, etc., tal qual os aristocratas traziam o nome de seus domínios, p.ex. Sade nome das terras do famoso e mal compreendido (por força do moralismo, especialmente, pequeno burguês) Marquês de Sade.

    Saudações libertárias.

    http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&cad=rja&uact=8&sqi=2&ved=0CDsQFjAE&url=http%3A%2F%2Fwww.ebooksbrasil.org%2Fadobeebook%2Fortega.pdf&ei=1B6kU8OxOJGlqAbCzYGgBQ&usg=AFQjCNHsHBHbGb4dsc05oD06scIGWfn-MA

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