Fernando Horta
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Cidades de Silêncio, por Fernando Horta

Cidades de Silêncio

por Fernando Horta

Há um certo sentido de movimento em Gramsci que não se encontra em Trotsky, Lênin ou mesmo em Marx. A distinção que Gramsci faz entre o “partido” ou “grupo” da ação e o grupo dos “moderados” leva necessariamente à noção de que só se conserva o poder de forma dinâmica. As categorias de Gramsci não estão necessariamente colocadas de forma ideológica. O “partido da ação”, aquele que impele a sociedade para a mudança, não obrigatoriamente é o que chamamos de “esquerda” e, da mesma forma, os “moderados”, o grupo que defende a manutenção das coisas “como estão” ou advoga um passo menos célere às mudanças, não é sempre de direita. A explicação gramsciana para o fascismo bebe desta ideia. Na impossibilidade de quem lidera efetivamente impulsionar as mudanças, o fascismo se apresentou como capaz de fazê-las. Claro que as mudanças fascistas eram em sentido oposto aos valores hoje tidos como corretos, mas ainda assim, o fascismo carrega o sentido do movimento, essencial para qualquer ideia de governo.

Para Gramsci, quem governa tem que governar, e isto não é um jogo de palavras ou um truísmo mal pensado. De posse dos mecanismos de Estado, o grupo governante precisa impor uma direção e um caminho no qual a sociedade vai se deslocar. O sentido do deslocamento é dado pelo grupo no poder, mas a velocidade deste deslocamento é uma função do jogo político entre ação e moderação. Não há poder sem movimento. Não há governo sem direção. Gramsci descreve estes mecanismos de uma forma muito mais didática do que você encontra em Marx, por exemplo. Ao tornar as categorias de movimento e moderação dissociadas da ideia de esquerda e direita, Gramsci cria uma poderosa ferramenta para entender política.

Se olharmos para a história da América Latina, e especificamente do Brasil, veremos que os maiores líderes foram aqueles que empurraram suas sociedades para a mudança mesmo em situações desfavoráveis, políticas ou econômicas. É preciso entender que “mudança” não contém a ideia moral de “para melhor” ou “para pior”. Transformar-se é a sina de qualquer sociedade, é uma ontologia humana, até. Líderes que não se mantiveram em movimento, acabaram apeados do poder, exatamente porque “quem governa tem que governar”.

Se compararmos os anos de governos progressistas no Brasil, é possível ver claramente a linha gramsciana de diferenciação dos governos pelo movimento. Lula impulsionou a sociedade brasileira para a mudança. O tempo todo. Mesmo em meio às crises de 2008 e 2010, Lula usou seu capital político para dar a direção e indicar o caminho. Certo ou errado, o governo Lula foi marcado – todo ele – pela ideia de movimento social e político. Era, no sentido gramsciano, um governo que governa. No primeiro governo Dilma este movimento seguiu. Dilma aprofundou programas sociais e impeliu na sociedade brasileira ainda mais movimento. Se isto foi por si mesma ou baseado nos movimentos herdados dos governos anteriores, há que se discutir, mas o senso de movimento seguia no primeiro governo Dilma e, por isto, ela foi reeleita.

No segundo governo Dilma há a parada. O choque da inação. O governo que não governa. Parte, talvez decisiva, desta postura vem da ideia que Dilma e seus assessores mais próximos fizeram do congresso hostil como fator decisivo para o fracasso de um governo. A primeira pessoa que se convenceu de que não tinha legitimidade para governar foi a própria presidenta. A demissão de Cid Gomes após violenta discussão com Eduardo Cunha foi, de fato, a resignação do executivo à vilania do legislativo e o início do golpe. Em seguida, Dilma pôs-se a negociar pautas com um congresso agressivo e traiçoeiro ao invés de enfrenta-lo desde o início. Quando Dilma resolve fazer o choque neoliberal na economia o governo parou. Ao escolher não usar as reservas para dinamizar o processo produtivo, Dilma se resignava economicamente à estagnação. E isto ainda tinha um gosto pior por ela ter sido eleita exatamente enfrentando a plataforma de governo do PSDB, exatamente entrentando a noção de choque econômico como “necessária”.

Com o governo parado política e economicamente o golpe não tardou.

Gramsci explica também Temer e mesmo o fascínio fascista por Bolsonaro. Temer movimenta o Brasil, ainda que o sentido deste movimento seja totalmente o oposto aos anseios dos grupos mais pobres e mesmo da classe média. Ocorre que a noção moral sobre o sentido do movimento leva um tempo para ser percebida. Quando um carro começa a se mover você detecta o movimento, mas, por instantes, não é capaz de definir a direção. Em pouco tempo, os grupos prejudicados pelas mudanças de Temer (que são em realidade a imensa maioria da população) perceberão as falácias políticas e o engodo que foram tanto Temer quanto seus apoiadores. E o repuxo será muito violento. Enquanto escrevo estas linhas, milhares de trabalhadores estão sendo avisados que serão demitidos e que as leis trabalhistas não mais os protegem, sequer para receberem seus direitos. Há, já, vídeos na rede mostrando a reação de revolta das massas. E vai piorar.

O mesmo sentido de movimento dá Bolsonaro e sua retórica fascista. A ideia de armar cidadãos, de atacar os criminosos, matar os “malfeitores”, defender os “homens de bem” e toda esta bobagem machista e ignorante conformam em Bolsonaro uma noção do “agora vai”. “Agora vai” que simboliza finalmente o movimento depois da parada. Pouco importa se Bolsonaro nunca tenha dado um tiro, prendido um bandido, lutado uma guerra ou mesmo feito qualquer coisa das que alega que vai fazer. A retórica fascista imprime movimento para uma gente que deseja ser sujeito. É bastante documentada a ideia de que todo fascista sofre de intensa baixa-estima e vê na ação social violenta uma forma de atribuir sentido a sua própria existência. Bolsonaro se alimenta da pequenez individual de cada autoritário na sociedade brasileira. E faz o mesmo que outros líderes fascistas fizeram: alimenta-se do mesmo ódio que instila em suas palavras. Um ciclo que, posto em movimento, é difícil de ser parado.

É genial a ideia das caravanas de Lula. Lula usa diretamente a ideia de movimento. Do Brasil que não para, do Brasil que anda. A caravana combate em si a ideia da estagnação e Lula, com seu legado e sua História, avisa ao povo que podemos voltar a nos movimentar. Lula precisa lutar contra as forças que se mostram contrárias o movimento, e o judiciário brasileiro é exatamente esta conformação. Todas as garantias do judiciário apontam para o imobilismo. Absolutamente todas. Vitaliciedade, inamovibilidade, impossibilidade de redução de ganhos, impossibilidade de imputação por ações profissionais tomadas e etc. O judiciário não é o principal problema de Lula por acaso. O judiciário conforma exatamente o princípio da imutabilidade social no tempo que o conservadorismo exige como parte do pacto de governabilidade.

“Imagine se os juízes fossem escolhidos por votação ou se os ministros fossem trocados a cada dois anos. Seria o caos” … Assim dizem. Não é a toa o judiciário é branco, homem, urbano, cristão, heterossexual e oriundo de classe média. E a positivação da inércia social em si. E só deixa de ser inércia quando impossível é mais conter o clamor social ou quando para beneficiar os grupos de onde é oriundo. Por isto o judiciário “só age se for provocado”, e nunca deveria agir “de ofício”.

O caos se instala exatamente quando o judiciário passa a agir de ofício, baseado em sua conservadora ideologia e, pelo medo da mudança, se alinha abertamente com os setores de onde ele é formado. Acaba a visão falaciosa, mas muito presente, da “neutralidade da lei”. O judiciário brasileiro já cruzou esta fronteira – há muito – e a mídia também. Não há mais escrúpulos em defender a classe dominante e impor à força o conservadorismo tacanho que sempre existiu em todo ordenamento jurídico. Pelo mundo todo, deve-se dizer. Os ataques aos professores, às universidades, às mulheres e aos transgêneros e homoafetivos são a cristalização da postura em favor da estática social e contra o movimento. O ataque contra a esquerda, seus políticos e suas políticas não vai se deter na legalidade porque a linha da legalidade depende exatamente do jogo de poder entre movimento e parada. O legal inexiste sem anterior consenso político, ainda que alguns juristas façam malabarismos em inglês, português ou latim para defender princípios jurídicos como a-históricos.

Mas porque a sociedade brasileira aceitou esta situação sem nenhuma resistência? E Gramsci, novamente, vem ao nosso auxílio. Ele faz uma distinção entre a Itália e Rússia pré-revolucionárias. Enquanto na imensa maioria dos países do mundo o fenômeno do urbano é decorrente do crescimento industrial, na Itália as cidades existiam muito antes das indústrias. As “cidades do silêncio”, como ele chama, vinham desde o império romano e eram sempre locais de reverência do poder, de sacralização das tradições e não um local de efervescente luta entre classes produtivas e trabalhadores. No Brasil se dá o mesmo. Nossos núcleos urbanos mais significativos datam de um tempo muito antes de nossa industrialização. Nossas cidades são cidades do silêncio, consagradas ao domínio da ordem e à cristalização das relações de poder e não foram pensadas como vetores de modernidade, capazes de impelir movimento ao país.

A escolha dos prefeitos das grandes capitais brasileiras por financiar igrejas ao invés de teatros, cultos ao invés de universidades, feriados e dias santos ao invés de festas e manifestações culturais é exatamente a escolha contra o movimento. O ataque às universidades, à ciência e às artes é o caminho natural daqueles que odeiam as mudanças. O ponto fora desta curva é a mídia, que no Brasil, sendo oligopolizada e associada aos estamentos conservadores, não se enxerga como dependente de uma sociedade que precisa estar em movimento. Ela mesma, mídia, apoia a sua destruição e será engolfada (como já está) pelas novas formas de comunicação digital. Em breve estes senhores, incapazes de perceber seus papeis na nossa sociedade, verão seus impérios ruírem. O mal que eles fizeram ao Brasil, entretanto, já é imenso.

O futuro é menos escuro do que hoje nos parece. Este caminho em direção oposta à mudança, que está sendo empregado por Temer, não pode nos levar de volta à Idade Média e, portanto, tem um limite. Após este limite voltará a sensação de um governo que não governa. A sensação de uma estática política e social. E aí, como mostra Gramsci, haverá novamente o impulso pela mudança. Que seja, pois, a esquerda (e não os fascistas) que possa tomar para si este sentido de ação e exercer de volta a noção governo no Brasil. E que nunca mais nos esqueçamos de que quem está no governo deve governar.

Fernando Horta

Somos pela educação. Somos pela democracia e mais importante Somos e sempre seremos Lula.

14 Comentários

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  1. O fascismo não impulsionou mudanças, ele evitou as mudanças

    … O fascismo não mudou nada. O Fascismo surgiu justamente para manter as coisas como estavam, isto é, para manter uma grande massa de produtores sendo expropriada e uma minoria parasitária, insignificante do ponto de vista numérico, expropriando os trabalhadores e consumindo os produtos e serviços do seu árduo trabalho.

    Em sendo assim, a frase ‘na impossibilidade de quem lidera efetivamente IMPULSIONAR AS MUDANÇAS, o fascismo se apresentou como capaz de fazê-las’, extraída do seu texto, deveria, salvo melhor juízo, ser escrita da seguinte forma:

    “Na impossibilidade de quem lidera efetivamente EVITAR AS MUDANÇAS, o fascismo se apresentou como capaz de evitá-las.

     

    Você entende o fascismo como uma terceira força, justaposta ao capitalismo e ao socialismo. Mas isso é um equívoco, como demonstrou Brecht no trecho abaixo transcrito, extraído d’As Cinco Dificuldadespara Escrever a Verdade’:

    “O que torna imperiosa a necessidade de dizer a verdade são as consequências que isso implica no que diz respeito à conduta prática. Como exemplo de verdade inconsequente ou de que se poderão tirar consequências falsas, tomemos o conceito largamente difundido, segundo o qual em certos países reina um estado de coisas nefasto, resultante da barbárie. Para esta concepção, o fascismo é uma vaga de barbárie que alagou certos países com a violência de um fenómeno natural.

    Os que assim pensam, entendem o fascismo como um novo movimento, uma terceira força justaposta ao capitalismo e ao socialismo (e que os domina). Para quem partilha esta opinião, não só o movimento socialista, mas também o capitalismo teriam podido, se não fosse o fascismo, continuar a existir, etc. Naturalmente que se trata de uma afirmação fascista, de uma capitulação perante o fascismo. O fascismo é uma fase histórica na qual o capitalismo entrou; por consequência, algo de novo e ao mesmo tempo de velho. Nos países fascistas, a existência do capitalismo assume a forma do fascismo, e não é possível combater o fascismo senão enquanto capitalismo, senão enquanto forma mais nua, mais cínica, mais opressora e mais mentirosa do capitalismo.

    Como se poderá dizer a verdade sobre o fascismo que se recusa, se quem diz essa verdade se abstêm de falar contra o capitalismo que engendra o fascismo? Qual será o alcance prático dessa verdade?

    Aqueles que estão contra o fascismo sem estar contra o capitalismo, que choramingam sobre a barbárie causada pela barbárie, assemelham-se a pessoas que querem receber a sua fatia de assado de vitela, mas não querem que se mate a vitela. Querem comer vitela, mas não querem ver sangue. Para ficarem contentes, basta que o magarefe lave as mãos antes de servir a carne. Não são contra as relações de propriedade que produzem a barbárie, mas são contra a barbárie”.

  2. Eu tô parmo com o idealismo do Fernando Horta

     

    De acordo com o Fernando Horta:

    “De posse dos mecanismos de Estado, o grupo governante precisa impor uma direção e um caminho no qual a sociedade vai se deslocar. O sentido do deslocamento é dado pelo grupo no poder”.

    De acordo com esse ponto de vista, não é o poder econômico quem determina o poder político, mas é o poder político quem determina o poder econômico. Isso é idealismo puro.

    Ora, sabemos que o poder político é capacho do poder econômico. Era o Joesley que comia nas mãos do Temer e do Aécio Neve$ ou o Aécio Neve$ e o Temer que comiam na mão do Joesley?

    1. Eu tô….

      Pastor RR e seu fanatismo ideológico, esta foi a pior das pérolas da surrealidade !!! Quer dizer que foram os pobres e inocentes Michel temer e Aécio Neves que se submeteram ao poder de Joesley? Se não hovesse o Brasil e os Brasileiros, seria preciso inventar. A ilusão tupiniquim é inacreditável !!!!

  3. cidades….

    O Muro de Berlim caiu de podre há 30 anos, juntamente com toda esta ideologia. E nossa Elite Esquerdopata não consegue se libertar de 1964. E ainda dizem não entender o Brasil 2017 “….Baseado em conservadora ideologia…”Realmente o pior defeito dos medíocres é não se enxergarem ou não querer se enxergar. Com isto querer arrastar aos outros na sua imbecilidade. Explica em sobremaneira o Brasil da pseudo-redemocratização em ConstituiçãoEscárnioFarsanteCidadã. . 

    1. O Muro de Berlim caiu mas outros muros erguem-se

      O muro de Berlim caiu mas um muro separando os Palestinos de Israel foi erguido e o Trump tenta erguer um muro separando os Norte-Americanos dos Mexicanos.

      Há muros do bem e muros do mal. Como um exemplar direitopata, o Zé $érgio aplaude a queda do muro de Berlim e os muros erguidos separando Palestinos e Israelenses e Norte-Americanos e Mexicanos.

      Seu abofelado de merda, seu lambe-saco dos poderosos. O que você ganha em troca de lamber as botas dos Magnatas?

      Deve receber as migalhas do banquete burguês. (En)-Farte-se.

    2. A história acabou quando o muro de Berlim veio abaixo?

      “E quem garante que a história
      É carroça abandonada
      Numa beira de estrada
      Ou numa estação inglória?

      A história é um carro alegre
      Cheio de um povo contente
      Que atropela indiferente
      Todo aquele que a negue

      É um trem riscando trilhos
      Abrindo novos espaços
      Acenando muitos braços
      Balançando nossos filhos”

      Chico Buarque e Pablo Milanes, Canción por la Unidad Latino-Americana

       

      “As revoluções proletárias, como as do século XX, se criticam constantemente a si próprias, interrompem continuamente seu curso, voltam ao que parecia resolvido para recomeçá-lo outra vez, escarnecem com impiedosa consciência as deficiências, fraquezas e misérias de seus primeiros esforços, parecem derrubar seu adversário apenas para que este possa retirar da terra novas forças e erguer-se novamente, agigantado, diante delas, recuam constantemente ante a magnitude infinita de seus próprios objetivos até que se cria uma situação que toma impossível qualquer retrocesso e na qual as próprias condições gritam:

      Hic Rhodus, hic salta!
      Aqui está Rodes, salta aqui!”

      Karl Marx

       

      Como esses puxa-sacos dos parasitas gostariam que o socialismo tivesse morrido e que seus mundinhos fossem eternos.

  4. Fernando,

    embora acredite corretas suas interpretações sobre a teoria gramsciana, permito-me voltar a uma dicotomia que, hoje em dia parece esquecida e vista como pleonasmo, o que não é. Lênin, Trotsky e Marx, em todos os seus escritos e ações propunham transformações profundas nas relações sociais, fossem de super ou infraestrutura, baseadas nas formas (hoje, cada vez mais avançadas) de exploração do trabalho pelo capital.

    Ora, sua interpretaçãode Gramsci chega apenas às mudanças. Constantes, frequentes, corriqueiras, em qualquer governo. Para radicalizar, até mesmo em ditaduras na África, no poder há décadas. E mudam o quê? O “bloco hegemônico” é que não.

    Quanto ao Brasil, o que existe hoje, com Lula, Dilma ou Temer, é o que sempre existiu. Mudanças, nunca transformações. Tá certo, umas pouco melhores do que as demais, mas apenas nos graus das mudanças, nunca, como até mesmo Gramsci queria, nas transformações que propunham Lênin, Trotsky e Marx.

    Abraços 

  5. Sobre LULA concordo  ..sobre

    Sobre LULA concordo  ..sobre DILMA absolutamente

    2013 é prova e testemunha da RESSACA que já sentiamos por LULA ..da anomia e da falta de liderança que nos incomodava  ..ali já estávamos orfãos do grande líder (o maior de todos)

    e DILMA 2014 foi um GOLPE (assim como com Collor com o confisco  e THC com sua reeleição)  ..governos não são eleitos pra fazer maldade  ..isso é uma distorção de carater destes governantes que fazem campanha dizendo uma coisa e assumem fazendo outra

    Vdd, não pode eleição de togados e renovação recorde dos morcegões  ..de qq forma NÃO podem ser imexíveis e nababos, alienados, estáveis, inalcançáveis, vitalícios e inimputáveis  ..NÃO podem ter poderes absolutos ao não cumprirem com prazos, ou mesmo com a lei e a Constituição  ..pior se ao dormirem sobre processos que são de seus interesses  ..e absolutamente, não podem fazer do seu ofício, um trampolim pro absolutismo, pro arbítrio como o TIRANO de Curitiba

  6. Excelente análise

    Excelente análise e chega, para mim, no exato momento em que me volto para os textos de Marx, Lenin, este ano 100 anos da Revolução que mudou o mundo, Gramsci e suas fascinantes análises sobre o socialismo e ação política.

    Dilma estagnou-se no seu segundo mandato, mais do que isso, por si ou por conselhos dos seus próximos, deu uma guinada ao neoliberalismo, deixou órfãos e de queixo caído 54 milhões de seus eleitores, com seu imobilismo abriu a caixa de pândora.

    Estranho é que uma pessoa como Dilma, forjada na luta socialista contra a ditadura, que deve ter um imenso conhecimento das obras dos grandes marxistas acima mencionados, tenha perdido a mão, desandado a maionese, esquecido a teoria que leva a praxis revolucionária.

    Como escreveu Lenin, a teoria é fundamental para o exercício da prática. Não aquela teoria concebida por “uma cabeça”, mas a teoria, como ensinou Marx, que nasce da observação do fato, observar de forma microscópica e de forma macroscópica. Dilma não confiou na teoria marxista, não para fazer a revolução, coisa impossível na conjuntura histórica atual brasileira, mas para se aproximar mais do povo conhecer seus queixumes, sua essência, para guiá-lo pelo caminho por ele desejado, esqueceu-se de Marx e de Lenin.

    O momento que atravessamos está coalhado de pontes populares destruídas, é dever da esquerda reconstruir as pontes que levam ao povo, é sentir, é entender o povo, é, como revolucionários, canalizar esse sentimento e guiando-se por ele levar o povo ao seu destino vitorioso.

    É preciso que todos nós da esquerda nos unamos em um único discurso, que cessem os ataques mútuos, que o revanchismo e a vaidade sejam postos de lado, que saibamos entender a insatisfação popular e dar conceito ao povo de onde veio e de quem criou o sofrimento pelo  qual passamos. Que venham as candidaturas de Lula, Manoela D’Ávila, Boulos ou Nildo Ouriques, Ciro Gomes, Mauro Iasi, candidatos do PSTU, PCO, no 1º. Turno. Que nossos discursos nesse momento sejam pelo avanço popular, que mostrem quem é realmente o inimigo a ser vencido, que mostrem uma esquerda forte e unida. Não devemos cair no sectarismo, erros foram cometido e a autocrítica é necessária e faz bem à alma, com ela poderemos ver os erros praticados para extingui-los de vez, mas ataques pessoais, dedos em riste apontando uma “culpa” do outro são desnecessários e podem levar a mais sofrimento e penúria.

    Travaremos uma batalha árdua, impedir o 2o. golpe, que será impossibilitar Lula de concorrer à presidência, depois ainda, eles tentarão, com absoluta certeza, invibializar as eleições de 2018, outra árdua luta, por isso, mais do que nunca só undos venceremos.

    1. permita-me  ..mais importante

      permita-me  ..mais importante do que falar com o povo (que tb acho importante)  ..é falar e re_consquistar as Forças Armadas

      sem entendêe-las, e trazer pra mesa as forças policiais que ficaram de fora dos “direitos humanos” e da solidariedade pela perda de seus agentes (sempre preteridos a bandidos por exemplo) vai ficar impossível

      entendo que o Judiciário e essa Camarilha (mesmo que afinados aos EUA e a elite expatriada) não teriam tido a OUSADIA de ter-nos aplicado este golpe

      em tempo   ..provável terem sido impelidos pela própria eleição de DILMA (que os colocou como unicos carrascos na história recente) e uma minoria que começava a pedir por revachismos e re-julgamentos de “torturadores” que, pra mim, estavam fora de hora e de órbita  ..ao menos de prioridade frente a tantos desafios que ainda tinhamos que encarar

  7. Cidades de Silêncio

    bom artigo para discussão. e não é preciso concordar com as conclusões do autor para se reconhecer isto. feita esta ressalva, trata-se de um esforço do Lulismo para tentar se reconciliar com a realidade dos fatos, como análise recente de Marilena Chauí. ainda assim, continuam se perdendo nos contorcionismos intelectuais e nas acrobacias mentais, muito mais tentando encaixar os fatos na teoria do que produzir teoria a partir e junto com os fatos.

    exemplos:

    -> Nossas cidades são cidades do silêncio, consagradas ao domínio da ordem e à cristalização das relações de poder

    na foto baixo, um observador menos atento poderia até mesmo pensar em uma histórica greve geral da classe operária brasileira, com forte influência de movimentos anarquistas.

    nada disto! segundo o paradigma das “cidades do silêncio”  não passou de um cortejo pacato e silencioso de trabalhadores, com as bandeiras negras simbolizando o luto pela morte de um poderoso industrial paulistano.

    o mesmo com a outra foto. um olhar apressado faz supor tratar-se de uma insurreição popular ocorrida no início do séc. XX, contra a vacinação em massa de uma população tratada como se fosse gado.

    mais uma vez, impressão equivocada! trata-se de arruaça promovida pelos black bloc de então, tendo como único propósito desestabilizar um governo-companheiro do povo.

    .

  8. bom post

    Bom post como sempre!

    Quanto mais leio sobre o fascismo mais me convenço que temos muitos fascistas entre nós, e muito deles nem se reconhecem como tal, mas na primeira oportunidade mostrarão as garras!

    Esse Gramsci sabia das coisas, o que ele poderia ter criado se tivesse vivido mais tempo…

  9. Desde quando a História concreta obedece a “manuais”?

    Nao estou desfazendo da obra de Gramsci, mas apenas pasma de que se tente usá-la como um mecanismo divinatório, como o Tarô…

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