Dinho Nogueira e Zé Barbeiro, dois violões do choro correndo o mundo

Zé Barbeiro é um João Pernambuco contemporâneo. Tudo bem, Pernambuco é um dos deuses da música brasileira. Mas, como ele, Zé Barbeiro é um nordestino arretado, intuitivo, dono de uma musicalidade que o transformou em um dos+ autores referenciais da música brasileira.

Zé Barbeiro também é o nordestino afetivamente seco, se me entendem, aparentemente durão, pouco propenso a externar sentimentos e, mesmo assim, um sujeito sensível, amigo para toda a vida de quem conseguir penetrar no seu universo afetivo.

Dono de uma intuição genial no violão 7 cordas, teve um desenvolvimento musical pouco comum. Conheci-o em 1994, como 7 cordas do CD “Roda do Choro”, que solei. Já era grande. De lá para cá continuou crescendo. Em geral, os grandes músicos têm seu auge por volta dos 30 anos. Depois, se estabilizam e enfrentam a curva da idade.

Barbeiro não parou. Continuou crescendo, tornou-se um compositor referencial de choro, a ponto de ser o tema da tese de doutorado  de Cibele Palopoli (clique aqui). Mas sem nenhum tino para buscar novos caminhos, explodia seu talento tocando em botecos. O mais famoso deles foi do bar do Cidão, na Vila Madalena, com cinco ou seis meses apenas, famoso pelo fato de ninguém se queixar do serviço (porque inexistente), mas com uma música capaz de encarar qualquer palco do mundo.

Barbeiro passou por inúmeros conjuntos. Anos atrás, encontrou sua melhor tradução, em Dinho Nogueira, um filho de sitiantes do sul de Minas, nascido em Campestre, criado em Poços de Caldas e, nos tempos do interior, líder do famosíssimo conjunto Vacabraba, que reinava nos bailinhos da região.

Dinho é outro fenômeno de talento e persistência. Aprofundou-se nos estudos, veio na cara e coragem para São Paulo, entrosou-se com os círculos musicais paulistas e encontrou Zé Barbeiro.

Montaram o duo de violão e resolveram conquistar o mundo, montando excursões nas principais capitais europeias. De início receberam a ajuda inestimável de Yamandu Costa, não apenas um gênio do violão, como um coração generoso, sempre presente no apoio aos colegas, assim como seu antecessor como rei do violão, Rafael Rabello. Yamandu indicou uma produtora na França.

Desses contatos nasceu uma excursão à Europa, uma apresentação no Sunset Jazz Club, em Paris que resultou no CD ˆDinheiro Nogueira e Zé Barbeiro ao Vivo em Paris”, com dois violões. No show de Paris, na plateia estava o grande violonista Paulo Belinatti, sentado na primeira cadeira. A turnê durou 30 dias, passando pela França, Inglaterra, Holanda e França.

Este ano, haverá uma nova excursão, prevendo 14 shows de lançamento na Europa, começando pela maior casa de shows de Portugal, a Casa da Música em Porto.

Na 4a feira, ambos estarão fazendo um show no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

Luis Nassif

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