Discursos e ódio e racismo do século XXI são tema de evento internacional na USP

Evento gratuito e aberto ao público, que contará com a presença de palestrantes internacionais, que vão abordar o Antissemitismo Antinegritude, Anticiganismo e Antilgbt

Da USP

Os discursos de ódio têm se proliferado neste século XXI, reciclando velhos preconceitos que dão sustentação a atos racistas contra minorias étnicas que, ainda hoje, encontram-se marginalizadas.

Para discutir essa temática, o LEER, da Universidade de São Paulo, a Confederação Israelita do Brasil (Conib), a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e a B’nai B’rith realizam, nos dias  04 e 05 de novembro, na USP (prédio de História e Geografia da FFLCH – Auditório Nicolau Sevcenko), o Colóquio Internacional “Discursos de Ódio- Racismo Reciclado no Século XXI). O evento é gratuito e aberto ao público, que contará com a presença de palestrantes internacionais, que vão abordar o Antissemitismo Antinegritude, Anticiganismo e Antilgbt.

Com o objetivo de mapear a circulação dos discursos de ódio o Colóquio pretende analisar, além das fontes escritas e iconográficas do passado mais recente, o papel representado pelas redes sociais que carecem de medidas reguladoras dos discursos de ódio que, valendo-se da “liberdade de expressão”, têm fortalecido mitos políticos que disseminam mentiras seculares veiculadas como verdade.

“Entendemos que este momento requer, em caráter emergencial,  a reafirmação do papel das universidades que, em parceria com a sociedade civil,  deve investir contra o racismo plurifacetado, o qual todos os dias tenta cooptar adeptos para as suas propostas de negação das diferenças e atos de violência. Daí a nossa proposta de ações intervencionistas que reafirmem os pressupostos da justiça social fundados na equidade e igualdade, solidariedade humana e respeito às diferenças”, declara a professora Maria Luiza Tucci Carneiro, coordenadora do LEER e uma das organizadoras do evento.

O Antissemitismo Antinegritude, Anticiganismo e o Antilgbt têm se aproveitado de fissuras abertas pelas frágeis  democracias, atualmente atacadas pelo uso indiscriminado da força física e simbólica perpetrada por grupos, sobretudo, da extrema-direita.  Tal situação diz respeito a todas as nações ditas civilizadas e, em especial, aquelas que têm sido abaladas pelo racismo e pelo antissemitismo.  Inúmeras têm sido as tentativas de padronização das identidades  nacionais e de negação da memória do Holocausto por parte de grupos interessados em recuperar elementos racistas sustentados no passado por adeptos das ideologias nazistas e fascistas.

O fortalecimento dos grupos neonazistas tem permitido a proliferação do discurso nazista das décadas de 30 e 40, agora reciclado  e divulgado, em especialmente, nas redes sociais. Com truques de linguagem e valendo-se de antigos slogans hitleristas, estes grupo tentam “explicam” o mundo a partir de antagonismos insuperáveis e que só podem resultar na aniquilação do outro, numa luta de vida ou morte.

As recentes eleições europeias de 2019 confirmaram nas urnas a consolidação e o auge dos movimentos neofascistas nacionais cujos programas têm em comum o antissemitismo, a xenofobia e o nacionalismo exacerbado. Nos preocupa a atração que estas propostas têm exercido sobre os jovens, principalmente aqueles nascidos na década de 1990. Ao mesmo tempo constatamos o fortalecimento de um Estado racista que avança contra os imigrantes e/ou refugiados, assim como contra as minorias éticas. De acordo com as estatísticas e medicações divulgadas por organizações internacionais vislumbramos um importante crescimento do antissemitismo no Mundo manifesto por três fontes produtoras deste discurso de ódio: a extrema-direita, a extrema esquerda e o Islã radical.

Além do antissemitismo como uma forma de racismo, constatamos também que o anticiganismo não é tema do passado. Ao contrário, esse grupo continua sendo tratado pelas sociedades mais amplas como um  “estranho  indesejável”,  vivenciando  um  drama  que  o  aproxima  de  outras  minorias  étnicas  e  religiosas  perseguidas como tal. Nos últimos anos, houve o recrudescimento do anticiganismo e da popularização do racismo contra os ciganos  em diversas partes do mundo. Representados como uma ameaça às sociedades mais amplas, os ciganos são frequentemente alvo do nacionalismo, extremismo e racismo.

Da mesma forma têm sido perpetuados um conjunto de estigmas contra os afrodescendentes que carregam as marcas herdadas da escravidão, sempre negativas.  Nisso a herança escravista se faz presente reforçando os estereótipos denegridores, perpetuados de forma sub reptícia e que alimentam mecanismos de exclusão – que hoje chegam ao grau máximo do extermínio direto. Seguindo este raciocínio, pretendemos também analisar as transformações pelas quais a sociedade brasileira passou nas últimas décadas no campo das identidades sexuais e de gênero, práticas e representações do gênero e da sexualidade. Sob este viés, procuraremos entender as especificidades do preconceito e do discurso de ódio contra pessoas LGBT e as principais formas de discriminação contra estas populações.

 

Informações e inscrições gratuitas com certificado: [email protected] – Fone: 3091.8598.  

Redação

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