Andre Motta Araujo
Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo
[email protected]

Dom Pedro II na TV francesa, por Andre Motta Araujo

O episódio mostra um GRANDE PERSONAGEM não só do Brasil, mas da História do Século XIX, um Chefe de Estado com enorme interesse na CULTURA, na CIÊNCIA, no HUMANISMO

Dom Pedro II na TV francesa

por Andre Motta Araujo

Na fabulosa série, SEGREDOS DA HISTÓRIA, a TV 5 da França dedicou um programa de quase duas horas ao ÚLTIMO IMPERADOR DO BRASIL, um trabalho ESPETACULAR, com atores e gravações “in loco” no Brasil, em Portugal e na França, com análises e interpretações raras que jamais se produziram antes. [aqui]

O episódio mostra um GRANDE PERSONAGEM não só do Brasil, mas da História do Século XIX, um Chefe de Estado com enorme interesse na CULTURA, na CIÊNCIA, no HUMANISMO, amigo pessoal de grandes nomes da literatura e da ciência como Vitor Hugo e Louis Pasteur, este último inclusive ajudado financeiramente pelo Imperador nas sua pesquisa sobre a raiva. Único Chefe de Estado das Américas a ser convidado pelo Presidente dos EUA para a Exposição Universal de Filadélfia onde conheceu Grahan Bell, inventor do telefone, então uma novidade.

O Imperador visitou lugares tão longínquos, como o Líbano e o Egito, aficionado da fotografia, legou ao Museu Histórico Nacional 25 mil fotografias tiradas por ele mesmo, Imperador do Brasil.

Quando viajava não se registrava nos hotéis como Imperador do Brasil e sim como um cidadão comum, Pedro de Alcantara. Quando a Rainha Vitoria lhe conferiu a mais alta condecoração britânica, a Ordem da Jarreteira, foi lhe entregar pessoalmente no Hotel Claridge em Londres, onde, na portaria, não sabiam que aquele hospede era o Imperador do Brasil. Dom Pedro tinha recusado a cerimônia de recebimento da condecoração em palácio.

UM PERSONAGEM DE EXCEPCIONAL ESTATURA

Dom Pedro II foi um personagem único na América Ibérica. Nenhum outro Chefe de Estado chegou perto do nível pessoal e dimensão do nosso Imperador, realmente o criador da Nação brasileira. Governou por mais tempo do que qualquer outro Chefe de Estado, moldou a feição e o caráter de um País muito diferente, mais multicultural, multiétnico e complexo do que qualquer outro País da América Ibérica, um País de pedigree único.

Registre-se que, entre os Reis da época, nenhum tinha essa afinidade com a evolução da ciência e da cultura e um interesse tão focado em modernidade, invenções e progresso intelectual. Dom Pedro era muito mais “antenado” do que outros monarcas, um homem de saber especial.

A GRANDEZA NA DEPOSIÇÃO

Deposto por uma conspiração mal explicada, mal costurada e mal intencionada, o Imperador recebeu de imediato o apoio da Marinha, força leal sob o comando do Almirante Marquês de Tamandaré que se propôs a enfrentar os revoltosos republicanos. O Imperador recusou, dizendo que jamais seria o epicentro de uma guerra civil no Brasil. O núcleo republicano NÃO era unânime no Exército, o golpe venceu pela surpresa, não havia nas ruas uma movimentação republicana. O Imperador era muito popular na população mais humilde, embora não tivesse o mesmo apoio na aristocracia prejudicada pela Abolição da Escravatura no ano anterior.

A República foi um golpe das elites e não do povo. O Brasil perdeu uma liderança de respeito mundial e se tornou mais uma república latino-americana, enquanto o Império era único e de maior grandeza na constelação dos novos países das Américas, nenhuma das nova Repúblicas tinha a reputação e o prestígio do Império do Brasil, cuja Marinha rivalizava com a dos EUA no terceiro quartil do Século XIX. Aliás, o Brasil nessa época era maior em território do que os EUA que ainda não estava com seu espaço formado.

O PAPEL DA FRANÇA

O programa da TV 5 dá grande destaque à ligação do Império do Brasil com a França, pela sucessão Orleans da família imperial, que também era Habsburgo e Bragança. A sucessão do Império se daria pela linha Orleans do consorte da herdeira do trono, a Princesa Isabel, o conde d´Eu, neto do último Rei dos Franceses, Luis Felipe de Orleans e que deu origem à Casa de Orleans e Bragança. O programa também entrevistou um dos atuais herdeiros da Casa Imperial.

Parte das filmagens foi em Petrópolis, parte no Rio, todos os palácios da Monarquia foram detalhadamente documentados com excelentes imagens, bem como o Palácio de Queluz em Portugal, primeira parada do exílio e, também, completas imagens do Hotel Bedford em Paris, onde Dom Pedro viveu seus últimos dias e onde faleceu.

Impressionante as imagens do FUNERAL EM PARIS de Dom Pedro II, com a presença de 300.000 pessoas, com toda a pompa a um Chefe de Estado no exílio, cerimonial organizado pela República Francesa. O programa depois reportou o translado do corpo para Petrópolis, e registrou detalhadamente o martírio do exílio, com o embarque humilhante do Imperador na madrugada para não atrair o povo e a recusa de Dom Pedro de qualquer estipendio que lhe foi oferecido pela República, teve um exílio modesto pago pelos parentes franceses.

A ESCRAVIDÃO

O programa dedicou bom tempo ao tema da escravidão e da posição antiescravagista do Imperador muito anterior à Abolição. Foram filmadas detalhadamente duas fazendas na região de Vassouras, no Rio de Janeiro, que estão especialmente bem preservadas, uma que tinha 300 escravos e outra 400, com suas senzalas intactas. A questão da escravatura mereceu grande parte do programa e foi tratada como central na queda do Império.

O programa citou o conhecido episódio de um baile imperial onde estava presente o engenheiro André Rebouças, negro alforriado, com quem nenhuma moça dançava, o Imperador ordenou à Princesa Isabel que dançasse com Rebouças para mostrar a atitude da Monarquia com os negros.

O MONARCA AMBIENTALISTA

O programa deu grande destaque ao papel ambientalista do Imperador, ao replantar a FLORESTA DA TIJUCA, que tinha sido desmatada para lenha e, graças ao que fez, o Rio tem a maior floresta urbana do planeta. Dom Pedro II dava enorme importância à cartografia do Brasil, com os registros de todos os rios e afluentes e TRIBOS INDÍGENAS OCUPANTES DE TERRITÓRIO, bem como aos registos da FAUNA e da FLORA brasileiras.

Dom Pedro II financiou, do próprio bolso, várias expedições científicas por grandes especialistas europeus que produziram mapas minuciosos para a época, exibidos para o programa e que se encontram bem preservados nos museus do Rio de Janeiro, bem como desenhos primorosos de plantas e animais das nossas florestas. O Imperador cuidava pessoalmente desses inventários, tinha enorme interesse pela natureza do Brasil, que considerava um tesouro a preservar.

A REPÚBLICA SE ENCARREGOU DE DIMINUIR O IMPERADOR PARA AS GERAÇÕES FUTURAS

Por insegurança, especialmente depois da Guerra de Canudos, que tinha um caráter monarquista, a República diminuiu a figura do Imperador deposto e, hoje, os brasileiros conhecem muito pouco desse grande personagem, fundador da Nação brasileira, pouco reverenciado, quando deveria ser o grande ÍCONE DA NAÇÃO. Se ocupou, por décadas, do País ao qual se ligou profundamente, aqui largado menino, sem pai e sem mãe, cuidado por tutores e preceptores. Na realidade, se moldou e se fundiu com o País do qual é o maior símbolo histórico.

O programa apresenta o caso do negro Rafael, criado que cuidou de Dom Pedro desde criança e que morreu de desgosto no dia da deposição, caindo no chão do Palácio da Quinta da Boa Vista.

Um grande documento foi essa série da TV5 da França, que deveria ser retransmitido pela TV brasileira nestes tempos de obscuridade terraplanista, para que os brasileiros melhor conheçam suas raízes históricas de que devem se orgulhar.

Dom Pedro foi um homem SÁBIO, MODESTO, ÍNTEGRO e cuja paixão pelo Brasil é a própria raiz da nacionalidade hoje com tantas dúvidas, riscos e abismos na sua trajetória histórica de quase 200 anos.

AMA

Andre Motta Araujo

Advogado, foi dirigente do Sindicato Nacional da Indústria Elétrica, presidente da Emplasa-Empresa de Planejamento Urbano do Estado de S. Paulo

35 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Curioso notar que duas das medidas políticas mais importantes para dar fim à escravidão, a Lei do Ventre Livre e a Lei Áurea foram tomadas quando Pedro II não estava no Brasil. Coincidência?
    A discussão sobre o fim da monarquia no Brasil é realmente fascinante. É quase senso comum que foi uma represália pelo fim da escravidão. No entanto, há leituras heterodoxas da História de que a Abolição na verdade foi uma tentativa de salvar a monarquia. As elites políticas (e lembremos que naqueles tempos apenas 2% da população votava em pleitos fraudulentos onde o voto era aberto), não confiavam na Princesa Isabel, achavam que ela era demasiado fraca em relação ao Conde D’Eu (o qual era odiado) e em relação à Igreja Católica.
    O Brasil sempre deu as costas à sua História. No 2º Império, por exemplo, Tiradentes era um traidor, um Marighela.
    O maior brasileiro do século 19 foi LUIZ GAMA, o Apóstolo da Abolição, que lutou também pela República, e a maioria do povo nunca ouviu falar dele.

    1. Pobre daquele que vê e não crê
      ..o MAIOR de todos os brasileiros esta diante de vós ..detido em CURITIBA ..e atende pelo nome de LUIZ INACIO LULA DA SILVA ..um cabra retirante que até deus duvida da fibra
      Este sim, que da miséria herdada, LEVANTOU-NOS um IMPÉRIO de bons exemplos e de camaradagem, e haverá de deixar SIM um tesouro inigualável que nos há de ajudar, por gerações, a aprendermos e mantermos nossa REPUBLICA DEMOCRATICA.

        1. Anônimo: Caudilhismo replicado em DonSebastianismo. Doutrinação destas 9 décadas, que tira a liberdade e auto-determinação do Cidadão e Sociedade Civil na busca eterna de um Messias. O “Messias” apareceu.

  2. “…um GRANDE PERSONAGEM não só do Brasil, mas da História do Século XIX, um Chefe de Estado com enorme interesse na CULTURA, na CIÊNCIA, no HUMANISMO…” PERFEITO !! PERFEITO !! PERFEITO !! Um Personagem de Gigantesca Estatura Mundial que o revisionismo histórico depois do Golpe Civil Militar Fascista de 1930, tenta transformar numa Figura menor, representado e explicado muitas vezes, inclusive em salas de aula, como uma espécie de abobalhado, de personagem dirigido, entediado. Ser lembrado pela Mídia Européia, sua espetacular Obra dentro da Nação Brasileira, mostra o abismo e mediocridade de como é interpretado e estudada a História Brasileira por seu próprio Povo. Período áureo, incomparável, gigantesco, progressista da História e Governo Brasileiro, sendo vanguarda da Humanidade. Começa por um Garoto, tutelado por outra Figura Gigantesca na História Brasileira e Mundial que foi José Bonifácio de Andrada e Silva e Elite Paulista que fará a Regência até a maioridade do Imperador, passando por espetacular período de seu Governo até a consequência vanguardista natural produzida por esta Elite Paulista que é um Governo Republicano, eleito diretamente e facultativamente que estenderá este ‘Período Magnifico’ por quase 1 século, até 1929. Exemplos da magistrais realizações e Elites que ascendem num Período tão cultural, intelectual, progressista, tecnológico, são milhares. Devem estar neste Documentário ( que procurarei assistir), quanto a outros que deveriam mostrar este século de inigualável Elite e Política Brasileira entre 1830 e 1929. Parabéns pela Matéria.

    1. Assim como o golpe para depor D. Pedro II foi de improviso, de improviso estamos até hoje.
      Após 1889 o país foi ladeira abaixo com esse modelo republicano bananeiro.
      Não passe pano para a republiqueta “café com bobagem”, cujo modelo era de cartas marcadas!!

  3. NUM PAÌS AONDE não há a dialética e predomina o boca em boca e a fofoca vazia..
    ..melhor não transmitir NADA ..pois hoje parte de seus descendentes ROUBAM e vendem talheres herdados ..ou se juntam a BOLSONAROS e tudo qto é retardado ..tudo na và esperança de retornarem ao poder hereditário sem a presença do dito proletário
    FATO – se vdd tudo o que foi dito, me parece que pelos exemplos hoje vistos, isso não foi transmitido aos filhos dos filhos dos filhos

    1. Vou seguir seu conselho, há sim grandes brasileiros que é preciso reverenciar. Já escrevi aqui artigos sobre Vargas e JK mas existem outros nomes para relembrar.

  4. Em periodos de ataques violentos e mortais à ciência é interessante ver esta frase:
    “Pedro II became a member of the Royal Society, the Russian Academy of Sciences, The Royal Academies for Science and the Arts of Belgium and the American Geographical Society. Don Pedro patrocinou laboratórios entre outras coisas de física, química, astronomia. E foi um estudioso de muitos campos do conhecimento, foi um imperador ilustrado, linguista estudou profundamente a língua tupi. E no momento da descoberta da fotografia Dom Pedro era um estudioso fotografo e pesquisador. Se correspondia com muitos cientistas pelo mundo. E era respeitado pelo seu conhecimento.O verbete em inglês acima acima é da Wikipedia, mas para os mais exigentes eu aconselharia o livro – Nas barbas do Imperador de Lilia Schwarcz. No livro senti falta de mais coisas sobre as relações do imperador com a ciência, mas isto não compromete este excelente livro. Acho que Lilia deixou este espaço para que outro historiador o faça. Com certeza ela mostra o peso das ações de Dom Pedro na cultura, na educação ciência. ( Atenção eu não sou monarquista e nem quero o retorno da família, que aliás vem se caracterizando por desonrar a memória de Dom Pedro se unindo às forças mais obscurantistas do país).

  5. Compartilho essa admiração pelo maior Estadista brasileiro e verdadeiro pai-fundador de nosso país. A sua grandeza foi vilmente ofuscada pelos bárbaros líderes republicanos, entre eles pessoas com sérias deformidades de caráter. Não foram poucos os republicanos de longa data que se arrependeram quando perceberam a realidade pós-D.P.II.
    Essa admiração começou em minha juventude, quando tive contato com os primeiros fatos biográficos desse fantástico brasileiro.
    Só quarenta anos depois, muito recentemente, descobri, ao iniciar a minha árvore genealógica, que sou descendente dos Carneiro de Campos, tendo entre meus ancestrais o 3 Visconde de Caravelas e o Marquês de Caravelas, leais servidores de D.P.II e D.P.I. Coincidências?

  6. Peguei de “surpresa” o documentário já no seu quarto final. Muito bem feito, outro nível comparando com os doc de nossas TVs. E grande a surpresa vendo como era considerado na Europa. Seu funeral parecia ser do mandatário da própria França. Imperdível.

  7. CARO ANDRÉ MOTA
    UMA VEZ, NO PROGRAMA DO FLÁVIO CAVALCANTI, FORAM ENTREVISTADOS PARENTES DO DOM PEDRO II, QUE FALARAM MUITO BEM DELE E DE SUA BONDADE E FIQUEI TOTALMENTE CÉTICO.
    MUDEI TOTALMENTE QUANDO LI O LIVRO “BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO EVANGELHO” (sugiro a leitura), OBRA PSICOGRAFADA POR CHICO XAVIER PELO ESPÍRITO DE HUMBERTO DE CAMPOS, ONDE É CONTADA A HISTÓRIA DA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA NA VISÃO ESPIRITUAL E MOSTRA QUE DOM PEDRO II FOI UM DOS ENVIADOS, BEM COMO SUA MISSÃO E BONDADE:
    “Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição humilde à elucidação da história da civilização brasileira em sua marcha através dos tempos. Têm por único objetivo provar a excelência da missão evangélica do Brasil no concerto dos povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações e todos os seus feitos, forros dos miseráveis troféus das glórias sanguinolentas, tiveram suas origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus, pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente a evolução da pátria extraordinária, em cujos céus fulguram as estrelas da cruz. São elas, ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam no meio do caminho” (HUMBERTO DE CAMPOS)
    Humberto de Campos Veras (1886-1934) foi um jornalista, político e escritor brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras

  8. Boa sacada: o golpe republicano triunfou pela surpresa, pois apoio não tinha quase nenhum. Dizem que nem mesmo Deodoro queria fazer a república, mas quando viu, já estava feita.

    O império não caiu pelo que tinha de mau, mas pelo que tinha de bom: havia abolido a escravidão e não permitia aos militares imiscuir-se na política. A ideia inicial era manter o imperador como fantoche, ficando os generais com o poder de facto, mas dom Pedro achou que já estava muito velho para ser feito de palhaço e preferiu a deposição. Sua intenção declarada de nomear primeiro ministro um inimigo pessoal de Deodoro em substituição ao visconde de Outro Preto deixou isso claro.

    O governo dos dois primeiros marechais-presidentes foi o maior desastre da história brasileira: rebelião da marinha, guerra civil no sul e gigantesca crise financeira. Alguns consideram esse período a primeira ditadura militar brasileira, embora naqueles dias houvesse mais militares na cadeia do que no poder. A própria oligarquia de cafeicultores paulistas, protagonista do golpe, teve que dar o basta, e impôs a candidatura de Prudente de Moraes, pondo fim à bagunça e iniciando a República Velha.

  9. Li em algum lugar que após ser expulso do Brasil o então Estado livre do Tejas, antes de ser incorporado pelos EUA e se tornar Texas, o convidou para reinar lá e ele declinou do convite. Confere André?

    1. Não conheço essa narrativa mas é possivel porque o Texas até hoje se considera um Estado diferente
      dos demais Estados americanos, sua Constituição de 1876 preve inclusive que o Estado pode se desligar da União, algo hoje teorico mas que todo texano fala com orgulho, minha irmã mora em Dallas e conheço um pouco a mentalidade desses americanos, que é bem especifica.

  10. Mais um excelente artigo de André.

    Destaco esta parte: “moldou a feição e o caráter de um País muito diferente, mais multicultural, multiétnico e complexo do que qualquer outro País da América Ibérica”

    A própria multiculturalidade e a multiplicidade étnica, de que os brasileiros tanto se orgulham hoje, começou com o Imperador D. Pedro II.
    Foi seu reinado que deu impulso às grandes vagas migratórias para o Brasil, que alteraram substancialmente o panorama étnico e cultural de nosso país e nos deram indisputável contribuição econômica, social e cultural.
    Os italianos e alemães, que tantas cidades fundaram no Sul e no Sudeste do Brasil, são os exemplos mais conhecidos. A sua própria cidade, André, mudou de panorama em grande medida graças À imigração italiana.
    Os libaneses começaram a vir, dizem, por convite pessoal do próprio imperador.
    Austríacos, suíços, irlandeses, franceses, holandeses – todos começaram a vir para o Brasil, massivamente, graças à política de promoção da imigração que D. Pedro II impulsionou. Foi política do Império.
    Era, ele próprio, fruto de vários cruzamentos étnicos e de casas reais europeias.

    1. Preparou muito mal a sucessão, deveria ter costurado mais os apoios para a Monarquia com politicos mais jovens e com maior ligação com o povo, a Republica ocupou um espaço vazio na politica.

      1. Aliás é uma marca dos líderes latino americanos : eles se acham imortais e não preparam sucessores. Se pudesse impor uma reforma política eu limitaria em dois mandatos pra presidente – como o modelo americano. Assim os partidos seriam obrigados a preparar nomes novos e fortes

  11. PARABÉNS, MAIS UMA VEZ ANDRÉ MOTTA ARAÚJO.
    FALTOU DIZER E ME PERMITO ACRESCENTAR ESSA INFORMAÇÃO QUE, D.PEDRO II ERA ASTRÔNOMO, MATEMÁTICO, FÍSICO, QUÍMICO, BOTÂNICO, FOTÓGRAFO, PESQUISADOR, LEITOR ÁVIDO E POLIGLOTA. FALAVA E ESCREVIA EM GREGO, LATIM, ALEMÃO, ESPANHOL, FRANCÊS, INGLÊS, ITALIANO, RUSSO, HEBRAICO, ÁRABE, SÂNSCRITO, CHINÊS, PROVENÇAL E TUPI. POSSUIA UMA ERUDIÇÃO FORA DO COMUM E ERA RESPEITADO COMO UMA MECENAS POR TODO O MUNDO. VERDADEIRAMENTE, TÍNHAMOS UM ESTADISTA NO COMANDO DA NAÇÃO, MAS OS MILICOS O TRAÍRAM E IMPLANTARAM ESSA PORRA DE REPÚBLICA DEMOCRÁTICA, CORRUPTA NO NASCEDOURO. E ELES TEM PRAZER EM ENCHER A BOCA E FALAR” estado democrático de direito”!.
    ESTADO PLUTOCRÁTICO APODRECIDO PELA CORRUPÇÃO, ISSO SIM!

  12. Assisti ao programa através da TV5 Monde. A série “Secrets d’Histoire” é geralmente bastante simpático aos seus biografados, quase sempre monarcas. No caso de um soberano tão vinculado à França, como o imperador, não poderia ser diferente. Mas é um programa bastante popular, apresentado por uma das figuras mais queridas da televisão francesa e que mostrou uma visão bastante digna do País, mas sem dissimular o horror da escravidão. No geral, gostei bastante.

  13. A mesma coleção de anedotas sobre D. Pedro II, que, de tão velhas e tantas vezes repetidas, já cheiram à mofo. No fim, só provam que D. Pedro II, como pessoa, era muito superior ao D. Pedro II, governante.
    Afinal, esse cidadão tão ilustrado legou à República um país que, em 1889, tinha absurdos 85% da sua população analfabeta (índice estagnado desde 1872 e muito superior ao dos nossos vizinhos), uma economia estagnada, mal saída do pré-capitalismo escravista, pífios 9,5 km de ferrovias espalhadas em um território gigantesco, nenhuma universidade, uma abolição tardia e feita de forma desorganizada, e um país doente, com uma capital tomada por moléstias tropicais.
    Fato é que D. Pedro II, por mais simpático que possa parecer, aliou seu regime ao atraso. Nunca se pronunciou pela abolição imediata, apoiando sempre uma abolição gradual que apascentasse a cafeicultura fluminense, decadente e escravista, e que era o esteio da Coroa (vide a Fala do Torno de 1886). Enquanto isso, o eixo econômico rumava para o sul, para uma burguesia do café republicana e que desejava um progresso econômico com o dos argentinos e americanos, mas que se via sufocada pelo centralismo monárquico. A estratégia de D. Pedro II não deu certo: a abolição imediata veio, o apoio ao regime se esvaiu, o caminho ficou aberto aos republicanos e a monarquia caiu, atropelada pelo tempo.
    A República que a substituiu – falem mal ou bem -, legaria à Getúlio uma economia em rápido crescimento, o maior parque industrial da América Latina, um índice de analfabetismo pelo menos 15% menor, e uma infraestrutura muito superior. Ela começou a árdua e ingrata tarefa de suprir o atraso que foi o nosso século XIX, tarefa essa que tem sido executada com os naturais e esperados sobressaltos.
    Que continuemos lembrando a bondosa pessoa que foi D. Pedro II, para talvez não termos que falar do muito menos brilhante D. Pedro II, governante.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador