Domínios da Garoa
por Vera Lucia Dias
Nos primeiros meses do ano chove muito. Na cidade de São Paulo, estaremos na época das “cheias”, até as águas de março fecharem o Verão.
Quando há chuva em São Paulo logo vem o pensamento: a cidade tem rios e eles transbordam!
Se você viajar pelo país, ouvirá comentários como: “sabia que sua SP está embaixo d’água?”. Verdade somente em parte, porque ela é gigantesca e repleta de morros. Sua geografia não deixa mentir, vales em formas de avenidas, é sinal de rio canalizado.
Mas como tornar os rios da cidade presentes em nossa vida, como chegar à margem sem ser marginal. Olhar e apreciar essas águas que um dia transportaram tantos em busca de riquezas e nem sequer temos um Porto! E pensar que o maior rio tinha muita areia, depois retirada em grande quantidade e que chegou a ter embarcação de lazer com música aos domingos!
Somente uma referência de nome a nos lembrar, Ladeira Porto Geral! Porque lá havia um pequeno atracadouro.
O rio Tietê passa pela cidade como se atravessasse um campo em guerra. Ele não vai ao mar, mas chega milagrosamente melhor até o rio Paraná, ao receber seus tributários. Sorte que está passando pelo processo de despoluição e devagar vai se alterando. Será?
Onde está riacho Tamanduateí na Avenida do Estado: escondido e maltratado. E nos sentimos muito mal com isso. Ao menos deveria aparecer uma placa informando seu nome e dos afluentes.
E o Pinheiros! Tem nas margens boa vegetação que promete crescer. Aguardamos muito as notícias sobre ele independente de suas belas pontes, estaiadas ou não. E para que lado vai seu curso? Para o Tietê ou para o Guarapiranga?
E até hoje se fala em doenças epidêmicas. Parece que noções de higiene regrediram aos níveis do século XVIII. Não há barreiras para o lixo: todos jogam; ricos, pobres, letrados e analfabetos. Estamos sempre com as opiniões divididas, parece que um lado melhora e outro nem tanto. Somente o odor impuro nos une.
Há que haver reflexão sobre essa natureza, nosso chão. Ainda temos muito que aprender, inclusive com os indígenas. O rio limpo da cidade, o Monos, está próximo das aldeias dos povos da nação Guarani em Parelheiros.
Ainda assim, muita gente tem essas mesmas preocupações e chegam a ser otimistas, apesar de tudo. Turistas nos visitam. Elogiam nossa organização, mas passando ao lado desses rios não conseguem entender o que foi feito com a geografia da “cidade entre rios”. E muito menos nós, moradores, compreendemos tal voracidade na transformação.
Onde segue o córrego do Saracura é a avenida 9 de Julho. “Lembrança eu tenho da saracura, saudade tenho do nosso Cordão. Bixiga hoje é só arranha-céu e não se vê mais a luz da lua, mas o Vai-Vai está firme no pedaço”, diz a letra da canção de Geraldo Filme.
Como faz falta a constante garoa dominando o planalto e refrescando pensamentos! Chapéus elegantes estão nas fotos. Hoje a grafia do boné cobre as cabeças com suas coloridas marcas.
Afinal, na cidade de São Paulo estão as margens plácidas do Ipiranga a nos lembrar sobre caminhos e descaminhos da pátria amada Brasil.
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Que coisa linda! Um texto e
Que coisa linda! Um texto e tanto! (E olha que eu detesto a cidade de Sao Paulo…)
que….
São Paulo é uma Cidade linda. Encravada no meio da Mata Atlântica, entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Deveria ser coberta por uma Flora inigualável, ao invés de postes e fios pendurados. Deveria ter um parque linear e contínuo, projetado pelo Pref. Faria Lima há quase um século, nas laterais das Marginais Tiête Pinheiros, com ciclovias de centenas de Kms. Deveria ter esportes naúticos e aquáticos, como já houveram, no seus rios. E nas espetaculares represas dentro da capital. Deveria ter acesso fácil e bem estruturado no Parque da Serra do Mar, que começa dentro da metrópole, e que dá possibilidades de caminhadas entre a cidade no planalto e o litoral. Caminhadas e passeis de bicicleta, que são combatidos e minados por falta de estrutura, segurança, apoio e interesses políticos. Se nada disto foi implantado até hoje foi por pura escolha de medíocres na administração da Capital. Paremos de dar desculpas a incompetentes e bandidos.
Tinha que ter
É São Paulo tinha que ter as maravilhas que Faria Lima, projetou.
Faria Lima, que fez a 23 de maio para a gente varar a madrugada no baile e tomar café da manhã no aeroporto, que iniciou as obras do metrô, que fez as marginais.
É, mas São Paulo tinha que ter o maluf, que sepultou a cidade sob viadutos, destruiu o centro velho, desvalorizou paços históricos e não manteve a memória da cidade, e cujos viadutos, além de desvalorizarem os grandes prédios no entorno (construiu na frente da janela dos prédios tirando a privacidade dos moradores) deu abrigo aos marginais que até hoje vivem sob eles consumindo drogas.
São Paulo tinha que ter um gilberto kassab, que queria passar para as empreiteiras o direito de desapropriar as áreas que lhes interessassem e eles mesmos pagariam a indenização que quisessem.
São Paulo tinha que ter é juizo mas, quem tem coração grande tem o juízo prejudicado!
Como ousa
detestar São Paulo oh! Ivan de Union!
Quem não é de São Paulo não é do Brasil (brincadeirinha), já que todo mundo vem morar aqui.