Edino Krieger faz 93 anos anos com muita festa, por Carlos Motta

“Edino Krieger é patrimônio da cultura e da música de concerto no Brasil”, ressalta o maestro e compositor João Guilherme Ripper, presidente da ABM e diretor da Sala Cecília Meireles.

Edino Krieger faz 93 anos anos com muita festa

por Carlos Motta

Nesta quarta-feira, 17 de março, o aniversário do compositor Edino Kriger será triplamente festejado. No dia em que o músico completa 93 anos haverá, às 19 horas, na Sala Cecília Meirelles, no Rio, o lançamento do seu livro “Textos e Contextos”, do CD “Entre Amigos”, e o concerto de lançamento do álbum pelo Trio Aquarius. A festa será transmitida pelo canal do YouTube da Academia Brasileira de Música (ABM).

“Edino Krieger é patrimônio da cultura e da música de concerto no Brasil”, ressalta o maestro e compositor João Guilherme Ripper, presidente da ABM e diretor da Sala Cecília Meireles. “Além de ser um dos maiores compositores de nossa história, esteve à frente de importantes instituições, como o Instituto Nacional de Música, da Funarte, o Museu da Imagem e do Som, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a Sala Cecília Meireles e a Academia Brasileira de Música”, completa, sem deixar de mencionar que Edino foi também o “criador de iniciativas fundamentais que pavimentaram o caminho para as gerações seguintes, como o Projeto Memória Musical Brasileira, da Funarte, e a Bienal da Música Brasileira Contemporânea, o mais longevo evento do gênero no país, realizado ininterruptamente desde 1975”.

Com produção musical de Tim Rescala, o CD “Entre Amigos” é o registro fonográfico de obras camerísticas de Edino para violino solo, duo de violoncelos e trios (piano, violino e violoncelo). Além da estreia do compositor escrita 1944 e interpretada pelo violinista Ricardo Amado, o álbum traz “Quatro Estudos Intervalares”, para piano solo, dedicados ao pianista Flávio Augusto, as peças para o formato de trio “Sonatina”, “Nina”, “Choro Manhoso”, e “Trio Tocata”, dedicada especialmente ao Trio Aquarius, além de “Cadência para dois Violoncelos”, dedicada ao Duo Santoro.

O  livro “Textos e Contextos”, publicado pela ABM, traz suas críticas e crônicas escritas em diversos jornais e revistas, dentre eles o Jornal do Brasil e a Tribuna da Imprensa, publicados entre 1950 e 2016. “Nesta seleção de textos priorizei os que registraram momentos marcantes da vida musical carioca e figuras importantes da criação musical brasileira e de outros países”, explica Edino. “Incluí também alguns textos produzidos para programas radiofônicos da Rádio Ministério da Educação (MEC) e da EBC, além de alguns mais recentes postados na minha página na internet, veículo que hoje substitui as antigas colunas especializadas dos jornais.”

A dedicação e a devoção de Edino Krieger à música são características marcantes de sua carreira. Nascido em Brusque, Santa Catarina, a 17 de março de 1928, filho do maestro Aldo Krieger, cresceu rodeado de sons e instrumentos. Aos 15 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro, para prosseguir sua formação no Conservatório Brasileiro de Música, onde estudou com H. J. Koellreutter. Em 1945 passou a integrar o Grupo Música Viva. Em 1948 foi escolhido em concurso para estudar com Aaron Copland, no Berkshire Music Center de Massachussets, EUA, onde assistiu também a aulas de Darius Milhaud. Estudou ainda na Juilliard School of Music, de Nova Iorque com Peter Mennin (composição) e na Henry Street Settlement School of Music com William Nowinsky (violino). Representou a Juilliard no Simpósio de Compositores dos Estados Unidos e Canadá realizado em Boston, e atuou como violinista da Mozart Orchestra de Nova Iorque.

Retornando ao Brasil em 1950 iniciou a atividade de produtor na Rádio Ministério da Educação, onde exerceu a função de diretor-musical e organizou a Orquestra Sinfônica Nacional, e de crítico musical do jornal Tribuna da Imprensa. Entre as décadas de 60 e 70, suas músicas integraram trilhas sonoras de filmes como Bruma Seca (1961) e Meu pé de Laranja Lima (1970). Ainda neste período produziu importantes obras de seu repertório como Ludus Symphonicus (1965), Canticum Naturale (1972) e Ritmata (1974).

As obras de Edino Krieger são interpretadas por uma série de orquestras no país e no exterior. Sua trajetória dedicada à música lhe rendeu diversos prêmios e honrarias, como o Prêmio Internacional da Paz (1955, Varsóvia), Prêmio Shell de Música (1987) e a Medalha Anita Garibaldi, de Santa Catarina (1986). Recebeu ainda a medalha Pedro Ernesto (1998), a mais alta comenda da cidade do Rio de Janeiro, e a Ordem do Mérito Cultural (2000), concedida pelo Ministério da Cultura.

Edino Krieger foi diretor do Instituto Nacional de Música da Funarte e da Sala Cecília Meireles. Dirigiu a divisão de música clássica da Rádio Jornal do Brasil e exerceu a crítica musical no Jornal do Brasil. O compositor presidiu também a Fundação Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro e esteve à frente da Academia Brasileira de Música por três mandatos consecutivos, nesta instituição, ocupa a cadeira de número 34.

Seu catálogo inclui obras para orquestra sinfônica e de câmara, oratórios, música de câmara, obras para coro e para vozes e instrumentos solistas, além de partituras incidentais para teatro e cinema. Suas composições têm sido executadas com frequência no Brasil e no exterior, por orquestras do Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Recife, Bahia, Belo Horizonte, Liège, Bruxelas, Paris, Londres, Munique, Buenos Aires, Córdoba, Nova York, Filadélfia, Washington, Colônia e Tóquio, entre outras.

Para assistir:

Academia Brasileira de Música ABM – YouTube

Redação

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