Governo faz gibi da Turma da Mônica que valoriza Forças Armadas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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O Ministro da Defesa, Joaquim S
Os ministros de Temer e o escritor Mauricio de Souza, durante o lançamento do almanaque A Turma da Mônica e a Indústria de Defesa – Foto: Antônio Cruz/ABr
 
Jornal GGN – O governo de Michel Temer comprou os direitos de um almanaque da Turma da Mônica, direcionado a crianças, para valorizar o papel das Forças Armadas. Movimentos sociais criticaram a ação.
 
A publicação foi um investimento do Ministério da Defesa com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), com um custo de R$ 300 mil para produzir 200 mil revistinhas em quadrinhos de 100 páginas.
 
O almanaque conta uma história e diversos jogos e passatempos destinados a crianças, com o objetivo do governo de influenciar o público. “A forma mais eficaz de alcançar essa criança é por meio de pessoas que elas admirem como o criador da Turma da Mônica – Maurício de Sousa”, disse o presidente da ABDI, Guto Ferreira.
 
“Quando falamos para as crianças e adolescentes estamos saneando o futuro”, confirmou o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna. Já o ministro da Indústria, Marcos Jorge de Lima, já viu o impacto de orientar o público infantil sobre o setor, pensando adiante: “[a Defesa] gera impacto nas nossas exportações, com produtos de alto valor agregado. Então, temos a preocupação de explicar para as nossas crianças, de forma lúdica, a importância desta parcela da indústria”.
 
“Tivemos a preocupação de explicar desde cedo às crianças, de forma lúdica, para induzi-las a ter uma visão mais criativa do papel da indústria da defesa e da própria defesa nacional do Brasil”, continuou Lima.
 
Em um primeiro momento, os gibis serão distribuídos dentro dos colégios militares, já pensando em próximas edições. “Há a expectativa de fazermos algo similar para apresentarmos outros temas relevantes à garotada. Por exemplo, a chamada Indústria 4.0, que é tema do momento e vai mexer com as profissões do futuro”, disse Ferreira.
 
Apesar do otimismo do governo com o Almanaque, alguns movimentos sociais enxergaram na ação uma estratégia do governo Temer de estimular as crianças a apoiar o uso das Forças Armadas no Brasil.
 
O coletivo Brado-NYC emitiu nota de repúdio sobre a publicação do almanaque da Turma da Mônica: “Além de configurar apoio à farsa da intervenção militar no Rio de Janeiro, orquestrada pelo presidente ilegítimo e golpista, Michel Temer, entendemos ser lamentável o uso da tão querida figura da Mônica e de outros personagens que marcaram a infância de muitos brasileiros”, informou.
 
Os personagens, disse o movimento, “estão retratados segurando tanques de guerra, submarinos e outros objetos que podem, inadvertidamente, incentivar o uso de armas de brinquedo e de brincadeiras violentas, o que representa um retrocesso em relação à psicopedagogia infantil”, continuou.
 
O coletivo lembrou dos dados do Observatório da Intervenção, de que o número de chacinas no Rio de Janeiro duplicou, desde o início da intervenção militar no estado, em comparação ao ano passado. “As crianças, alvo principal desta publicação, poderiam ser influenciadas a acreditar em instituições que, ao invés de zelar pela paz, são responsáveis por grande parte das mortes violentas, especialmente da população jovem e negra das periferias do País”, destacou.
 
“As polícias civis e militares, as forças armadas, tanques de guerra, metralhadoras e sangue derramado já estão presentes no dia-a-dia das crianças moradoras de favelas. O resultado é opressão, marginalização e genocídio dos mais pobres”, expôs, concluindo: “Não podemos concordar que almanaques, ao invés de entreter e educar, possam tornar lúdica uma política intervencionista, de controle arbitrário, que fomenta a violência e o holocausto urbano.”
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

11 Comentários

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  1. O que pretendem com o gibi:

    O que pretendem com o gibi: ensinar como nossas forças armadas reprimem o próprio povo ou como colaboram para a destruição do paÍs ?

  2. Reação paulistana

    ÔRRA MAURÍCIO, PAREI COM VOCÊ!!!!

    VOCÊ FARIA MELHOR  SE INCLUISSE O TEMER NA “TURMA DO PENADINHO”

     

     

    FUI!

  3. Bem autêntico usar personagens do Maurício de Souza

    No governo mais sujo do Brasil (cascão) que trata o povo como ingênuos (chico bento), onde vai matando a economia e a esperança (penadinho) , usa metodos esquizofrênicos achando que com marketing se tornará popular (bidu), imita do que há de pior no neoliberalismo (bugu), ainda está sempre a tentar tirar a propriedade alheia (cebolinha). Aliás, Temer e Maurício conseguiram ampliar seus feitos através de boas relações com fsp, globo e abril

  4. Deve ser algum gibi de estórias da carochinha….

    ….Tipo  aquela  da  guerra, aonde foi  preciso se juntar a argentina e uruguai  para  vencer  a  “superpotencia”  da  época:  O  Paraguai !!!

    Estes  militares brasileiros   são  na  realidade  uns  farsantes: valentes contra o  seu  povo  e medrosos até  dos  hermanos !!!

    No  braço-de-ferro  militar,   perdem de 10 x 0  até  de um paisinho fuleiro  como Israel !!! 

     

  5. que desgoverno grotesco, meu Deus…

    além de explorar as crianças de uma forma improvisada e primitiva

    ainda querem forçá-las a contemplarem armamentos com prazer

  6. Bem…
    Além das incoerências

    Bem…

    Além das incoerências absurdas já elencadas abaixo pelos comentaristas, gostaria de saber como será retratada no gibi a omissão covarde dos citados diante do ataque à nossa soberania (pré-sal, programa nuclear, Embraer, Alcântara, etc.) e sua subserviência canina aos interesses e mandos da potência do norte. Será que vai ser comédia? Ou estória pra boi dormir?

  7. Os ridiculos

        Um “governo” que praticamente acabou com a incipiente industria de produtos de defesa nacional, que  a vendeu na “bacia das almas ” para grupos internacionais, que não está pagando nem o que encomendou e até já recebeu, cujos empregados mais categorizados, os mais experientes, já até deixaram o País – tipo até indo para Israel – aparece com este papo furado de financiar estórias em quadrinhos, é o cumulo do ridiculo, só pode ser uma piada de péssimo gosto, OU :

         Estão pensando, em suas mais nefastas neuroses, em um “rissorgimento” das opera nazionale squadra balila e seus libretos da época do facismo italiano.

  8. desconforto de educadorxs com a idéia pode ser procedente

    “The Washington Post reported in 2002:

        The United States spent millions of dollars to supply Afghan schoolchildren with textbooks filled with violent images and militant Islamic teachings ….

        The primers, which were filled with talk of jihad and featured drawings of guns, bullets, soldiers and mines, have served since then as the Afghan school system’s core curriculum. Even the Taliban used the American-produced books ….”

    Sleeping With the Devil… @ washingtonsblog

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