Machismo: um bom tema para o Carnaval, por Matê da Luz

Por Matê da Luz

No post anterior, sobre duas moçoilas que foram contra uma publicidade de uma grande marca de cerveja, além da rápida resposta dos leitores, o que mais chamou atenção foi o cunho dos comentários. Não tenho parâmetros neste ambiente pra dizer se foram muitos ou nem tantos assim, mas particularmente senti uma certeza triste: target de campanha ou concordância com o processo fora, o machismo existe e está à solta.

Se eu não sabia disso?

Bem, digamos que minha história de vida me apresentou a um belíssimo exemplar da espécie há uns três anos e, após um longo, denso e profundo processo, achei que este tipo de pessoa – homens com traços machistas opressores – eram a representação maior de azar ou resgate de carma que poderia existir. Mas não. Os comentários daquele post me lembraram que machismo não é somente oprimir escancarada e violentamente alguém, normalmente do sexo feminino: há um machismo nosso de cada dia que, quando contrariado, ataca acusando de feminismo nazista, feminazi pros íntimos.

Concordo que existe também uma parcela da defensoria que exagera, erra a mão e acaba pautando o feminismo como oposto do machismo. Na minha opinião, e entendo que posso estar equivocada, o feminismo não está do outro lado do machismo, visto que prega a igualdade entre homens e mulheres, e não que um sobressaia o outro.

Mas comentários que usam a liberdade feminina de beijar 50 ou participar do bloco tal como contraponto pra divulgar apologia ao abuso sem concenso me soam machismo de prima, daqueles que passam desapercebidos até que o tópico ecoa, manja? Aquele tipo de homem normal, que tem uma vida (aparentemente) normal, um trabalho (aparentemente) normal, um relacionamento (aparentemente) normal – até que tenha espaço pra se posicionar e, hum, que surpresa!, seu posicionamento esteja “naturalmente acima do de qualquer mulher”.

Este é o tipo de machismo que mais me assusta, visto que, por ser mais “leve” e imperceptível, corre solto por aqui e acolá.

O machismo agressivo, violento e escancarado é de alarde, notado facilmente e chama atenção, o que facilita a intervenção de terceiros ou quartos ou quintos naquele ciclo. Já este tipo de machismo quietinho, que objetifica a mulher falando coisas como “tenho uma lá em casa”, “mulher de respeito não faz isso”, dentre tantas outras pérolas presentes na cultura me assusta porque é o que acaba perdurando, seguindo de geração em geração, talvez passando desapercebido pra quem não se atenta. Cultura é algo que passa de geração em geração, percebe o perigo?

Não estou falando que um machismo é pior que o outro. Não estou falando que não existem mulheres que violentam seus companheiros, inclusive abusando de leis que foram criadas para protegê-las, como a Maria da Penha. Só estou deixando registrada minha opinião de que, culturalmente, o machismo me deixa em estado de alerta – tanto por eu ser mulher quanto por ter uma filha mulher e algumas irmãs mulheres, mas também por saber que o medo é uma das piores armas pro desenvolvimento de uma nação. Falamos disso em outro post, tá?

Agora deu pra entender, de boa, qual foi o marco celerado anteriormente?

(…ainda temos muita estrada pela frente, arre!)

Mariana A. Nassif

7 Comentários

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  1. SUPERHERÓTICOS

    Enquanto o Incrível Hulk
         cresce na parte de cima
         verde que nem perereca,
         a pobre parte de baixo,
         vermelhinha de vergonha,
         não rasga nem a cueca.
    Já o Homem Invisível
         tem um troço tão encolhido
         que ganhou este apelido.
    E o Homem Aranha? Coitado!
    Dia e noite, noite e dia
         só na luta contra o mal
         deve ter teias no pau…

    Êta turminha sem sal!
         Não é ridículo?
    Ninguém agüenta mais os Super Homens,
         com seus cintos de utilidade
         e estreitas mentalidades…
    Homens com maiúsculos agás,
         “gagás”.
    Chega dos valores desta escala:
         muito falo e pouca fala.
    Se afinal é preciso mudar tudo,
         que se tire então, do homem, o H mudo.

    Leila Míccolis ri…

  2. Questão de cultura e delicadesa

    A observação inicial sobre o momento no qual a minoria (que pode ser até maioria) oprimida pelo status quo na tentativa de denunciar o fato acaba por fazer o jogo do opressor é muito interessante e serve para todos os preconceitos e conceitos de predominância de uns sobre outros, mas com relação ao carnaval a crítica à campanha da cerveja me fêz lembrar a música de Chico Buarque de Holanda, Noite dos Mascarados, e na essência o sentido é o mesmo que a cervejaria se propunha; que todos se liberassem totalmente e sem preconceitos, mas se a publicidade é “curta e grossa” a música é uma poesia de encanto e delicadesa e contribui, na minha opinião ao culto da liberdade e a cultura como um todo e lógico dependendo do respeito de cada um à tolerância de seu par.

    Atenciosamente.

    CGBrambilla

  3. Ao censor

     

    REFERENCIAL

             Leila Míccolis

    “Solteira de aceso facho
     precisa logo de macho;
     se é nervosinha a casada
     só pode ser mal trepada;
     viúva cheia de enfado
     tem saudade do finado;
     puta metida a valente
     quer cafetão que a esquente.
     Mulher não vive sem homem.
     A prova mais certa disto
     é que até as castas freiras
     são as esposas… de Cristo.
     Tal regra é tão extremista
     que não contém exceção:
     quem sai dela é feminista,
     fria, velha ou sapatão”

             

               E é com essa bagagem de preconceitos adquiridos
               que chega-se à conclusão,
               na separação de amores doloridos,
               de que não houve culpados.

               Só feridos.

  4. Acho um saco essas feministas

    Acho um saco essas feministas metidas a modernetes que, com textos cheios de subterfúgios, tentam difundir a ideia de que “no fundo” todo homem é machista, e a quase totalidade do genero masculino é composta de machistas misóginos fascistinhas aguardando apenas o momento certo de manifestar tais características…

    Ao invés de voltar suas baterias para os que realmente o são (tipo Bolsonaro e cia.), acusam indistintamente a todos de o serem, ainda que de forma atenuada e tomando o cuidado de deixar em aberto que “existem exceções” (poucas , a bem da verdade, como o ilumidado companheiro da autora, espécime superior do gênero masculino a quem ela menciona no início de seu texto). 

  5. Conheço bem essas feminazis,

    Conheço bem essas feminazis, dia pós dia, tentam moldar o homem como elas querem prá si, ou seja, anular o macho.

    Depois do cumprido o intento, correm atrás de macho cafageste para satisfazer seus desejos eróticos.

    Conheço bem, tenho mulheres na família assim, 

     

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