Mestres da dança: George Balanchine

Por Motta Araujo

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MESTRES DA DANÇA – A contribuição da Rússia para a grande efervescência do ballet nos EUA é completa e abrangente. O mestre dessa longa aliança foi sem dúvida George Balanchine, um dos maiores, se não o maior, coreógrafo do Século XX. Nascido em São Petersburgo em 1904, em uma família de artistas oriundos da Georgia, Balanchine conheceu ballet e música desde o berço. Treinado na Escola Imperial de Ballet de São Petersburgo na melhor tradição clássica, Balanchine evoluiu para um estilo próprio que ficou conhecido como “neoclássico”, a tradição clássica repaginada dentro do maior respeito pelo passado glorioso.

Em 1924, em excusão pela Alemanha, desertou do regime soviético e fugiu para Paris, centro de uma enorme colonia russa no exílio. Lá foi abordado pelo grande empresário Sergei Diaghilev (o inventor de Nijinsky) que tinha sua própria companhia de dança, os Ballets Russes de Monte Carlo. Balanchine aceitou o convite para ser coreógrafo dessa companhia em moda na sofisticada sociedade que frequentava Monte Carlo, trabalhou com compositores para criar  nesse período (1924-1929) nove ballets, contando com a colaboração de Sergei Prokofieff, Stravinsky, Claude Debussy e Maurice Ravel, para os cenários teve como colaboradores Pablo Picasso e Henri Matisse.

Em 1933, depois da morte de Diaghilev em 1929 e a recessão na Europa, Balanchine aceitou um convite de Lincoln Kerstein para ir para os EUA e lá em conjunto com Kerstein e Jerome Robbins criaram a School of American Ballet, escola que visava treinar bailarinos no rigoroso método russo que Balanchine tão bem dominava.

A escola foi um sucesso, estabeleceu um novo e alto padrão na dança clássica nos EUA, evoluiu para uma companhia, o American Ballet, verdadeira escola de movimentos próprios baseados na tradição clássica mas não a imitando cegamente. Dessa experiência saiu uma companhia de grande importância, o New York City Ballet, que acabou se tornando uma companhia oficial da cidade de Nova York, beneficiária de altas doações do bilionário David Koch, que deu 100 milhões de dólares para tornar o ballet parte do Lincoln Center e junto com o Metropolitan Opera House.

 

Balanchine teve uma profícua carreira de 35 anos como coreógrafo nos EUA, foi o pai do ballet americano onde todos se inspiraram, inclusive Martha Graham e outros ícones dessa arte tão apreciada nos EUA.

Balanchine também colaborou com Hollywood e Broadway, era um profissional completo e eclético mas teve tambem críticos pesados. Um deles foi James Clive, que disse ser Balanchine um “senhor feudal” de sua companhia inclusive com o “droit du seigneur” sobre suas bailarinas. Balanchine casou seis vezes, todas suas esposas eram bailarinas, não teve filhos. Já idoso ficou fascinado com a bailarina Suzanne Farrell, realmente linda, que protegia ao máximo a ponto de sua esposa Marta Tallchief deixá-lo mordida de ciúme de Suzanne, que resolveu casar com um jovem bailarino, Balanchine era 40 anos mais velho que ela, ficou revoltado, demitiu-a e atrasou sua carreira por uma década.

Com todos os defeitos de grandes artistas, Balanchine foi o criador do ballet americano, um emigré russo como outros tantos que trouxeram sua arte para os EUA como Prokofieff, Stravinsky, Vladimir Horowitz, gênios que a cultura artística da Rússia produziu para enriquecer o mundo.

Redação

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