My French Film Festival faz homenagem ao Charlie Hebdo

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Henrique Torres

Até o dia 16 de fevereiro, é possível assistir a filmes franceses recentes e algumas reprises – inclusive o clássico “O sol por testemunha” de René Clément. O endereço é:

http://www.myfrenchfilmfestival.com/pt/

Os filmes têm legenda em várias línguas, inclusive português; é preciso se inscrever.

Dentre os lançamentos posso recomendar “Um lugar na Terra”, que vale principalmente pelo grande ator que é Benoît Poelvoorde e o fortíssimo “Eastern boys”, sobre um homossexual que se envolve com uma quadrilha de jovens do Leste Europeu.

Um dos destaques da mostra é o documentário “C’est dur d’être aimé par des cons” (É duro ser amado por imbecis), de Daniel Leconte – disponível com legendas apenas em inglês – que trata do julgamento da ação movida pela Mesquita de Paris contra o Charlie após a publicação das charges de Maomé em 2006.

Eu sei que muito já foi dito sobre o assunto CH, mas poucos conhecem o que realmente aconteceu na época. Acredito mesmo que muitas pessoas que têm falado sobre os acontecimentos recentes em Paris ganhariam muito em assistir a esse excelente documentário.

Entre os pontos interessante mostrados no filme, posso citar:

– As charges do jornal dinamarquês foram publicadas na França, alé do Charlie, pelo France Soir e pela revista l’Express, mas só o CH foi processado (por quê?). Aliás, o diretor do L’Express foi pressionado pelo proprietário da revista – o industrial de armamentos Marcel Dassault, a não publicar as charges para não melindrar a Arábia Saudita, com quem ele tinha altos interesses comerciais.

– As discussões na redação do CH mostram jornalistas bem humorados e até brincando com uma eventual possibilidade de ações violentas por parte de extremistas.

– Os depoimentos de algumas testemunhas são particularmente fortes, como o da filósofa Élisabeth Badinter e o de  Mohamed Sifaoui – um jornalista argelino que conhece bem o que é trabalhar sob a ameaça do fanatismo islâmico. É muito interessante, por exemplo, o que ele diz sobre o aspecto simbólico contido na bandeira da Arábia Saudita.

Mas o mais importante, a meu ver, é mostrar que, se as pessoas se sentem ofendidas em sua religião, a forma civilizada de se tratar a questão é através das instituições que as sociedades democráticas criaram para tal – no caso, a Justiça. O resto é crime e barbárie.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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