O Brasil sob fogo cerrado da velha, e cada vez mais eficaz, arma de propaganda, por Cesar Monatti

Pôster de propaganda ideológica

O Brasil sob fogo cerrado da velha, e cada vez  mais eficaz, arma de propaganda

por Cesar Monatti

Por causa das suas novas formas e da potência da internet – uma renovada plataforma de lançamentos inaugurada há pouco mais de duas décadas – a velha arma de propaganda, que teve um grande pico na II Guerra Mundial, foi subsumida por um emaranhado de novos conceitos e nomenclaturas no discurso recente sobre o tema.

As notícias falsas – fake news , os embustes criados e multiplicados pela própria redehoax,  as pós-verdades, o negacionismo e o revisionismo histórico ultraconservadores não são, nada mais, nada menos, que do que as metástases pós-modernas da conhecida e genocida arma de propaganda, cuja primeira vítima sempre foi a verdade.

São numerosos os estudos e as reflexões* sobre o poder da propaganda para mobilizar as energias das nações rumo a um suicídio coletivo, como aqueles ocorridos no século XX.

Mais do que isso, alguns dos intelectuais que se dedicaram ao assunto sustentam que a arma de propaganda é o carro-chefe dos perigos que ameaçam a consolidação de qualquer ordem político-social humanitária ou, pelo menos, humanizada.

Depois de uma maior aproximação sobre o tema, no entanto, restam poucas dúvidas de que a mais impressionante descoberta a seu respeito foi  aquela baseada na análise dos porquês da falta de resistência das pessoas à arma de propaganda.

Ao tempo da ascensão do nazismo, por exemplo, mesmo muitos daqueles que eram conhecedores das farsas e truques da propaganda e que sabiam que estavam sendo manipulados, não apenas se submetiam a ela como, inúmeras vezes, o faziam de forma entusiástica.

Muitos deles queriam, ou até mesmo necessitavam, acreditar na propaganda oficial que, na sua maior parte, era sabidamente falsa.

O grande problema intelectual que decorre daí é que os estudiosos da comunicação, ao mergulharem nas razões históricas daquele fenômeno social, foram arremetidos para o obscuro e subjetivo mundo interior da psique humana, onde imperam as vontades e as intenções.

Embora hoje em dia a corrente discursiva mais usada em livros de autoajuda, memes, palestras e vídeos motivacionais, entre outros, seja a de que a verdade é aquilo que liberta, doa a quem doer, e que a liberdade é o maior valor da humanidade, na hora H muitos de nós humanos preferimos o conforto de tudo aquilo que nos é familiar, bem como a fidelidade às tradições e à “ordem natural das coisas”.

E, dessa forma, ao longo da vida vamos construindo convicções que simbolizam aquelas “vontades e intenções” , as quais, em muitos casos, chegam a ser tornar uma espécie de fé que nos ajuda a escapar do enorme esforço de buscar a “verdade que liberta” e a nos conformarmos com a “realidade como ela é”.

Ao nos entregarmos a este desejo de que tudo no nosso mundo seja mais fácil de compreender, menos trabalhoso de tratar, que tenha mais “ordem” e menos desassossego ao encarar as novas tendências comportamentais, o gigantesco tsunami de informações que nos afoga diariamente e as injustiças e descalabros de uma sociedade de consumo, nos tornamos alvos imóveis para a mefistofélica arma de propaganda.

É possível que só haja esta linha de reflexão para que consigamos entender a esta tendência rumo ao precipício que se vive mundo afora, mas especialmente no Brasil.

Convivemos  há um bom tempo com o ressurgimento do fascismo, com a deterioração acelerada das instituições e com a desintegração completa das relações de direito e justiça social pactuadas por meio da Constituição de 88 e das leis que dela se originaram, sem que haja uma resistência maciça da população.

Desafortunadamente, pelo contrário, o que temos presenciado é a adesão de grandes multidões a esta rota suicidária do país.

É provável que estejamos diante de mais uma estrondosa e nefasta vitória, difícil de explicar no futuro, da quatrocentona arma de propaganda, ora ampliada e virtualmente potencializada ao infinito por meio da rede mundial de computadores.

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Redação

2 Comentários

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  1. É essencial toda

    É essencial toda contribuição, como a deste artigo, no sentido de revelar o poder da grande mídia e das redes sociais na manipulação  mental mundo afora. O poder das corporações financeiras é assustador, em pouco tempo devem controlar totalmente o aparelho de estado dos países ocidentais e estender esse controle sobre as mentes e corações dos povos, por meio da cada vez mais eficaz mídia de guerra, tal qual o grande irmão de Orwell.  

  2. Não irei me estender muito

    Não irei me estender muito porque tenho notado que as pessoas andam com preguiça de ler textos mais longos.

    Experiências recentes de laboratório estão revelando que o Universo é um todo interconectado, em outras palavras, a mecãnica quântica não se aplica exclusivamente ao domínio do muito pequeno, efeitos residuais desta estão presentes em comportamentos de objetos e entidades macroscópicas. Quase que certamente, nossas mentes não são exceção. Tudo indica que o fenômeno de massa nas sociedades é ligado ao estado coerente (laser, condensados de Bose-Einstein) dos bósons. Basta bombea-los, apropriadamente, (inversão de população) pela mídia: a mentira repetida reiteradamente, transmuta-se em uma verdade.

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