O mercado de filmes, por Leão Serva

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Do Observatório da Imprensa

O filme O Mercado de Notícias é um manifesto crítico do jornalismo. Não de amor e nem de ódio, mas um convite à reflexão. Se a metáfora fosse o casamento, seria uma DR (discussão sobre a relação). Teve ótima recepção nos jornais.

O diretor Jorge Furtado criou a obra como um “dispositivo de filmagem”: reúne um grupo de atores em local fechado para montar uma peça pouco conhecida do escritor britânico Ben Jonson (1572-1637), que tem o nome do filme. Começa o documentário na primeira reunião do diretor com os atores, ele explica o texto e o projeto do filme, eles fazem a primeira leitura. As cenas seguintes mostram o elenco a experimentar roupas, a evolução dos ensaios, depois a cenografia sendo preparada até uma plena execução do texto em palco montado no mesmo espaço fechado. Desde o início do filme, trechos do texto renascentista dão oportunidade de cortes para cenas de entrevistas com alguns jornalistas escolhidos pelo diretor para falar do jornalismo brasileiro contemporâneo.

A peça, escrita no início do século 17, trata criticamente a gênese do jornalismo empresarial, em que a edição das notícias passa a objetivar lucro. É um retrato do surgimento de um modelo econômico que evolui até se tornar pleno nos Estados Unidos, a partir de meados do século 19, quando jornais baixam seus preços de capa para atingir grande número de consumidores, criando um público cativo para um mercado anunciante que paga a conta dos principais custos de produção da fábrica de notícias. O jornal se torna então o primeiro meio de comunicação de massas, ao mesmo tempo que os jornalistas se proletarizam.

Os jornalistas entrevistados são escolhidos pelo diretor, arbitrariamente, entre aqueles de que ele gosta, como explica logo de início: Bob Fernandes, Cristiana Lobo, Fernando Rodrigues, Geneton Moraes Neto, Janio de Freitas, José Roberto Toledo, Leandro Fortes, Luis Nassif, Mauricio Dias, Mino Carta, Paulo Moreira Leite, Raimundo Pereira, Renata Lo Prete (em ordem alfabética). É um grupo pluralista, em que predominam apoiadores da atual administração federal.

No filme, os entrevistados comentam principalmente a conjuntura atual da mídia brasileira. Exceções são momentos como aquele em que Raimundo Pereira fala de aspectos estruturais da indústria jornalística (ele chama de “jornal burguês”), que, mesmo ressalvando não gostar “da burguesia”, entende ser a melhor representação do noticiário, porque feito por um conjunto parrudo de profissionais. A ideia é corroborada por José Roberto Toledo, para quem o processo de produção coletivo estabelece múltiplos filtros e tende a garantir maior qualidade na cobertura (embora “nem sempre”, como adverte).

Além da peça e dos depoimentos, o filme aponta casos que o diretor elege como erros ou coberturas defeituosas da imprensa brasileira, sobre os quais ele faz como que pequenas reportagens. Furtado se revela um repórter convincente.

Narração em detalhes

Duas histórias são mais minuciosas. A primeira é o caso do objeto que atingiu a cabeça do candidato José Serra em um evento de campanha no Rio de Janeiro em 2010. Na época, vários órgãos de imprensa noticiaram que ele havia sido vítima de agressão durante um confronto com militantes petistas que procuravam impedir a caminhada do candidato e apoiadores por uma área comercial de Campo Grande, no Rio.

Serra procurou atendimento médico à noite; submetido a uma ressonância magnética, repousou e deixou a clínica sem nenhuma sequela. No dia seguinte, em entrevista durante evento oficial da Presidência, o presidente Lula acusou o oposicionista de ter sido atingido apenas por uma bolinha de papel e forjado um ferimento “como o goleiro chileno Rojas”. Desde então, as duas versões convivem mais ou menos conforme o alinhamento político de quem as dissemina, mas uma pesquisa na internet revela que a versão de Lula se tornou dominante.

Furtado vai fundo para destrinchar o caso porque, segundo ele, a imprensa não analisou o episódio. Munido de imagens produzidas por cinco câmeras de vídeo localizadas ao redor de José Serra, em ângulos diferentes (todas disponíveis na internet, afirma na narração), faz uma excelente reconstrução da cena de uma bolinha atingindo levemente a cabeça do candidato.

Trata-se de uma reportagem convincente. O espectador é levado a crer que a versão divulgada pelo presidente Lula, na solenidade oficial no dia seguinte ao episódio, é verossímil. O conjunto da apuração, no entanto, serve para mostrar como o filme comete um defeito comum na imprensa. Quem olha a árvore não consegue ver o bosque, diz o famoso adágio alemão citado por Ortega y Gasset em suas Meditações do Quixote (Livro Ibero-Americano, 1967). Jorge Furtado olhou tão detidamente a bolinha, por tantos ângulos, que não viu nem deixa seus espectadores verem que ao redor daquela cena, e principalmente nos minutos seguintes, à medida que o candidato deixa a marquise para fazer a caminhada que os oponentes querem impedir, ocorre uma batalha campal. Pedras e outros objetos voaram em torno da comitiva, uma repórter foi ferida, lojas fecharam as portas. Alguns minutos depois uma coisa mais pesada atingiu o candidato, que entra em uma van e espera a tempestade de objetos passar. As cenas também estão na internet. Mas nada disso aparece no filme. Furtado focou a árvore e omitiu o bosque.

Em outra reportagem, o filme narra um episódio que, visto com a distância de dez anos, parece a um tempo hilariante (os jornalistas entrevistados gargalham ao ouvirem a história) e grave por não ter sido corrigido à época. Trata-se de uma grande chamada de primeira página da Folha de S.Paulo em 2004 que dizia que um quadro de Pablo Picasso decorava um escritório da burocracia do INSS, em Brasília.

Segundo narra o diretor, logo ao ver a reportagem ele se lembrou ser muito semelhante ao quadro Mulher de Branco, que está exposto no museu Guggenheim, em Nova York. Furtado analisa fotos do original e da peça no INSS para concluir com certeza que se trata de uma reprodução. Alertou o ombudsman do jornal. Nada aconteceu.

O cineasta volta ao tema, vai ao museu de Nova York, à sede do INSS, prova sem sombra de dúvida que emoldurado na repartição de Brasília está um simples pôster. Os jornalistas entrevistados se divertem com a “barriga”. Um promete que, depois do filme pronto, vai investigar por quanto o INSS aceitou a reprodução barata. Alguém diz que a reportagem tem um preconceito implícito (o governo de um operário não sabe cuidar de um Picasso).

Lendo a reportagem da Folha de 7/3/2004, vê-se que não há nenhuma ironia, nem mesmo o governo Lula é apontado como responsável por qualquer coisa relacionada à obra. Tampouco há referência a prejuízos ao erário por incorporar um pôster como sendo obra original de Pablo Picasso. A reportagem é induzida a erro por um historiador da arte e a repórter, sem a mesma formação em artes plásticas que Furtado, engole a história. O filme termina mantendo abertas várias das dúvidas que o cineasta acusa a imprensa de ter deixado antes: quem confundiu o pôster com um original de Picasso, qual o valor atribuído ao papel impresso no tombo do governo? Depois de revelado o engano, o que seria feito com a reprodução? Nada, a história termina sem fim.

Erro grosseiro

Há uma terceira narração de um erro grosseiro da imprensa, que até hoje passa como o maior da história: o caso da Escola de Base, em que uma acusação falsa de abuso sexual de crianças provocou uma onda histérica, a destruição do prédio de uma escola e da reputação de seus proprietários. Não há uma reportagem mais detida sobre o episódio, apenas a reprodução de artigos da própria imprensa.

Furtado tampouco explora algo que poderia ser a chave para uma melhor compreensão do jornalismo: um grande jornal paulistano jamais embarcou na história errada. Uma análise de como o Diário Popular percebeu desde o primeiro dia que tudo cheirava a equívoco poderia ensinar muito sobre comportamentos errados e certos da imprensa. Mas forçaria também a admissão de que o erro do resto da imprensa não foi por razões essenciais à atividade dos jornais mas por questões episódicas. E de que o erro não ocorreu por alguma decorrência de comportamento classista da “imprensa burguesa”, pois tanto jornais que erraram quanto o que acertou tinham os mesmos perfis sociais, de donos e empregados.

Olhar crítico

Das muitas declarações disparadas pelos entrevistados, duas de Paulo Moreira Leite chamam atenção pela aparente radicalidade: primeiro, ele alega que a imprensa brasileira tem uma visão econômica extremamente conservadora, para quem mesmo o estado de bem-estar social é inaceitável; depois, diz que a discussão sobre a influência da publicidade oficial para sustentar a imprensa chapa branca só foi lançada pela imprensa conservadora depois que Lula foi eleito presidente e aumentou investimentos em veículos favoráveis ao governo.

As duas opiniões não resistem a uma pesquisa simples na internet. Os jornais brasileiros não defendem ideias ultraliberais como as do citado austríaco Friederich Hayek; ao contrário, cobram aprimoramentos em benefícios sociais e frequentemente apoiam o papel do Estado como indutor e coordenador de políticas econômicas. Quanto à influência da publicidade estatal sobre a imprensa, foi tema de campanha publicitária da Folha de S.Paulo (“Rabo preso”) já nos anos 1980, logo após a redemocratização. O mesmo discurso se acentuou quando o presidente Collor (1990-1992) cortou a publicidade do governo federal no jornal por sua cobertura crítica. Naquele momento, a Folha se vangloriou de poder manter sua linha editorial sem preocupação com a retaliação oficial porque os anúncios públicos correspondiam a menos de 5% de suas receitas (os federais eram uma fração).

Um olhar crítico não pode deixar de mencionar que vários dos entrevistados trabalham para órgãos de imprensa dependentes de anúncios públicos. Não lhes foi feita a pergunta imperiosa: existe relação entre suas opiniões favoráveis ao governo federal e a publicidade oficial nos veículos em que trabalham?

Secos e molhados

O roteiro deixa passar duas oportunidades interessantes de aprofundamento de temas levantados no filme por declarações do experiente jornalista Luis Nassif. A primeira é quando ele alega que o sensacionalismo foi introduzido no Brasil, com um modelo americano, pela Veja, nos anos 1960. O fundador da revista, Mino Carta, é outro entrevistado. Seria proveitoso confrontar a visão dos dois sobre o desenvolvimento da revista e da imprensa até chegar ao que criticam hoje. Há uma extensa bibliografia sobre o assunto no país, que começa no império. O Sensacionalismo (1931), de Carlos Sussekind de Mendonça, cita ensaio de 1888. Nassif tem uma longa história de embate com a semanal da editora Abril; como no adágio alemão, obcecado pela árvore, não viu a antiga floresta.

Mas talvez o momento crítico mais intenso que o filme deixa passar seja aquele em que o mesmo Nassif afirma que a cobertura do impeachment do presidente Fernando Collor foi marcada pelo “pior jornalismo até então”, cheia de equívocos. A declaração significa que a cobertura que levou à queda do primeiro presidente eleito do país depois da ditadura militar foi baseada em defeitos? Se isso é verdade, é necessário refazer a historiografia do período, pois a opinião pública brasileira desconhece isso. Se houve realmente uma sucessão de equívocos, o filme deveria dar mais espaço ao jornalista para explicar o que o espectador, majoritariamente, não sabe: quais foram os erros naquela cobertura?

Além de cobrar mais profundidade do entrevistado, nesse episódio o filme poderia ter “confrontado versões”, o que Mino Carta em outro momento diz ser tarefa essencial do jornalismo. A ideia de que Collor foi vítima de mau jornalismo se choca com o que é dito por vários entrevistados sobre a cobertura do governo Lula. Afinal, por que a imprensa foi crítica a Collor se ele não era barbudo (conforme a explicação de Mino Carta); se ele tinha um modelo econômico liberal (Paulo Moreira Leite diz que a imprensa critica o governo Lula por ser economicamente ultraconservadora); se Collor era um membro da elite (Bob Fernandes diz que os jornais atacam os petistas porque eles não são “do clube”); mais do que isso, se ele era dono de um conglomerado jornalístico “burguês” (para usar expressão de Raimundo Pereira), sócio de Roberto Marinho (o maior magnata da imprensa à época) e não havia qualquer diferença social que pudesse justificar uma “luta de classes” (que Janio de Freitas vê no embate entre a grande imprensa e Lula).

O filme não faz o confronto de versões e de memória. Se fizesse, diretor e entrevistados talvez tivessem que admitir que o jornalismo brasileiro apenas cumpre o destino prescrito por Millôr Fernandes, citado no filme: “Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

***

Leão Serva é jornalista
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

6 Comentários

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  1. Sobre árvores e florestas, por Jorge Furtado

     

    Agradeço ao jornalista Leão Serva a resenha sobre o meu filme O Mercado de Notícias, já publicada no Observatório de Imprensa. Informo que o filme está disponível em DVD e também pode ser visto no NOW, para assinantes da NET.

    Comento algumas das observações feitas pelo artigo sobre dois casos tratados no filme.

    Sobre o “caso da bolinha de papel” (que atingiu o candidato José Serra na campanha de 2006), o jornalista afirma que “uma coisa mais pesada atingiu o candidato, que entra em uma van e espera a tempestade de objetos passar. As cenas também estão na internet. Mas nada disso aparece no filme. Furtado focou a árvore e omitiu o bosque”.

    Nunca vi e, que eu saiba, ninguém nunca viu – e afirmo que a sua imagem não está na internet – a tal coisa “mais pesada” que teria atingido o candidato José Serra. Muitas câmeras filmaram todo o trajeto e nenhuma mostrou objeto algum além da bolinha de papel atingindo o candidato. Contudo, o meu filme não nega a possibilidade de que o candidato tenha sido realmente agredido, depois de ter sido atingido pela bolinha de papel.

    O que o filme mostra – e a isso o jornalista não refere em seu artigo – é que a bolinha de papel que atingiu José Serra foi atirada, ao que tudo indica pelas imagens disponíveis, por um de seus próprios seguranças, um membro da sua própria equipe. O fato inquestionável, documentado, a verdade factual, é a bolinha de papel. O tal objeto pesado, que supostamente atingiu o candidato mas ninguém viu e nenhuma câmera registrou, é a árvore errada, para qual muitos jornalistas apontaram, por equívoco ou estratégia eleitoral.

    Sobre o caso do “Picasso do INSS”, o jornalista afirma que “lendo a reportagem da Folhade 7/3/2004, vê-se que não há nenhuma ironia, nem mesmo o governo Lula é apontado como responsável por qualquer coisa relacionada à obra”.

    Sugiro ao jornalista que leia – e veja – a reportagem com mais atenção. A capa da Folha, em sua edição de domingo, mostra a foto da supostamente valiosa obra de Picasso ao lado da foto de Lula. A chamada da contracapa é “Decoração burocrata” e repete a imagem de Lula na parede ao lado do suposto quadro de Picasso. E o texto da matéria informa: “Pendurada desde o final do ano passado numa das salas da diretoria do instituto próxima de uma foto do presidente Lula da Silva, a mulher de Picasso ainda aguarda um destino melhor”. O sentido da matéria é mais do que evidente, é gritante: o governo (Lula) ignora o valor de uma verdadeira obra de arte e assim a coloca em risco.

    O jornalista afirma que “tampouco há referência [na matéria da Folha] a prejuízos ao erário por incorporar um pôster como sendo obra original de Pablo Picasso”. O raciocínio aqui, me escapa. A matéria da Folha afirma que se trata de uma obra valiosa, menosprezada e maltratada pelo governo Lula. Quem disse que se tratava de um pôster sem valor fui eu, não a Folha.

    Sobre a afirmação de que “o filme termina mantendo abertas várias das dúvidas que o cineasta acusa a imprensa de ter deixado antes”, não é verdade. O filme termina com dúvidas inteiramente novas, nenhuma delas levantada pela imprensa, todas levantadas por mim. Quem confundiu o pôster com um original de Picasso? Qual o valor atribuído ao papel impresso no tombo do governo? Depois de revelado o engano – por mim, não pela imprensa –, o que será feito com a reprodução?

    Dúvidas, aliás, que continuam sem resposta.

    x

    O filme, que tem apenas uma hora e meia, não entra em detalhes sobre o caso da Escola Base, que é citado como exemplo extremo – bastante conhecido – dos estragos que o mau jornalismo pode provocar na vida das pessoas.

     

    Sobre o papel da imprensa no caso Collor, o jornalista Leão Serva, num exercício de memória seletiva, esquece que Fernando Collor de Mello foi uma criação da imprensa, um invenção de última hora que ganhou dezenas de reportagens favoráveis na televisão e a capa de todos os jornais e revistas (“O caçador de marajás”), uma invenção tirada da cartola da elite exatamente para derrotar Lula, que liderava todas as pesquisas de opinião. A imprensa abandona Collor quando percebe que sua criação era incontrolável. 

     

    A antiga imprensa brasileira só segue a máxima do Millôr (“Imprensa é oposição”) quando o governo não obedece inteiramente os desejos da elite. No mais das vezes – da ditadura militar, nos governos neoliberais – a imprensa brasileira sempre foi muito governista, com honrosas exceções.

    Jorge Furtado

    24.12.14

     

    Todas as matérias em que o filme se baseou podem ser vistas aqui:

    >> http://www.omercadodenoticias.com.br/

    >> http://www.omercadodenoticias.com.br/casos-jornalisticos/

    >> http://www.omercadodenoticias.com.br/wp-content/uploads/casos-jornalisticos/picasso-do-inss/picassoinss_01.pdf

    >> http://www.omercadodenoticias.com.br/wp-content/uploads/casos-jornalisticos/picasso-do-inss/picassoinss_02.pdf

     

     

    http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed829_sobre_derrapadas_da_imprensa

  2. Relaciono a seguir três links de posts vinculados a este

     

    Luis Nassif,

    Gostei da resenha de Leão Serva para o documentário de Jorge Furtado, “O mercado de notícias”, principalmente porque ela permite visualizar outras percepções para a mesma realidade. Faço a ressalva, entretanto, que elogio a resenha sem entrar no mérito se Leão Serva foi factual nas descrições dos acontecimentos.

    Elaborei este comentário mais para deixar os links a três posts que estão bem relacionados com este post “O mercado de filmes, por Leão Serva” de quarta-feira, 24/12/2014 às 15:00, e consistindo da resenha do documentário de autoria de Jorge Furtado intitulado “O mercado de notícias” e que Leão Serva publicou no Observatório da Imprensa. Antes lembro que a resenha “O mercado de filmes” de Leão Serva fora publicada no site do Observatório da Imprensa na edição 828 de terça-feira, 09/12/2014. Sendo que lá no Observatório da Imprensa há a informação de que o texto da resenha de Leão Serva fora tirado da Revista de Jornalismo ESPM nº 11 (outubro, novembro e dezembro de 2014).

    Primeiro faço o link para o post “Jorge Furtado responde a resenha “O Mercado de Filmes”” de quinta-feira, 25/12/2014 às 15:00, e que consiste na resposta que Jorge Furtado dá para esta resenha de Leão Serva. É de observar que o post “Jorge Furtado responde a resenha “O Mercado de Filmes”” originou do comentário que Jorge Furtado encaminhou quarta-feira, 24/12/2014 às 17:21, aqui para este post “O mercado de filmes, por Leão Serva”. No comentário, o Jorge Furtado contesta a visão do outro lado apresentada por Leão Serva. O endereço do post “Jorge Furtado responde a resenha “O Mercado de Filmes”” é:

    https://jornalggn.com.br/noticia/jorge-furtado-responde-a-resenha-o-mercado-de-filmes

    Faço um segundo link para o post “O Mercado de Notícias, por Marcelo Coelho” de sexta-feira, 22/08/2014 às 17:56, que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-mercado-de-noticias-por-marcelo-coelho

    Gosto dos textos de Marcelo Coelho e junto ao post “O Mercado de Notícias, por Marcelo Coelho”, eu enviei segunda-feira, 25/08/2014 às 22:36, para Lionel Rupaud, três dias após o comentário dele, enviado sexta-feira, 22/08/2014 às 19:51, um longo comentário que intitulei “Talvez devesse fazer parte do documentário o que diz a AP 470”, com um tom elogioso a Marcelo Coelho, de certo modo em contraponto a crítica que Lionel Rupaud fizera. Também gosto dos comentários de Lionel Rupaud e a minha intenção foi apontar para um grande equívoco cometido pela nossa mídia tradicional em esclarecer a população sobre o teor da decisão do STF no tocante a Ação Penal 470 e enfatizar que talvez Jorge Furtado tenha passado batido em uma oportunidade de ouro para mostrar como a mídia dera um tratamento ruim ao julgamento da Ação Penal 470. Reproduzi o meu comentário para Lionel Rupaud em um comentário que eu enviei para Jorge Furtado junto ao post “Jorge Furtado responde a resenha “O mercado de Filmes””.

    E vale a pena deixar também o link para o post “O jornalismo brasileiro no documentário de Jorge Furtado” de domingo, 06/07/2014 às 12:41, aqui no seu blog e que pode ser visto no seguinte endereço:

    https://jornalggn.com.br/noticia/o-jornalismo-brasileiro-no-documentario-de-jorge-furtado

    O grande interesse deste post “O jornalismo brasileiro no documentário de Jorge Furtado” reside em quatro vídeos que são disponibilizados com a entrevista completa para compor o documentário de autoria de Jorge Furtado. Os quatro vídeos foram realizados com Jânio de Freitas, com Renata Lo Prete, com José Roberto de Toledo e com Luis Nassif. Parece que existia um quinto vídeo, mas ele teria sido retirado da internet.

    Clever Mendes de Oliveira

    BH, 28/12/2014

  3. O post “Sobre árvores e florestas, por Jorge Furtado”

    Prezado Jorge,

    só hoje ao pesquisar outra coisa no Google vi uma indicação de que uma cópia de minha resenha de seu filme estava publicada neste site. Por isso não te escrevi antes. O artigo foi o texto de abertura de minha coluna de dezembro na Revista ESPM de Jornalismo, sempre com várias indicações de livros, filmes e outros produtos culturais interessantes para jornalistas. O site Observatório da Imprensa costuma reproduzir alguns textos da revista e daí parecer texto daquele site.

    Quanto aos pontos que você levanta:

    1)     sobre o segundo objeto que atingiu o candidato Serra em 2010, no episódio da “bolinha de papel”, diferentemente do que você disse, a cena está sim na internet, mostrando que mais de um objeto atingiu o candidato enquanto ocorriam agressões à caminhada (o que é também fundamental para entender o episódio). O vídeo mais didático desse outro conjunto de informações omitido em seu filme é este https://www.youtube.com/watch?v=27eakzig9BQ, que o “Jornal Nacional” apresentou no dia seguinte, reconstituindo o episódio. Se não é possível ver exatamente o objeto, dá para entender que ele não é a bolinha de papel que você dissecou e nem mesmo uma outra bolinha leve. Pra fazer meu artigo, me baseei também em relatos de outras pessoas que estavam lá; a sequência descrita pela reportagem da Globo coincide com o que disseram.

    2)     No seu filme, vc começa a descrever a cena, ao mostrar a mão morena e a camisa de quem joga a bolinha, afirmando que a pessoa parece ser um membro da equipe de Serra; depois de um corte para outro take, passa a tratá-lo como segurança de Serra. Mas em nenhum momento divide com o espectador como chegou a essa certeza (como evoluiu do “parece” para o “é”). Eu não tenho certeza mas tenho razões para crer que ele não era da equipe de Serra. Na campanha de 2010, segundo apurei quando escrevia a resenha, o candidato tucano decidiu não usar a equipe da Polícia Federal a que teria direito. Por isso, seus seguranças eram membros de uma equipe bem conhecida, que já o acompanhava antes da campanha. E aquele cara não parece com um deles.

    3)     Sobre o caso do quadro do INSS: leio e releio a reportagem da Folha e não vejo preconceito contra Lula. Por isso, inclusive, publiquei o link da página original do jornal para que o leitor percebesse que se trata de um exagero seu. A única referência ao presidente é seca, está no sétimo parágrafo, e diz apenas que “a mulher de Picasso” está “próxima de uma fotografia do presidente Luiz Inacio Lula da Silva”. Nada sobre sua administração, menos ainda sobre o trato que dá a obras de arte. A fotografia com o retrato oficial do presidente conota “repartição pública” e nada mais. Também não vejo preconceito nesta reportagem da IstoÉ, de 1999, sobre o mesmo conjunto de obras herdadas pelo INSS, com o mesmo tom e feita quatro anos antes de Lula tomar posse: http://www.istoe.com.br/reportagens/28296_O+MISTERIO+DE+SANTA+ROSA+

    4)     Insisto que perguntas jornalísticas fundamentais geradas sobre o caso não são respondidas. E se o filme aponta que não o foram antes por incompetência e preconceito, mais uma razão para que um repórter competente e sem preconceitos devesse responder. Exatamente porque você levantou que a obra é um pôster, tinha que apontar por quanto foi incorporada ao patrimônio da União (isso é que pode tornar o caso mais importante). Você deveria dar fim às dúvidas que despertou, em vez de repeti-las em um mero fecho retórico de seu texto: “Dúvidas, aliás, que continuam sem resposta”. Ora, vai à luta, apure as respostas!

    5)     Quanto a Collor, não tenho memória seletiva, nem amnésia e nem culpa no episódio. Eu era membro da direção de Redação do único grande jornal que não ajudou a promover Collor e por isso foi perseguido por ele: foi invadido pela Polícia Federal logo após a posse; teve cortadas as verbas de publicidade (isso só fez bem ao jornal, diga-se) e vários jornalistas, eu inclusive, processados pelo governo. Fui responsável pela revelação de que Collor pagou à ex-mulher de Lula, Mirian Cordeiro, para dar aquele depoimento abjeto às vésperas da eleição (reportagem publicada na edição do dia seguinte). Por isso não esqueço Collor e tenho nojo de vê-lo agora bajulado por Lula e Dilma.

    6)     Isto esclarecido, chamo atenção para a indigência de sua explicação (“A imprensa abandona Collor quando percebe que sua criação era incontrolável”) na resposta a minha observação sobre a semelhança entre o que aconteceu na cobertura do governo Collor e o que seus entrevistados apontam na cobertura do governo Lula. Você pode compor uma explicação melhor. Esta não para de pé, desde logo porque a imprensa abandonou Collor quando ele já estava controlado, fraco e isolado. Quando ele era o “incontrolável”, a Folha era uma voz solitária no deserto jornalístico (como no campo político, o PT). O que apontei é uma lacuna óbvia do filme, que embora possa ser fruto de esquecimento ou pressa, é reveladora também de que o diretor está tão obcecado com o criticismo da imprensa a Lula que não é capaz de olhar para trás e ver que ele existiu também com Collor (que não era barbudo, que era burguês, que era do clube de proprietários de mídia e não praticava a luta de classes). A contraposição que cobrei é uma imposição do bom jornalismo, como sugere Mino Carta no filme.

    Fora isso, acho o filme excelente, uma grande obra, a peça é uma descoberta deliciosa, você dá uma aula de direção, montagem e integração entre som e imagem. Parabéns,

    Abraço

    Leão

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