O que o The Guardian disse sobre as polêmicas do “Vai Malandra”

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Dom Phillips

No The Guardian

O vídeo do último hit da sensação pop brasileira Anitta abre com um close-up de suas nádegas sashaying [desfilando] antes de tecer pelas ruas de uma favela do Rio e, eventualmente, mostrar a estrela dançando em um pequeno biquíni em uma laje inundada.

Desde a sua divulgação na segunda-feira, Vai Malandra (Go Bad Girl) foi assistida mais de 30 milhões de vezes no YouTube – e se tornou a primeira música em português a entrar no Top 20 do Spotify Global.

Mas o sucesso também desencadeou um debate feroz no Brasil, expondo as linhas de falhas sociais do país, que lidam com questões de desigualdade, racismo, abuso sexista e apropriação cultural.

Ativistas negros acusaram Anitta de se apropriar de estilos negros como hairbraids. Outros a elogiaram por filmar o vídeo na favela de Vidigal e por celebrar a sexualidade de mulheres negras e mulheres de áreas de baixa renda como essas.

E, enquanto a cantora ganhou aplausos de algumas feministas para os tiros inflexíveis do video da celulite, ela enfrentou ataques contra o fato de Terry Richardson ter dirigido o vídeo – mesmo que o fotógrafo de moda tenha sido recentemente riscado na lista da Vogue após repetidas alegações de comportamento sexual impróprio.

Juliana Borges, pesquisadora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, escreveu que Anitta não deveria ter contratado Richardson na época em que “as mulheres estão levantando a voz contra abusos, assédio e violência sexista em indústrias culturais”.

Em outubro, Richardson foi abandonado pela Condé Nast – editores da GQ, Vogue e Vanity Fair – e pelas marcas de moda Bulgari e Valentino, após acusações de abuso sexual contra Harvey Weinstein e outras figuras culturais masculinas poderosas que levaram a campanha mundial #MeToo para denunciar abusos.

“O mínimo que devemos fazer é garantir que os abusadores sejam condenados ao ostracismo”, escreveu Borges para o site da revista feminina Claudia.

Em uma declaração, Anitta – que ganhou o louvor por suas repostas articuladas a críticas sexistas – disse que havia tomado conselhos legais depois de descobrir as acusações contra Richardson.

“Nós estudamos todas as possibilidades”, disse ela. “Este não é o trabalho de apenas uma pessoa”.

O vídeo foi filmado em agosto, mas Richardson enfrentou acusações de abuso por mais de uma década e foi denunciado desde 2013 por Caryn Franklin, professora de diversidade de moda na Kingston School of Art do Reino Unido. Ele repetidamente negou as acusações.

Em sua declaração, Anitta disse que decidiu cumprir suas promessas às pessoas de Vidigal. “Como mulher, insisto em reafirmar que repudio qualquer tipo de assédio e violência contra nós”, disse ela.

Brasileiros ficaram perturbados pelas imagens sexuais usadas no clipe, durante as quais a Anitta, em um ponto, usa um biquíni feito de fita isolante – uma moda na favela projetada para deixar as linhas de bronzeamento perfeitas.

Muitos viram o uso do estilo favela impetuoso do vídeo como uma celebração dessas comunidades marginalizadas e de baixa renda – e observou que a Anitta cresceu em um dos bairros mais pobres da cidade.

Mas outros disseram que a estrela estava apenas se vestindo.

“Anitta usa o negro quando lhe convém”, escreveu Stephanie Ribeiro, uma arquiteta e ativista, em uma coluna para Marie Claire.

A cantora – que normalmente se desloca de cabelos ondulado – foi acusada de apropriação cultural no início deste ano depois de ter compartilhado fotos de si mesma bronzeada e vestindo tranças em Salvador, a cidade mais africana do país.

“Ninguém é totalmente branco no Brasil”, disse a estrela ao jornal Folha de S. Paulo. Seu pai e sua família são negros, ela já disse.

Escrevendo no site Revistacult, a historiadora do Rio Ivana Bentes argumentou que as estrelas femininas de Baile Funk – o estilo de rap sexualmente explícito nascido no Rio, que Anitta começou a tocar e agora voltou com essa música – estavam alinhadas com o feminismo abertamente sexual propagado por movimentos de protesto como SlutWalks.

“O culto vivo de Anitta com sua celulite, sem photoshop, é um assunto e não um objeto”, escreveu Bentes.

“Anitta é parte de um surgimento de um feminismo feminino e viril! A masculinidade e a virilidade podem, sim, ser apropriadas e transformadas pelas mulheres.”

Bruna Aguiar, estudante universitária e ativista da favela Acari do Rio, elogiou a estrela por mostrar ao mundo a cultura da favela, que deu origem ao funk.

“A favela é muito rica em música, em cores, na vida. É bom que o mundo conheça isso – que sabe que não estamos apenas corpos sangrentos, luta armada e lágrimas”, disse ela.

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

9 Comentários

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  1. #

    A Globo criou Anita, a Globo promoveu Anita, a Globo investiu em Anita, a Globo apoia e promove músicas emburrecedoras, a Globo apoia e promove a promiscuidade e a decadência cultual brasileira.

    Viva a Globo!! Sem ela Anita não existiria.

  2. O que interessa o que o Guardian escreveu sobre a Anita?

    De tempos em tempos aparece algumas besteiras aqui no GGN que não sei quem as coloca.

    Qual o interesse que há sobre a opinião de ingleses, norte-americanos ou qualquer gringo sobre a nossa música e as bundas nacionais, podem ter a opinião que eles querem mas é algo de extrema irrelavância para a cultura popular nacional, só serviu para uma coisa, fui olhar no Youtube o tal do vídeo, e o que vi? Uma cantora popular, trajada com vestimentos condizentes com a cultura carioca cantando um a música que não gostei (mas o problema é meu, e não interessa aos outros), e mostrando cenas típicas dos morros cariocas, comentar além disto é bobagem.

  3. Excelente post

    Sim, , creio que a opinião dos americanos ou ingleses importa sim, na medida que existem milhões de brasileiros vivendo nos EUA, outras tantas centenas de milhares no Reino Unido, e para fugir do desemprego galopante no Brasil, muitos outros vão pra lá todos os dias.

    Este tipo de comportamento de vídeos, não são bem vistos nos países de primeiro mundo. Provavelmente eles curtem nudes sim, mas tudo meio escondido, bem discreto. Isto reforça a imagem de ” país exótico ” que o Brasil tem, embora muita gente aqui não ande semi nua por aí, e nem todos aqui moram em favelas. Um vídeo assim ajuda a estereotipar a imagem do Brasil, como se o país se resumisse a favelas e mulheres nuas.

    Mostrar um Brasil cheio de favelas, em clipes, filmes e novelas, isto atrapalha em muito, nosso turismo, e em parte explica o porque de termos um número baixíssimo de turistas vindo para cá, por ano.

    Isto também em parte explica o porque de termos tantos países nos dificultando visto de entrada. Um brasileiro para conseguir um green card nos EUA paga mais de meio milhão de dólares, já um europeu paga 100 mil dólares por um green card.

    Faz sentido que a mídia tente exaltar  este lado do Brasil seja em clipes, filmes, novelas, pois a mídia odeia nosso país e tudo faz para denigrí-lo perante todos, inclusive no exterior. A mídia sabe que quanto mais difícil for para um brasileiro imigrar, mais amarrados ficaremos a este país, menos chances de sairmos para ganhar mais ( já imaginou se dezenas de milhões de brasileiros conseguissem imigrar, ganhando mais lá fora? A nossa elite tem horror a esta idéia. querem mesmo que fiquemos aqui ganhando pouco ) .

    Quanto mais a mídia queimar a ficha de nosso país, de nosso povo, mais vira-latas seremos, assim pensam os barões da mídia. Para uma mídia e uma ” elite ” que odeia intensamente o povo brasileiro, tudo isto faz sentido.

    Isto nada tem a ver com machismo, ou feminismo, é um jogo de poder. Tudo o que a mídia exibe, ou incentiva, tem algum veneno ou alguma segunda intenção de prejudicar o nosso país.

    Do mesmo jeito que parei de assistir TV, há anos, não assisto vídeos da Anita, só pra fazer desfeita pra nossa mídia que patrocina isto, e derrubar a audiência deles.

     

  4. A bunda de Anitta

    Fala sério aeh!

    Quem é Anitta?

    Sério, só fiquei sabendo dessa moça aqui no GGN.

    Um esforço tremendo para ultrapassar o Brasil das bundas.

    A juda aeh!

  5. A Annita hoje ocupa o maior

    A Annita hoje ocupa o maior destaque na musica pop brasileira, não saber que ela existe é um caso de alienação severa, não a acompanho. nem vejo seus clipes mas posso falar algumas coisas…

    Ela foi fabricada pela Globo, sim!

    Seu estilo de música é descartável, sim!

    De qualidade duvidosa, sim!

    Mas o aritigo aqui reforça a percepção que ela está conseguindo espaço além do Brasil, no mundo, e convenhamos, o retrato do Brasil que ela mostra nos clipes não é mentiroso. Uma característica do Brasil e do brasileiro como vários estilos musicais.

     

     

  6. A Annita hoje ocupa o maior

    A Annita hoje ocupa o maior destaque na musica pop brasileira, não saber que ela existe é um caso de alienação severa, não a acompanho. nem vejo seus clipes mas posso falar algumas coisas…

    Ela foi fabricada pela Globo, sim!

    Seu estilo de música é descartável, sim!

    De qualidade duvidosa, sim!

    Mas o aritigo aqui reforça a percepção que ela está conseguindo espaço além do Brasil, no mundo, e convenhamos, o retrato do Brasil que ela mostra nos clipes não é mentiroso. Uma característica do Brasil e do brasileiro como vários estilos musicais.

     

     

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